A falta de qualidade e segurança dos produtos europeus começam a gerar questionamentos sobre a política agrícola da Europa. Formulada na década de 50, a política destina mais de US$ 125 bilhões por ano em subsídios diretos ao campo e à exportação de alimentos.
Para o professor da Esalq/USP, Marcos Sawaya Jank, também professor da Universidade Georgetown, em Washington (EUA), o primeiro indício de que o consumidor passará a ser o foco da política agrícola européia daqui em diante foi a nomeação de Renate Künast para o Ministério da Agricultura da Alemanha, em janeiro deste ano. Em recentes declarações, a ministra alemã tem se mostrado contrária ao atual modelo de concessão de subsídios aos agricultores.
O jornal britânico “The Independent” também deixa transparecer sua insatisfação com relação aos subsídios agrícolas. Segundo o editorial do jornal, o Departamento de Indústria e Comércio deveria passar a englobar também o Ministério da Agricultura. O alastramento da doença levou o primeiro-ministro Tony Blair a adiar as eleições, inicialmente marcadas para o dia 3 de maio. Elas devem acontecer em junho.
Para o pesquisador Luiz Antonio Pinazza, da Fundação Getúlio Vargas, os métodos de agricultura industrial, com produção em larga escala a baixos custos, serão muito questionados no futuro.
Segundo ele, esse modelo de agricultura deu uma boa resposta à escassez de alimentos, mas outros elementos devem entrar em pauta, como a qualidade alimentar.
A guerra contra os subsídios concedidos pela Europa já se estende há mais de duas décadas nos foros internacionais, como a OMC (Organização Mundial do Comércio) e seus antecessores.
As queixas partem de países como o Brasil, cujos produtos agrícolas têm grande importância em sua balança comercial. Diferentemente de nações mais ricas, como os EUA, esses países não têm como conceder subsídios à altura e tornar, assim, seus produtos agrícolas competitivos.
(Por Fábio Eduardo Murakawa, para Agrofolha, 03/04/01)