Mario Garcia, da Exagro, empresa que presta consultoria há mais de 15 anos, em todas as regiões e ecossistemas brasileiros, na área de bovinos de corte, de leite e pequenos ruminantes, além de sistemas integrados com produção de grãos e reflorestamento conta ao BeefPoint sobre seus erros e acertos em 2013 e suas perspectivas para 2014. Confira!
BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do Brasil hoje?
Mario Garcia: Na minha opinião, o grande desafio da pecuária de corte brasileira é o “jeitinho brasileiro”, a “malandragem”, a “esperteza”, é querer levar vantagem sem pensar no médio e longo prazos. Estas questões geram insegurança nos investidores, nos mercados que queremos, precisamos e temos plenas condições de atingir e contaminar quem faz a coisa bem feita.
A primeira vista pode parecer uma visão pessimista, mas não sou pessimista, principalmente por ter a convicção que essa turma é minoria e os eventos (congressos, cursos, encontros, etc.) estão ajudando a disseminar a necessidade de mudança, de evolução e seriedade na produção de alimentos para pessoas cada vez mais esclarecidas e exigentes.
BeefPoint: O que o setor poderia fazer para aumentar sua competitividade no Brasil?
Mario Garcia: Além do citado acima que vejo com muita clareza o movimento no sentido da profissionalização, creio que precisamos começar a investir na formação de profissionais para atuarem no setor. Nas minhas andanças pelo Brasil, vejo muita conversa a respeito da dificuldade de encontrar profissionais para executarem um trabalho condizente com o potencial e tecnologia que temos hoje disponíveis, mas raramente encontro empresas investindo nas pessoas.
Nos outros setores da economia, encontramos um número significativo de empresas que têm formação profissional interna, não seria o caso de pensarmos em algo similar? E se alguns vão questionar que não têm escala para implantarem projeto desta magnitude, estão aí as associações para demonstrarem a força da união!
Você poderia nos contar sobre os acertos? O que fez e deu certo em sua carreira? Qual a sua maior realização?
Mario Garcia: O meu maior acerto foi acreditar no conhecimento como alavanca de mudança, hoje com 23 anos formado em medicina veterinária, fui buscar conhecimento nas áreas agronômica, administrativa, negócios, informática, pessoas e outras, para dar suporte aos projetos das fazendas.
A minha maior realização creio que foi conseguir superar os obstáculos e conseguir fazer parte da nossa empresa Exagro e experimentar a força que temos em conjunto, por isso citei acima o associativismo.
BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?
Mario Garcia: Uma coisa que deu errado para mim foi tentar tocar um volume grande de projetos em paralelo. A princípio parece que está tranquilo mas, a palavra mágica chama-se “imprevistos” e de repente você fica no olho do furacão e nestes momentos, além da paz pessoal, começamos a ver o impacto nas pessoas queridas que estão por perto.
BeefPoint: O que você fez em 2013 que te trouxe mais resultados?
Mario Garcia: Tirar um pouco o “pé do acelerador” e buscar maior eficácia no meu dia a dia! Faz parte deste processo minhas atividades físicas como corredor amador, uma vez que quando estou bem preparado, meu rendimento físico e intelectual têm melhora significativa.
BeefPoint: O que você pretende fazer em 2014? Quais são seus planos?
Mario Garcia: Trabalhar nos processos de gestão de forma a facilitar a implantação destes nas fazendas, aumentando o resultado e consequentemente a competitividade destas empresas. E continuar com minha meta de correr uma maratona por ano pelo menos para manter minha disciplina de treinos e consequentemente minha saúde.
BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?
Mario Garcia: Perspectivas, precisamos demonstrar o potencial da agropecuária, a vastidão de áreas envolvidas do processo produtivo à mesa do consumidor. Todas as profissões têm espaço no meio agropecuário, mas o foco está muito restrito às ciências agrárias, precisamos de envolvimento de profissionais das áreas de engenharia, analistas de sistemas, psicologia, pedagogia, medicina, mecânica, direito, administração, odontologia, marketing, etc.
BeefPoint: Qual o exemplo de pecuarista do futuro do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?
Mario Garcia: Conhecendo alguns pecuaristas de “tirar o chapéu” pelo Brasil, não me sinto à vontade para citar um nome. Eu diria que o exemplo de pecuarista do futuro do Brasil é aquele que está imerso no negócio, que respira e transpira pecuária. É quem acorda com a certeza de que precisa melhorar o que já está bom.
BeefPoint: Em sua opinião, qual fazenda se destaca na pecuária hoje?
Mario Garcia: Pelas mesmas razões do item anterior, eu cito que as fazendas que se destacam são aquelas que estão abertas às mudanças. Gosto muito desta frase do filósofo Heráclito (540 a.C. – 470 a.C.):
“Você pode se banhar duas vezes no mesmo rio mas nunca na mesma água”
Ou seja, tudo está em constante mudança e o nosso papel é nos adequarmos às mudanças aprendendo com elas e construindo valor à partir destas. E mesmo assim, passados 2.500 anos, ainda encontramos muita gente lutando para que as coisas permaneçam como estão ou pior aguardando que voltem a ser como eram antes.
BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas?
Mario Garcia: Desde criança ouvi que o Brasil era o país do futuro, e o futuro chegou e hoje somos o país do presente! Desde o início dos anos 90 quando entrei no mercado como profissional ouvi que a pecuária era o “patinho feio” (baixo retorno, só despesas, etc.) e hoje o “cisne” se apresenta cada dia mais em destaque e tenho certeza que estamos vendo só as primeiras “mudanças de plumagem”, podemos e temos o dever de transformar a pecuária brasileira em algo a ser respeitado e admirado, proporcionando uma vida cada vez melhor para os brasileiros.
8 Comments
Gostei muito da entrevista e parabéns Mario Garcia EXAGRO por seu trabalho, sua visão do negocio, de nossos Pecuaristas e do nosso pais. Realmente temos muito a mudar e a crescer, pois muitos Pecuaristas ainda não têm a visão e principalmente a iniciativa de quererem mudar, muitos são realmente acomodados e não valorizam a mão de obra, o investimento em qualificação e isto é um tiro no próprio pé e acredito que isto só mudara com as novas gerações de pessoas que estão entrando e que ainda vão entrar na administração das propriedades rurais, pois É MUITO DIFICIL de se conseguir mudar as pessoas na forma de pensarem, de enxergarem que é preciso melhorar e que temos como fazer, melhorar e muito o que já esta sendo feito e por muitas vezes são coisas simples de se implantar e esbarramos no quererem fazer.
Saudações.
Cesar Guimarães Galli
Parabéns Mario.
Abraço
Leonardo Hudson
Exagro
Parabéns Mário! Tenho orgulho de ser seu companheiro de caminhadas! É gratificante sermos agentes de mudanças e temos muito trabalho pela frente.
Parabéns pelo seu trabalho Mário!!
Abs
Muito bom Mario.
Gostei da citação, pois nunca havia me atentado de que fora dita em 500 a.C., excelente.
Muito bom.
Parabens, Mário pelas palavras, qdo. te assisti a primeira vez em Londrina, vi q\ era diferente.
Muito bom. Pena que esta realidade, de buscar conhecimento na pecuária, ocorra de forma lenta, com perdas significativas no caminho, de um potencial enorme que o setor tem mas não utiliza. Existe um sério problema de gestão, que começa por não acreditar em investimento. A zona de conforto ainda é enorme. As vezes parece que a atividade é muito mais uma forma de “lazer” que um empreendimento economico, que deve ter resultados sociais, ambientais e luctatividade.