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Frigoríficos: como estão os processos de recuperação?

Passados dois anos do início da onda de pedidos de recuperação judicial no segmento de frigoríficos de carne bovina, o horizonte ainda é nebuloso no que diz respeito a uma retomada. Prova disso é que três das maiores empresas que recorreram ao instrumento no país - Independência, Arantes Alimentos e Quatro Marcos - continuam sem pagar pecuaristas credores, não conseguiram vender ativos e estão sem operar ou operando parcialmente, apesar dos planos de recuperação aprovados.

Passados dois anos do início da onda de pedidos de recuperação judicial no segmento de frigoríficos de carne bovina, o horizonte ainda é nebuloso no que diz respeito a uma retomada. Prova disso é que três das maiores empresas que recorreram ao instrumento no país – Independência, Arantes Alimentos e Quatro Marcos – continuam sem pagar pecuaristas credores, não conseguiram vender ativos e estão sem operar ou operando parcialmente, apesar dos planos de recuperação aprovados.

Como outras empresas do segmento, essas três tiveram de recorrer ao pedido de recuperação porque foram afetadas pela crise internacional, que derrubou a demanda a partir do fim de 2008, e também porque estavam muito alavancadas.

O caso mais emblemático entre os frigoríficos cuja recuperação judicial não avança é o do Independência, que pediu proteção contra a falência em fevereiro de 2009. O plano foi aprovado pelos credores no fim daquele ano, e, em março de 2010, a empresa conseguiu captar US$ 165 milhões em bonds no mercado internacional para pagar fornecedores e para capital de giro. Mas, em setembro, a companhia anunciou que não pagaria juros desses bonds que vencem em 2015.

Mesmo com os recursos que vieram dos bonds, a empresa voltou a ficar sem capital de giro, não conseguiu pagar dívidas e, em outubro, paralisou as três unidades – Nova Andradina (MS), Colorado d´Oeste (RO) e Santana de Parnaíba (SP) -, que operavam parcialmente.

De acordo com levantamento da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o Independência quitou os débitos até R$ 100 mil e as dívidas trabalhistas, mas pagou apenas cinco das seis parcelas dos créditos acima de R$ 100 mil. Conforme a associação, na época da aprovação do plano as dívidas do Independência só com pecuaristas de Mato Grosso somavam R$ 56 milhões.

Em novembro, o Independência propôs novo plano a seus credores, que prevê venda de ativos, criação de uma nova companhia e conversão de parte da dívida em ações dessa nova empresa. Conforme a proposta, uma fatia de US$ 800 milhões da dívida total, estimada em mais de R$ 2 bilhões, seria convertida em ações. A família Russo, controladora do Independência, ficaria fora da nova empresa.

Sem chegar a uma definição, o encontro de novembro foi suspenso por 60 dias e a discussão deve ser retomada dia 31 de janeiro.

O Quatro Marcos, cujo plano de recuperação judicial foi aprovado em março do ano passado, também paralisou o pagamento a pecuaristas, conforme a Acrimat. Segundo a entidade, o frigorífico chegou a pagar seis parcelas, mas suspendeu o pagamento em outubro passado. O assessor jurídico da Acrimat, Armando Biancardini Candia, diz que há apreensão entre os produtores pois a suspensão de pagamentos sem justificativa poderia levar a empresa à falência.

O plano de recuperação do Quatro Marcos, aprovado pelos credores, envolve um total de R$ 427 milhões, prevê venda de unidades produtivas, e pagamento de pecuaristas em até 12 parcelas mensais. A dívida da empresa com criadores de Mato Grosso é de R$ 26 milhões, segundo a Acrimat.

Para os credores quirografários, o plano prevê pagamento em 12 parcelas semestrais, a partir de 31 de março de 2013. No plano, o Quatro Marcos se comprometeu a vender duas unidades em até nove meses a partir da aprovação, o que ainda não aconteceu. Uma delas fica em Vila Rica (MT), estava em operação, mas agora está paralisada. A outra fica em Cuiabá e está arrendada para a JBS, com opção de compra. Em julho de 2009, já em crise, o Quatro Marcos arrendou cinco unidades para a JBS. Duas delas (Cuiabá e São José dos Quatro Marcos) eram fábricas próprias e a outras alugadas de um grupo privado.

