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Importância da análise da capacidade reprodutiva dos touros

Ed Hoffmann Madureira e Alexandre Marques

1. INTRODUÇÃO

A fertilidade dos touros pode apresentar variações dentro e entre raças. Considera-se que um touro apresenta alta fertilidade quando é capaz de atingir a produção de 80 bezerros por ano, ou ainda, quando em contato com 30-50 fêmeas cíclicas, durante 45 dias, fecundar 80-85% dos animais nos primeiros 21dias (GALLOWAY 1979; WILTBANK 1984). Deve-se ressaltar que o diagnóstico da subfertilidade é muito mais importante do que o da infertilidade, já que pode comprometer a produtividade do rebanho por um longo período quando não diagnosticada em tempo hábil. Os touros são, na maioria das vezes, examinados somente quando se notificam problemas de infertilidade, ou as anormalidades são bastante perceptíveis. Entretanto, são os exames andrológicos realizados rotineiramente dentro de uma programação definida que podem trazer benefícios em termos de produtividade e melhoramento genético, pois permitem o diagnóstico e afastamento da reprodução de touros subférteis, com seleção dos que apresentam maior capacidade reprodutiva.

2. EXAMES DOS TOUROS

O exame andrológico não deve ser entendido como um teste de fertilidade, mas sim, como um teste para detectar touros com baixo potencial reprodutivo. Antes de se iniciar o exame propriamente dito, observam-se as características externas do animal, com ênfase para o sistema locomotor, dada a sua importância para que a monta seja efetuada com sucesso. Alguns problemas como contusões e fibromas são passíveis de tratamento, não prejudicando a atividade sexual futura. No entanto, defeitos mais relevantes, como de conformação, por exemplo, são motivos de descarte. Somente os touros considerados fisicamente satisfatórios passarão pelas análises mais específicas.

O exame andrológico completo inclui o exame do testículo, glândulas internas, capacidade de monta, teste da libido e parâmetros espermáticos (como motilidade, motilidade progressiva e patologia espermática). O exame dos testiculos é muito importante, uma vez que os mesmos apresentam duas funções fundamentais: a espermatogênese (produção de espermatozóides), que dura cerca de 61 dias, e a produção do hormônio sexual masculino, a testosterona. Dessa forma, é realizada cuidadosa palpação para detectarem-se alterações de conformação, de consistência e sensibilidade.

A biometria testicular proporciona uma medição indireta da capacidade de produção de espermatozóides, e apresenta correlação com várias características reprodutivas do próprio animal e de sua prole. Portanto, a biometria testicular deve ser utilizada como um parâmetro de seleção de touros jovens.

O exame das glândulas internas é realizado por palpação retal. As glândulas internas, principalmente as vesículas seminais, produzem o líquido seminal, que entra em íntimo contato com as células espermáticas e pode exercer efeitos sobre a capacidade fecundante dos mesmos. Daí a importância de se examinarem cuidadosamente as vesículas seminais. Vale lembrar que touros acometidos por vesiculite dificilmente se recuperam.

A análise dos parâmetros espermáticos está altamente correlacionada com a capacidade de fecundação do espermatozóide. Os principais parâmetros observados são a motilidade, que representa a porcentagem de espermatozóides em movimento progressivo, o vigor, que é a força de propulsão dos espermatozóides com movimento progressivo, e o quadro de patologias espermáticas, que contempla as alterações morfológicas das células, causadas por processos de degeneração testicular, traumatismos e até mesmo alguns de origem genética. Sabe-se atualmente que os espermatozóides morfologicamente íntegros possuem maior capacidade de percorrer o trato genital da fêmea e atingir o ovócito.

Geralmente, a colheita do sêmen é efetuada com eletroejaculador, através de estímulos elétricos na genitália interna. Inicialmente, ocorre apenas liberação de plasma seminal, que deve ser desprezado. Posteriormente, o ejaculado adquire um aspecto mais denso, devendo ser coletado, uma vez que contém espermatozóides. Em touros condicionados, é possivel o uso de vagina artificial, método que supera o primeiro por ser menos traumático e proporcionar amostras seminais que se aproximam bastante do ejaculado depositado naturalmente na vaca.

Após a colheita do sêmen, devem-se evitar variações de temperatura, pois podem provocar morte ou defeitos morfológicos nos espermatozóides, levando a conclusões errôneas a respeito da capacidade reprodutiva do animal. A higienização dos materiais utilizados para manipulação do sêmen também é fundamental, pois a presença de resíduos também pode provocar alterações das características do mesmo.
O exame andrológico não garante a aptidão reprodutiva do animal por um período muito prolongado, principalmente no caso de touros de monta a campo, que estão expostos a muitos fatores que podem prejudicar sua fertilidade, como traumatismos, estresse térmico, ou mesmo doenças sistêmicas. Portanto, é importante que o exame andrológico seja repetido periodicamente, de preferência uma vez por ano, antes do início da estação de monta.

3. IMPLICAÇÕES

O exame andrológico é obrigatório para animais que participam de exposições ou leilões, pois a capacidade reprodutiva é um aspecto fundamental do desempenho do touro. Da mesma forma, toda transação comercial deve ser acompanhada pelo exame do animal, atestando que o mesmo está apto à reprodução para que sejam evitadas reclamações posteriores.

Além disso, no manejo reprodutivo da fazenda, é muito importante que se tenha como prática examinar os reprodutores periodicamente, pois esta atitude possibilita a substituição daqueles que estejam inférteis ou subférteis, levando a um incremento dos índices de produtividade e da pressão de seleção.

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