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Frialto: se houver alguma surpresa ela será positiva

Nesta semana conversei com Paulo Bellincanta, diretor do Frigorífico Frialto sobre o andamento da Recuperação Judicial da empresa, que se desenrola desde maio de 2010. "Gostariamos de dizer que a principal missão do Frialto hoje, nosso foco 24 horas por dia, é cumprir fielmente aquilo que foi acordado e se houver alguma surpresa ela deve ser positiva", finalizou Paulo Bellincanta.

Nesta semana conversei com Paulo Bellincanta, diretor do Frigorífico Frialto sobre o andamento da Recuperação Judicial da empresa, que se desenrola desde maio de 2010.

O Grupo, que teve seu Plano de Recuperação Judicial aprovado em dezembro passado, iniciou suas operações em 1991 e quase 20 anos depois tem capacidade de abate de 7.000 cabeças de gado dia e gerava mais de 4.200 empregos, com plantas frigoríficas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. A dívida do Frialto é de R$ 564 milhões, sendo R$ 453 milhões com instituições financeiras, R$ 95 milhões com os pecuaristas, o restante está dividido entre dívidas trabalhistas e com outros fornecedores.

“Nós tivemos problemas e ficamos teimando até praticamente o último minuto, decisão que quase nos custou a própria em empresa”, comentou Bellincanta. “Quando não tinha mais jeito e nós decidimos que a única saída era a recuperação judicial assumimos a postura de ir ao encontro dos pecuaristas. Um dia antes procuramos a Famato e a Acrimat para dizer o que estava acontecendo e qual era a atitude que nós estávamos tomando. Depois fomos à Famasul, e a gente não se afastou da frente de todas as negociações em momento nenhum. Então a gente sempre esteve muito próximo de tudo e não fugimos. Nas assembleias, não pudemos participar, mas estávamos na porta e atendemos 100% dos pecuaristas que nos procuraram. Tanto que a aprovação do nosso Plano de Recuperação Judicial foi um caso um pouco diferente dos outros e não tivemos nenhum voto de pecuarista contra, apesar de termos proposto um prazo para pagamento muito longo”.

Paulo Bellicanta comentou que no Plano do Frialto foi criado um fator de correção novo que nunca tinha sido usado antes, que ele chamou de “gatilho de correção”, visando minimizar os prejuízos do pecuarista. “Nós criamos esse gatilho de correção para pagar as arrobas devidas. Toda a dívida com pecuaristas foi indexada em arrobas, ou seja, no dia compramos uma arroba de R$ 70,00, mas se na data do pagamento da parcela da dívida a arroba está valendo R$ 90,00, creditaremos para ele esses R$ 20,00 que são transformados em arrobas e serão pagos ao final da quitação da dívida. Então estamos pagando tudo corrigido”, explicou o diretor do Frialto.

Segundo Bellincanta, com isso os pecuaristas entenderam que tudo o que foi feito e o prazo maior não foi para querer ganhar em cima do fornecedor, mas porque essa era a única maneira de propor uma recuperação sustentável e não ser necessário no futuro ter que chamar todo mundo para renegociar novamente. “Ela [a recuperação] ficou longa para se viabilizar desde o primeiro momento. Isso gerou um certo desconforto com o bancos, mas no final conseguimos aprovar o Plano com estas condições”.

Ele pontuou também que o Plano determina que caso ocorra a venda de algum ativo ou se o resultado da operação for maior do que o previsto é possível antecipar os pagamentos. “Nós também fizemos um cronograma de retorno das atividades longo – a retomada da atividade na 3ª planta está programada para junho de 2012 -, mas nossa intenção é surpreender e reativar as plantas antes”. Das cinco unidades que o Frialto operava antes do pedido de recuperação judicial duas continuam em operação, nos municípios de Matupá e Sinop, ambas no Mato Grosso. As outras unidades estão localizadas em Iguatemi/MS, Ji-Paraná/RO e Nova Canaã/MT.

