Enquanto se preparava ontem uma resposta oficial às autoridades e importadores dos Estados Unidos e do Canadá dada sua preocupação porque estão entrando no Uruguai, devidamente autorizados, animais procedentes do Brasil, o Poder Executivo uruguaio vem analisando a possibilidade de proibir diretamente tal possibilidade, dado o risco que implicaria se ambos os mercados que hoje são os principais compradores de carne uruguaia, possam pôr empecilhos à importação ou fechar diretamente sua entrada.
Os representantes oficiais e as associações de importadores das duas nações norte-americanas informaram ao Uruguai que a entrada de gado em pé do Rio Grande do Sul é um elemento que não foi levado em consideração em junho do ano passado, quando missões sanitárias de ambos os países vieram ao Uruguai efetuar a devida análise de risco para averiguar a possibilidade de abertura de ambos os mercados. O Canadá abriu seu mercado às carnes uruguaias logo após a missão, em dezembro de 2002, e os EUA, o fez em maio de 2003.
Apesar de o Rio Grande do Sul ter o mesmo status sanitário que o Uruguai – livre de febre aftosa com vacinação, reconhecido pela Organização Internacional de Epizootias (OIE) -, sua carne não tem autorização de entrada nem nos EUA nem no Canadá e, apesar de estar sendo realizada atualmente uma missão dos EUA em Porto Alegre, a fim de ser feita uma análise de risco, certamente deverá passar certo tempo até que as exportações de carnes gaúchas a este mercado sejam efetivadas.
Há algumas semanas, o Uruguai permitiu a entrada de gado brasileiro, mais concretamente novilhos para o campo, tomando medidas para assegurar que estes animais não possam ser abatidos em estabelecimentos habilitados para exportação. Estes animais são marcados a fogo e se faz um acompanhamento nos estabelecimentos onde serão recriados. A decisão das autoridades uruguaias apontava à reciprocidade para que as autoridades norte-americanas deixassem entrar gado em pé uruguaio – basicamente vacas leiteiras – e carnes com osso. No entanto, até o momento, esta porta de vaivém somente tem funcionado de forma fluida em favor dos brasileiros.
Diante da pouca oferta de gado gordo e dos altos preços que a conjuntura tem gerado, alguns frigoríficos e cadeias de supermercados estão buscando a solução no exterior. É assim que tem chegado carne argentina e se tem feito novas solicitações para importar gado brasileiro, desta vez para o abate. Este é o caso do Matadero Solís, que quer “Importar porque queremos trabalhar. O destino de um estabelecimento de abate é abater e o de um distribuidor ou supermercado é vender carne”, afirmou o diretor da empresa, Jorge González, respondendo porque tinha se inclinado ao gado brasileiro vivo e não à carne argentina embalada a vácuo.
González destacou que prefere “importar gado em pé, que é mão-de-obra, porque ficam os couros e a gordura no Uruguai e porque se faz todo um manejo que é muito mais benéfico para o país que importar diretamente carne”.
Fonte: El País, adaptado por Equipe BeefPoint