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Faz tempo que o mercado não se mostrava tão favorável…

…aos frigoríficos! Até para os de mercado interno! Acompanhe na figura 1 a evolução das cotações da arroba do boi gordo e dos Equivalentes Físico e Equivalente Scot em São Paulo.

Figura 1: Boi gordo e Equivalentes Físico* e Scott** em SP – R$/@ a prazo.

Fonte: Scott Consultoria
* Carne com osso no atacado
** Equivalente físico + couro e sebo

Veja que, em setembro, foi a primeira vez no ano que as cotações dos equivalentes alcançaram, ou superaram, o preço da arroba. A carne praticamente empatou com o boi. Considerando o couro e o sebo, os frigoríficos trabalhavam com margem de 7% no fechamento desta análise (27/9).

E com relação às exportações? Veja a figura 2.

Figura 2: Boi gordo em SP e carne bovina in natura exportada – US$/tonelada equivalente carcaça


O preço médio da carne exportada foi coletado junto ao Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC). A conta é simples: faturamento dividido pelo volume exportado. A opção pela carne in natura se deve ao fato dela responder, hoje, por mais de 70% das exportações nacionais de carne bovina.

Veja que a margem média do exportador, em agosto, melhorou bem. Além da valorização da carne, o preço do boi, mesmo em dólares, recuou em relação a julho. A margem esteve melhor que a observada no final de 2004/início de 2005. Só não superou a observada em meados do ano passado, quando o dólar ultrapassou os R$3,00.

A análise não abrange setembro, uma vez que ainda não foram fechadas a exportações desse mês. Mas podemos extrapolar. Considerando que o preço médio da carne exportada se mantenha relativamente estável, o boi – com base num câmbio de R$2,28 por US$1,00 – poderia chegar a R$55,00/@, o que equivaleria a US$24,10/@, que a margem do frigorífico exportador ficaria em cerca de 8%. Bem acima da registrada ao final de 2004.

Aliás, para a margem do exportador recuar até aqueles níveis, a cotação do boi gordo teria que evoluir para US$25,00/@, ou seja, R$57,00/@.

Portanto, os frigoríficos chegam com fôlego ao final do ano. Tanto os exportadores, quanto os de mercado interno.

Mas algumas ressalvas precisam ser feitas. Primeiro, as análises apresentadas se restringiram a comparações de preços. Não foram considerados os custos de produção. Se bem que a matéria-prima, no caso o boi, responde pelo “grosso” dos custos operacionais de produção dos frigoríficos. E o boi está barato.

A segunda, e mais importante: o mercado relativamente favorável aos frigoríficos não garante nada. Qualquer empresa eficiente busca, sempre, maximizar as margens. Se houver matéria-prima disponível, em abundância, a R$52,00/@, a indústria nunca vai pagar R$60,00/@, independente do que irá apurar na venda de seus produtos.

Portanto, a valorização da arroba depende da manutenção das ofertas em níveis reduzidos. Aí depende da estratégia de venda do produtor. Contando, este ano, com a ajuda da retração do volume de animais confinados e das alterações do SISBOV (a obrigatoriedade de monitoramento passará a ser de, no mínimo, 90 dias), que devem forçar uma redução de oferta.

Por fim, mesmo que o boi chegue a R$57,00/@ em outubro, o preço pago aos produtores ficaria bem abaixo da média histórica para o período. Aliás, até então, com base numa série de preços corrigidos pelo IGP-DI, o outubro mais mirrado foi, justamente, o de 2004, com algo próximo de R$61,64/@ (preço médio).

Será muito difícil superar tal patamar este ano.

0 Comments

  1. Luiz Augusto Ribeiro do Valle disse:

    Tem uma variável que é de difícil avaliação, mais que aumenta a margem de ganho dos frigoríficos, que é o baixo (pra não dizer outra coisa) rendimento de carcaça que vem ocorrendo nos abates.