No Plano de Recuperação Judicial era previsto trabalhar com uma margem um pouco mais reduzida. “Estas são margens plausíveis, reais e que nós temos condições de atingir. Determinamos estas margens contando com falta de boi, concorrência e perspectivas de mercado”, explicou Bellincanta. “Resumindo, estamos dentro dos passos programados para a Recuperação. Nossa escala de abates tem se mantido acima da expectativa – que era trabalhar com níveis próximos do que realizamos em 2009 e 2010 (70% da capacidade) – entre 86 e 90% da capacidade das plantas em operação, realizando todos os pagamentos à vista”.

Sobre o pagamento da dívida o diretor do Frialto comentou que em janeiro já foram feitos os pagamentos das dívidas trabalhistas e em março começaram a ser efetuados os pagamentos dos valores mais altos conforme acordado no Plano. “Todos já receberam a primeira parcela e acredito que a gente consiga levar isso sem problemas. A dívida dos pecuaristas e quirografários soma algo em torno de 120 milhões, deste valor aproximadamente 25% já foi quitado”.

Quanto ao relacionamento com pecuaristas, Bellicanta diz que não pode reclamar. “Estamos fazendo de tudo para deixá-los a par do que está acontecendo e acredito que eles estão entendendo o meu trabalho. Do outro lado estamos tentando retribuir da melhor maneira possível, pagando o preço do mercado me possibilita pagar, fazendo pagamentos em dia, cumprindo o que foi acordado e trabalhando de forma transparente. Não deixamos todos contentes, mas estamos tentando, dentro das possibilidades, sanar um problema que nós mesmos criamos”.

Ao ser perguntado sobre os principais problemas que geraram a crise dos últimos anos, com diversas empresas pedindo recuperação judicial, ele avalia que existiram diversos casos e cada um enfrentou um tipo de problema, mas acredita que a crise do Frialto foi gerada por ciladas do mercado, que sinalizava a necessidade de expansão da produção, mas que foi afetado pela crise financeira no final de 2008.

Bellincanta avaliou que no mercado atual há um campo muito aberto para criação e consolidação de marcas e novos produtos, com espaço para agregação de valor nesse segmento que sempre foi pautado pela produção de commodities em grande volume. Segundo ele, o aumento do poder de compra da população tem criado uma demanda por produtos e serviços diferenciados. “A nossa empresa e o nosso posicionamento no mercado cria uma possibilidade grande para atender essa demanda e gera expectativas muito boas. Até muito pouco tempo atrás as condições de mercado nos obrigavam a pensar em volume, o momento que se vizinha e já é realidade, é o momento de agregar valor”.

“Acho que o relacionamento entre pecuarista e frigorífico precisa ser melhor trabalhado. Os dois lados tem que se desarmar, sentar cada vez mais para negociar e em cada oportunidade se olhar de modo diferente. Gostariamos de dizer para aqueles que ainda têm débitos com a gente, que a principal missão do Frialto hoje, nosso foco 24 horas por dia, é cumprir fielmente aquilo que foi acordado e se houver alguma surpresa ela deve ser positiva”, finalizou Paulo Bellincanta.

0 Comments

  1. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Sabemos de longo tempo da seriedade da família Bellincata.

    Parabenizo a visão do grupo,relativo,a se produzir cortes de carnes com MARCA,entendo que é uma empreitada árdua,porém,a seriedade do grupo viabiliza e dá condições plenas para este vôo tão necessário.

    É necessário sempre saber,produzir MARCA demanda tempo,mix,humildade,seriedade,produto padronizado,ética, boas ações de prestação de serviço,marketing por cliente e corporativo.

    Este é o caminho Paulinho,mais uma vez parabéns!