Também o Arantes, cujo novo plano será apresentado hoje a credores, não quitou os débitos com pecuaristas, que em Mato Grosso alcançam R$ 20 milhões. Inicialmente, o plano de recuperação da empresa, aprovado em janeiro de 2010, previa o início do pagamento dos pecuaristas, em 12 parcelas, logo após a aprovação. Mas, informa a Acrimat, o Arantes convenceu os credores que o pagamento seria feito após a venda de alguns imóveis. “Infelizmente não houve venda, capitalização e muito menos o início dos pagamentos”, afirma, em nota, o assessor jurídico da Acrimat.

Em assembleia hoje com credores, o Arantes apresentará novo plano de recuperação, com mudanças em relação ao passado. Atualmente, só a área de embutidos da empresa está em operação e a divisão de frangos, a Sertanejo, foi arrendada para a Céu Azul Alimentos.

O frigorífico Fribrasil, de Mato Grosso do Sul, conseguiu aprovar seu plano de recuperação judicial e renegociar mais de R$ 25 milhões em passivos com bancos, fornecedores e funcionários. A dívida trabalhista de R$ 1,2 milhão começou a ser paga após obter uma linha de crédito de R$ 5 bilhões, liberada pelo Bradesco. Segundo o administrador Eduardo Ramalho, a empresa deve manter a sua capacidade de abate de 15 mil animais por mês e espera crescer mais de 20% este ano.

Para o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, ao priorizarem os bancos credores nas negociações dos planos de recuperação em detrimento dos pecuaristas, os frigoríficos se equivocaram. “Levaram muito mais em consideração os bancos do que os produtores”, reclama.

Segundo ele, os pecuaristas não concordavam com os planos, mas acabaram contribuindo para as aprovações numa tentativa de viabilizá-los. Apesar disso, diz, os frigoríficos não conseguiram voltar à atividade pois acabaram perdendo fornecedores de bovinos. “Eles não conseguiram resgatar a confiança do produtor”, afirma. Na avaliação de Vacari, a saída para os pecuaristas é só vender boi à vista.

A expectativa de Vacari é que as unidades sejam reabertas, mesmo que sob administrações diferentes. “Precisamos de grupos com capacidade de pagamento para restabelecer a relação comercial com os pecuaristas”, afirma o dirigente.

As informações são do Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Anaurus Vinicius Vieira de Oliveira disse:

    Antes de tecermos qualquer comentário a respeito, gostaria que a conceituada equipe do BeefPoint completasse a matéria, pois está faltando as empresas MARGEN, ESTRELA e IFC. Incluindo-as, e trazendo elementos informativos sobre seus ´famigerados´ planos de recuperação judicial, ou melhor dizendo, ´Plano de Calote Oficializado´.
    Por outro lado, a simples venda à vista, sugerstionada pelo superintendente da Acrimat, por si só, não resolve o problema dos pecuaristas, pois se assim o fosse, não teríamos vários de nós sem receber do IFC – International Food Company, que em sua planta frigorífica de Nova Xavatina – MT., comprou gado para abate na modalidade à vista, em meados de agosto/setembro de 2010, e não pagou um centavo sequer, mesmo estando em pleno vigor o seu Plano de Recuperação homologado pela Justiça. E, pior, depois de mais um calote, que na nossa modesta opinião, já se afigura como crime de estelionato, ainda “ARRENDOU” a mesma unidade ao Estrela Alimentos, outra recuperanda. E tudo isso nas barbas de nossas Autoridades. Pode?
    Nós pecuaristas, só teremos tranquilidade quanto aos recebimentos pelas vendas de gado para abate, quando conseguirmos receber antes da saída dos caminhões dos limites da fazenda, (peso vivo + depósito em conta), do contrário, continuaremos à mercê desta corja de malandros.

  2. Mauricio Morais disse:

    Pois é , ninguém fala do Frigoestrela do ilustre Vadão Gomes. Esse não “paga” nem fogo na roupa!!!!!

  3. João Roberto Tiol disse:

    Alguem poderia dizer como ficou a recuperação do frigorifico margen ltda. As plantas foram arrendadas para o Marfrig. Quando o margen começara a pagar as dividas com os produtores….?

  4. carlos massotti disse:

    Independencia/Arantes/Frialto/Estrela/Margen/Frigol/IFC/Quatro Marcos/Fribrasil ….faltará algum em recuperacao judicial ou que ja tenha quebrado que tenha me esquecido? Se for me desculpem pelo lapso e agradeco se me puderem refrescar a memoria por gentileza!

