O volume de exportações brasileiras de couro cresceu 9,4% nos primeiros dois meses de 2001 em relação a 2000. O faturamento obtido com a venda de 3,09 milhões de peças somou US$ 138 milhões, 23,3% a mais que no primeiro bimestre de 2000. O aquecimento da demanda ajudou a elevar a cotação do couro brasileiro no exterior em mais de 10%.
Com a exportação maior e a redução da oferta no mercado interno, os fabricantes de calçados e vestuário de couro arcaram com preços 40% maiores. Nos últimos três meses, em muitos casos, o couro verde vendido pelos frigoríficos teve aumento de 60%, e chegou a R$ 2,40 o quilo.
O presidente do Centro das Indústrias de Curtumes de Brasil (CICB), José Roberto Scarabel, afirma que a tendência de alta deve durar ainda algum tempo. Do total exportado pelo País, 70% vai para a Europa. “Os produtores mundiais de gado, sobretudo os da Europa, deixarão de abater este ano 20 milhões de cabeças, o que significará queda de 8% na oferta de couro.”
Apesar do bom resultado dos primeiros meses, empresários temem uma mudança na situação e começam a diminuir o processamento de couros. O diretor de compras do curtume Fuga, Iedo Fuga, afirma que importadores começaram a frear as compras por conta dos preços altos. “É preciso que a cadeia produtiva se una para que todos aproveitem o bom momento. Pela primeira vez, o couro vale mais do que alguns cortes de carne.”
Quem centrou sua produção em “wet blue” não se deu bem. A taxação de 10% para as exportações, definida no final do ano passado, teve seus primeiros reflexos em janeiro e fevereiro. No período, o volume das vendas para o mercado externo caiu 10,36%, total de 1,78 milhão de peças. O faturamento aumentou 13,99%, mas não foi suficiente para cobrir a elevação do preço da matéria-prima.
(Por Luciana Moglia, para Gazeta Mercantil, 09/04/01)