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  2. Sebastiao Silverio Filho disse:

    Fica tudo muito, bonito e transparente vendo estas explicações, parece ate mesmo que são realmente muito, honesto. Mas se coloca no lugar de quem vendeu animais para pagar compromissos assumidos e ter que esperar 60 (sessenta) pequenos meses, e ouvindo dizer que são familia muito honesta.
    Parabens mesmo o Evandro tem razão.

    Tiao Jibóia, sou um dos Credores.

  3. Sidney Ribeiro da Silva disse:

    Eu também coheço toda a Família Bellincanta à mais de 25 anos, e sei da dedicação de honrar seus compromissos, e não é dessa vez que vamos nos decepcionar.

    Paulinho e Milton essa RJ da Frialto será com certeza uma RJ diferente das demais já vistas no setor de Frigorífico………………….com surpresas boas ……como disse o Paulinho.

    Vamos a luta, o Brasil precisa dessa indústria cada vez mais forte.

    Grato

    Sidney Ribeiro

  4. Silvio Medeiros disse:

    Somos fornecedores do Grupo Frialto e sempre acreditamos na idoneidade da familia Bellincanta, continuamos juntos e temos certeza de que venceremos juntos esta passagem, deixo meus Parabéns ao Sr. Paulo, pela postura diante desta situação.

    Abraços,

    Silvio Medeiros

  5. Luiz Francisco Culik disse:

    Parabens a vc Paulo e Milton , vcs sao serios vao sair desta com certeza , sucesso a todos

    Culik

  6. MARCOS SERGIO DE SOUZA disse:

    Boa tarde,leitores do beefpoint,quero parabenizar o sr.paulo belicanta pela seriedade que vem conduzindo as dificuldades que o grupo frialto vem enfrentando ,ja forneci bois para a planta de nova canaa e sempre fui tratado com honestidade.
    o caminho e esse sr.paulo cabeça erguida e transparencia sou conhecedor das dificuldades de enfrentar o monopolio (bndes).

    abraços,

    marcos sergio de souza.

  7. Eugenio Mario Possamai disse:

    Não os conheço, mas uma pergunta deixa-me intrigado. Se hoje eles, falo de todos os em recuperação Judicial, podem comprar e pagar as novas aquisições e ainda pagar embora com prazo longo as dívidas atrazadas, porque na época não conseguiram pagar apenas uma dívida? Melhoraram seus conhecimentos? alguma coisa de errado tem ai.

  8. LORI BUDKE LAGE disse:

    Parabens ao grupo frialto pela seriedade que foi tratada arecuperaçao judicial parabens

  9. alcione ap.paulino disse:

    vamos torcer que essa seja o rj , diferentes mesmo , pq normalmente as coisa para frig. na andam bem , tdos aqueles que pediu rj . nao consiguiram ate agora cumprir 100% , por enquanto o friato esta cumprindo e espero que cumpra . pela familia bellincanta mesmo ter errado estao tentando acerta , o tamanho do prejuizo que causaram com o pec. , e os demais fornecedores , ja que o plano esta aprovado e vai pagar pec. com 60 meses , nao custa nada ser cumprido de maneira como esta sendo o plano , agora o que precisamos e torcer que o frialto realmente sai dessa e passar para melhor sim , enquanto a empressa esta faturando nos teremos uma garantia de recebr .

  10. Carlos Alberto Barros disse:

    Tive a honra de prestar serviços para a Frialto, e digo isso pela oportunidade de ter convivido com pessoas de enorme caráter. Os Srs. Milton, Paulo e seus filhos, com especial referência a Pedro Bellincanta, com quem tanto aprendi, merecem a recomposição de sua empresa. Aos que criticam o infortúnio da Frialto, convido a apenas se imaginar na situação de quem sempre honrou seus compromissos e teve que vir a público em processo de recuperação judicial.

    Família Bellincanta, o tempo já disse. Parabéns pelo exemplo de empreendedores, e mais ainda de vida.

    Carlos Barros – CBconsulTI

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