O vice-chefe do Estado Maior de Defesa do Ministério da Defesa, general Nelson Beust, anunciou ontem que as Tropas das Forças Armadas serão deslocadas para a fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina para evitar a entrada de gado contaminado com febre aftosa no país.
Militares e técnicos do governo gaúcho e do Ministério da Agricultura se reuniram hoje pela manhã para definir os detalhes da operação. Inicialmente, 80 homens atuarão nos municípios de São Borja, Porto Soberbo, Porto Mauá e Garruchos. A tropa pode ser ampliada, e o governo gaúcho pede, inclusive, patrulhamento aéreo. Os quatro municípios destacados para o início da fiscalização são considerados áreas críticas de contrabando de bovinos da Argentina.
Um mapeamento realizado pelo governo gaúcho identificou mais de cinqüenta pontos de fronteira com indícios de prática de contrabando, com trilhas nas matas próximas ao rio Uruguai. A fronteira gaúcha com a Argentina tem 724 quilômetros.
Desde o final do ano passado, quando aumentaram os rumores de aftosa no nordeste argentino, os gaúchos haviam pedido apoio das Forças Armadas na vigilância da fronteira. No início de janeiro, o governo do Rio Grande do Sul instalou barreiras de desinfecção de veículos e de inspeção de produtos de origem animal em pontos de fronteira com a Argentina, enquanto encaminhava um pedido de apoio federal para evitar que o rebanho bovino do estado fosse reinfectado pela aftosa. O primeiro pedido de auxílio do governo gaúcho para a atuação do Exército no controle da Aftosa foi enviado ao presidente em 24 de agosto de 2000.
No final de janeiro, o Ministério enviou dois técnicos à Argentina para a realização de vistorias nas regiões com suspeitas de aftosa. Depois disso, o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) admitiu haver problemas no controle da Aftosa e anunciou um pacote de combate à doença.
Ao longo do Rio Uruguai existem nove barreiras fixas, 20 barreiras móveis e 18 equipes formadas por 50 veterinários e 80 policiais militares. A vigilância no rio também é realizada em oito lanchas da patrulha ambiental.
(Por Aliski e Marcelo Flach, para Gazeta Mercantil, 27/03/01)