Uma série de políticas de exportação proibitivas instauradas anteriormente foram removidas pelo governo argentino recém-eleito no final de 2015. No entanto, devido a uma série de fatores, a indústria de carne bovina liberalizada não conseguiu voltar com toda a força que já teve, conforme mostram dados de 2016.
A Argentina é um grande produtor e consumidor de carne bovina. Com cerca de 53 milhões de cabeças de gado (USDA FAS), o país tem o 6º maior rebanho do mundo – atrás de Índia, Brasil, China, EUA e UE. No entanto, o mercado interno consome a grande maioria da carne bovina argentina, com o consumo anual em 40,4kg per capita de peso no varejo (estimativa da OCDE para 2015) – perdendo somente para o Uruguai.
Conforme descrito pelo relatório da ABARES, “South America: An emerging competitor for Australia’s beef industry (2016)”, o governo argentino aplicou anteriormente impostos de exportação e restrições quantitativas às exportações de carne bovina – com o objetivo de manter a carne acessível para os consumidores argentinos. Além disso, o peso argentino também foi apoiado artificialmente, atenuando a atratividade do mercado de exportação. Embora esporádica, a Argentina foi um player significativo no mercado global de carne bovina no início dos anos 2000. Em 2004 e 2005, a Argentina foi o terceiro maior exportador do mundo, atrás do Brasil e da Austrália; em 2016, esta posição tinha caído para o décimo segundo lugar.
Embora as políticas mencionadas tenham sido removidas, as exportações não conseguiram responder significativamente. Em 2016, as exportações subiram em 17%, para 154 mil toneladas, mas permanecem bem abaixo dos picos da década anterior, conforme ilustrado abaixo.
Uma série de razões limitou o crescimento das exportações. Em primeiro lugar, apesar da desvalorização da moeda, o gado argentino ainda é caro para os padrões globais e especialmente em comparação com seus vizinhos sul-americanos. O indicador de novilho pesado terminado argentino ficou em média em 180 centavos de dólar por quilo de peso vivo há duas semanas (IPCVA), 17%, 8% e 9% acima de indicadores semelhantes no Brasil, Paraguai e Uruguai, respectivamente.
Além disso, conforme destacado no relatório do FAS/USDA GAIN (Setembro de 2016), o crescimento da produção a curto prazo foi limitado pela intenção de reconstruir o rebanho; a rentabilidade positiva da cria e da terminação está indicando crescimento da produção primária. Além disso, o mercado interno, de 41 milhões de pessoas, ainda permanece atraente para muitos processadores e tem sido o foco principal por muitos anos. Finalmente, alguns mercados de exportação de carne bovina, como o Japão, ainda permanecem fechados à Argentina devido a medidas sanitárias – em 2001 a Argentina teve um surto de febre aftosa.
Embora as exportações argentinas possam subir a longo prazo, sua pegada de exportação (como ilustrado acima) tem sido historicamente em diferentes mercados de clientes da Austrália – com um foco particular no Chile, Israel, Rússia e Brasil.
Mais recentemente, entretanto, a Argentina juntou-se ao Uruguai e ao Brasil para expandir sua presença na China (o quarto maior mercado de exportação de carne bovina da Austrália) – as exportações para o mercado foram insignificantes antes de 2012, mas registraram um recorde de 55.000 toneladas no ano passado. Além disso, o USDA reabriu o mercado de carne importada dos EUA para a Argentina; entretanto, o processo de aprovação sanitária ainda está para ser finalizado permitindo que o comércio comece.
A Argentina também manteve uma forte presença no mercado de alto valor, mas restrito, da UE, com uma cota Hilton de 29,500 toneladas – da qual utilizou 76% no ano financeiro de 2015-16 – e o acesso cota compartilhada de 48,2 mil toneladas – onde compete com EUA, Canadá, Uruguai, Nova Zelândia e Austrália. Em 2016, a UE representava 22% das exportações totais de carne bovina e representava o segundo maior mercado para a Argentina.
Fonte: MLA, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.