Os exportadores brasileiros já estão conseguindo bons resultados com os problemas que afetam o rebanho europeu. As exportações brasileiras de carnes bovina e de frango “in natura” cresceram, em março, 22% e 76%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado.
As exportações de carne bovina “in natura” totalizaram US$ 50 milhões no mês passado, com acréscimo de US$ 9 milhões sobre março de 2000, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). As vendas de carne de frango “in natura” ao exterior atingiram US$ 109 milhões, US$ 47 milhões a mais que o valor registrado em março do ano passado. As vendas de frango também foram influenciadas pelo alastramento da doença da vaca louca, que fez reduzir o consumo de carne bovina e aumentar a demanda européia pela carne branca.
As exportações de frango “in natura” somam, no acumulado do ano, US$ 281,1 milhões, receita 50% superior ao valor verificado no primeiro trimestre de 2000. A carne bovina “in natura” exportada atingiu US$ 118,7 milhões no primeiro trimestre, 16% acima do mesmo período de 2000.
A recente certificação obtida pelo Brasil junto ao Comitê Científico da União Européia (UE) deve colaborar para o incremento nas vendas de carne bovina ao exterior – que têm previsão de ultrapassar US$ 1 bilhão este ano. A certificação classifica o Brasil como nível 1 (“altamente improvável”) do risco geográfico da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB – a doença da vaca louca), e coloca o país em igualdade com seus principais concorrentes, entre eles Austrália, Nova Zelândia e Argentina. Em 2000, as exportações brasileiras de carne somaram 314 mil toneladas, com o valor de US$ 779 milhões. Países como o Canadá e Estados Unidos estão classificados como nível de risco 2 (“improvável, mas não excluída a possibilidade de a doença ter infectado o rebanho”).
Retrospecto
O nível 1 do risco da EEB já poderia ter sido conquistado no ano passado, caso o Brasil tivesse apresentado na data recomendada a documentação solicitada pelo comitê europeu. O Ministério da Agricultura do Brasil enviou em junho do ano passado seu primeiro calhamaço com dados sobre importações de bovinos do Reino Unido, sistema de produção de rações e estrutura de laboratórios para o diagnóstico da EEB.
O atraso foi agravado pela divulgação oficial dos primeiros casos de vaca louca na Alemanha e em outros países da UE. Com isso, comitê científico insistiu para que o Ministério da Agricultura apresentasse as conclusões do rastreamento de todo o gado importado da Europa nos anos 90.
(Por Denis Cardoso, José Alberto Gonçalves e Mônica Scaramuzzo, para Gazeta Mercantil, 03/04/01)