    Estamos entao falando de 9 (nove) empresas em Recuperacao Judicial – muitas das quais possuiam diversas plantas frigorificas espalhadas pelo pais ….-e engracado o mercado consumidor nacional nao sentiu falta de oferta de carne ,mesmo com tantas plantas fora de operacao – o que demonstra que a capacidade de abate da industria nacional estava superdimensionada em relacao a oferta de materia prima – e tudo indica que o ponto de equilibrio entre a capacidade de abate versus oferta de bois ainda nao foi encontrada razao pela qual o boi permanece ainda com precos muito altos e o que restou da industria frigorifica ainda opera com prejuizo –

    creio que em primeiro lugar nao há mais espaco no mercado para quem está em RJ – este espaco já foi totalmente tomado pelos gigantes que ficaram no mercado -os quais alias tambem dentro em breve devem partir para um processo de enxugamento, o que significa dizer fechando as plantas deficitarias (que sao ainda muitas!) – ninguem consegue operar com prejuizo todo o tempo por isto estas medidas sao inadiaveis -aí deve ser encontrado o famoso ponto de equilibrio , com o boi voltando a ter um preco decente e razoavel –

    Existem quatro formas de capitalizacao de empresas em dificuldade – novos investidores -desimobilizacao (venda de ativos) – novos emprestimos bancarios – ou lucro significativo nas operacoes para que possam pagar as dividas –

    Alguem acredita que em um setor que ainda opera com prejuizo constante poderia lograr conseguir algumas destas alternativas?

    entao infelizmente ,em vista deste cenario critico e que é o real e verdadeiro,para os pecuaristas que estao na listas de credores destas empresas vai ser muito mas muito dificil receber os debitos – gostaria de estar enganado mas nao é o que demonstra a dura e crua realidade dos fatos- nao adianta sonhar, chiar, chorar – pois recer os debitos vai ser dificil mesmo – senao impossivel!!!A nao ser que aconteca um milagre…mas milagres hoje em dia sao meio raros nao??

  5. fernando bueno torres megiani disse:

    Eu só acredito em pagamento quando realmente a liquidação acontece, ou voces acham que um cidadão comum vai ás compras não as paga e vai ficar por isso mesmo.
    teem que falir quem não honra seus compromissos,
    essa lei de recuperação judicial não serve para nada, pois em janeiro de 2.010 fizeram um compromisso, não cumpriram e voces acham que agora vão cumprir?
    a bolsa de carnes é o melhor negócio para nós pecuaristas.

  6. ANTONIO CARVALHO GOUVEIA disse:

    Dois anos passados da assembleia do “ifc” se passaram e nenhum documento nos remeteram até agora do acordo feito na assembleia que seria pagar os credores com dois anos de carencia ,juros de 6% a.a. e 15 anos para pagar a dívida com parcelas mensais .estamos em janeiro de 2011 mes em que vencerá a primeira parcela e até hoje [24;01;11]nada,sequer nos atendem por telefone.que país e este onde os caloteiros “conseguem fazer acordos” na justiça,com o aval da mesma e nao cumprem.onde está a “ordem” tao respeitada por nós gravada com todo respeito no “pavilhão nacional”.onde está a confederação nacional da agricultura[cna] para dizer um basta nestes abusos.sou um sindicalista e cooperativista atuante ,pago com prazer nossas contribuições anuais,e assim devemos fazer exercer nossos direitos e deveres.militei por mais de 38 anos no ccoperativismo mineiro e goiano,conheço bem nossa classe,a qual já esta se conscietizando,mas ainda “tem muita agua para passar debaixo da ponte”para uma verdadeira mobilização e organização da nossa classe rural.que a justiça seja feita,mas não vamos ficar de braços cruzados esperando que alguém tenha dó da classe ,porque neste mundo capitalista só tem predadores esperando a oportunidade.”ética,honestidade,hombridade” entre outras virtudes ,estão em extinção.saudações ruralistas sim, pois tenho o maior prazer de ter nascido num “berço rural”.

  7. ANTONIO CARVALHO GOUVEIA disse:

    Conforme conversa telefonica com funcionária do jurídico do “ifc” em 24/01/11 às 14:02 [11-45917230-juliana],a mesma nos informou que devido a assembleia ter sido “homologada” apenas em abril/maio de 2009,os pagamentos acordados na respectiva assembleia comecarão a serem realizados em abril/maio deste ano[2011].com isto espero poder ajudar a nossa classe com este esclarecimento.maiores informacões poderão contatar pelo telefone acima .saudacões ruralistas.

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