O Banco do Brasil está preocupado com o impacto da crise Brasil/Canadá sobre os frigoríficos exportadores de carnes, segundo reportagem de Alda do Amaral Rocha, publicada hoje no Valor Online. A instituição, uma das mais importantes no financiamento às exportações no setor, fez um levantamento para identificar os frigoríficos que enfrentam dificuldade para exportar e que possam vir a ter problemas por falta de capacidade de pagamento. “Estamos orientando as empresas a considerar no fluxo de caixa a possibilidade de redirecionar a exportação no caso de perda de contrato”, disse o superintendente-executivo do BB, Osanan Barros.
Após a decisão canadense de embargar a carne bovina brasileira, exportadores tiveram contratos e embarques cancelados para o Canadá e Estados Unidos.
Segundo Barros, o banco não está restringindo a concessão de ACCs (Adiantamento de Contratos de Câmbio) aos frigoríficos por conta da atual crise. Mas ele reconhece que a demanda por ACCs pode cair, já que os exportadores enfrentam dificuldade para fechar novos negócios.
Fontes do mercado afirmam que frigoríficos que exportam volumes sigficativos para os Estados Unidos estão num momento difícil e enfrentam restrição de crédito, já que haveria temor de inadimplência. “Os frigoríficos têm endividamento grande e usam os ACCs para capital de giro”, disse um analista.
O Bertin, maior exportador de carne bovina do país, informou que não há restrição ao financiamento às exportações por parte dos credores. O gerente de exportação, Marcos Bicchieri, disse, porém, que se a suspensão se prolongar muito, a empresa “terá de rever todas as suas posições”. Mas ele está confiante numa solução rápida.
Antonio Carlos Pelissari, do Frigoestrela, acha que os bancos devem começar a limitar os ACCs. O Frigoestrela não exporta carne industrializada para os EUA, mas perdeu vendas de carne in natura para Aruba após o embargo canadense.
Por Alda do Amaral Rocha, para Valor Online, 12/02/01