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IPCA: carne puxa a alta de novembro

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês de novembro em 0,83% e ficou acima da taxa de 0,75% do mês anterior em 0,08 ponto percentual. É o maior índice mensal desde abril de 2005, quando havia atingido 0,87%. O acumulado do ano está em 5,25%, acima dos 3,93% referentes a igual período de 2009. Segundo o IBGE, o consumidor passou a pagar, em média, 10,67% a mais por um quilo de carne, cujos preços já registram aumento da ordem de 26,79% neste ano de 2010. Analistas acreditam que a alta de preços nos alimentos ainda persistirá pelos próximos meses, podendo se alongar por todo o ano de 2011.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês de novembro em 0,83% e ficou acima da taxa de 0,75% do mês anterior em 0,08 ponto percentual. É o maior índice mensal desde abril de 2005, quando havia atingido 0,87%. O acumulado do ano está em 5,25%, acima dos 3,93% referentes a igual período de 2009. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA passou para 5,63%, acima do acumulado nos 12 meses imediatamente anteriores (5,20%). Em novembro de 2009, o índice havia sido de 0,41%.

A alta do IPCA, mais uma vez, foi motivada pelo grupo Alimentação e Bebidas, cujos preços aceleraram ainda mais, passando de 1,89% em outubro para 2,22% em novembro. Com isto, o impacto dos alimentos no resultado do mês chegou a 0,51 ponto percentual, o que significa que o grupo respondeu por 61% do índice. O mês de novembro caracterizou-se pela maior taxa do grupo Alimentação e Bebidas desde dezembro de 2002, quando a alta foi de 3,91%.

O consumidor passou a pagar, em média, 10,67% a mais por um quilo de carne, cujos preços já registram aumento da ordem de 26,79% neste ano de 2010. O item carnes teve a maior contribuição individual do mês, 0,25 ponto percentual, tomando conta de 30% do índice do mês.

A carne-seca ficou 7,05% mais cara em novembro e 18,48% no ano. O frango passou a custar 3,35% a mais, registrando alta de 9,42% no ano. Outros alimentos continuaram apresentando fortes aumentos de preço, como o açúcar cristal, que passou para 8,57% em novembro, ao passo que o refinado foi para 6,52%. Alguns produtos alimentícios ficaram mais baratos, com destaque para o feijão carioca. Após a forte subida de 31,42% concentrada no mês de outubro, fazendo acumular alta de 109,78% até aquele mês, em novembro os preços vieram em queda. O quilo do feijão carioca ficou 6,64% mais barato em relação a outubro. Mesmo assim, considerando o preço do quilo, quase dobrou em relação a dezembro de 2009, está 95,85% mais caro. Tomate (-3,84%), arroz (-1,22%) e cebola (-3,95%) também apresentaram preços em queda.

Segundo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, o aumento no preço das carnes pode ser explicado pela alta no preço das rações (provocada pelo crescimento no valor dos cereais que compõem a ração) e pela redução no rebanho bovino no Brasil.

“O rebanho bovino no Brasil encontra-se em menor oferta. Há cerca de três anos, houve um abate de matrizes [espécimes reprodutores]. A menor oferta, aliada à alta dos produtos importantes, o milho etc. faz com que o custo do produtor seja maior. Também houve aumento da demanda. Isso forçou o preço para cima”, disse Eulina dos Santos.

“Os alimentos estão vinculados ao clima e à demanda. Se a população tem uma renda maior, tende a consumir produtos mais caros, como a carne. Neste ano, também aconteceram problemas climáticos, que prejudicaram algumas lavouras e, com isso, elevou-se os preços”, afirmou.

Analistas consultados pelo jornal Valor Econômico, acreditam que a alta de preços nos alimentos, pressionada pelo mercado externo, ainda persistirá pelos próximos meses, podendo se alongar por todo o ano de 2011.

“À exceção de itens como veículos novos, aparelhos telefônicos e eletrodomésticos, a maior parte dos preços livres subiram em novembro”, diz Laura Haralyi, especialista de inflação do Itaú Unibanco, que calculou em 66,4% a taxa de dispersão dos preços livres, excluindo alimentos. “Os alimentos ainda respondem pelo grosso da inflação, mas não estão isolados”, diz Laura.

“Nós estamos importando inflação de alimentos”, diz Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, para quem o consumidor brasileiro, “bem empregado, com salários em alta e crédito farto”, está sancionando o repasse de preços do atacado para o varejo.

O economista-chefe para América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, avalia que os preços dos alimentos devem continuar pressionados no mercado internacional, e consequentemente no Brasil, por todo o ano de 2011. O raciocínio de Carvalho está sustentado na perspectiva de que a expansão monetária colocada em prática pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) entre o fim deste ano e junho de 2011 – a emissão de US$ 600 bilhões na economia – não será suficiente para aquecer a economia americana. O Fed, diz Carvalho, deve levar os estímulos a US$ 1 trilhão e estender as emissões até dezembro do ano que vem. Assim, afirma o economista, “esse processo de ´financeirização´ dos preços das commodities continuará diante da tsunami de liquidez que está no radar”.

Os economistas avaliam que o IPCA fechará o ano em torno de 6% – Silveira, da RC, aposta em 6,2%. Em 2011, o mercado financeiro avalia que o IPCA termine em 5,2%, segundo o boletim Focus, do Banco Central. Para Carvalho, as perspectivas de preços dos alimentos pressionados deixam ao BC a missão de, por meio da elevação de juros, trazer as expectativas do mercado para a meta de 4,5%. “Os 4,5% hoje são piso, quando deveriam ser o centro das estimativas do mercado”, diz o economista, para quem o BC iniciará em janeiro um ciclo de aperto monetário.

As informações são do IBGE, Valor Econômico e MS notícias, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

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