Num trimestre que se avizinhava difícil diante dos custos galopantes do boi gordo no Brasil e das restrições às exportações de carne da Argentina, a Minerva Foods conseguiu entregar uma forte geração de caixa, pavimentando o caminho para outro ano de distribuição de dividendos fartos.
A Minerva reportou ontem um lucro líquido de R$ 116,7 milhões entre abril e junho. Embora tenha havido uma diminuição de 54% em relação ao segundo trimestre do ano passado, é preciso lembrar que a base de comparação era bastante forte, com ganhos extraordinários com hedge cambial.
No segundo trimestre, a Minerva registrou um fluxo de caixa livre de R$ 425 milhões, o que preservou o índice de endividamento mesmo com o desembolso de R$ 384 milhões em dividendos relativos ao ano passado.
“A dívida líquida até caiu para R$ 5,3 bilhões por causa da geração de caixa livre”, afirmou o diretor financeiro da companhia, Edison Ticle, em entrevista. No fim de junho, a alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) da Minerva estava em 2,4 vezes, mesmo nível de março.
A geração da companhia foi favorecida pela melhora em capital de giro, com a redução de cerca de R$ 300 milhões na conta de fornecedores. De acordo com Ticle, a Minerva adianta recursos à vista aos pecuaristas com um desconto de 2,5% a 3% e toma um financiamento com bancos a taxas menores com uma prazo médio de 90 dias, o que reduz as necessidades de capital de giro.
No lado operacional, Paraguai, Uruguai e Colômbia ajudaram a Minerva a fazer uma receita de R$ 6,2 bilhões no segundo trimestre, alta de 42,9% na comparação anual. Na Athena Foods – subsidiária que reúne os frigoríficos da Minerva fora do Brasil -, o volume de vendas cresceu 58,1%. No Brasil, o avanço foi de 6,7%, enquanto o abate de gado diminuiu 6%. No segundo trimestre, a Athena foi responsável por 51% da receita bruta da empresa brasileira.
Como um todo, a Minerva registrou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 544,9 milhões no segundo trimestre, redução de 7,7% ante o mesmo período do ano passado, quando a exportação turbinou as margens. A margem Ebitda ficou em 8,7%, abaixo de 13,4% de um ano antes, mas melhor que os 8,4% do primeiro trimestre.
No lado financeiro, a Minerva conseguiu alongar o prazo médio das dívidas ao longo dos últimos meses, reduzindo o custo desse passivo em cerca de dois pontos percentuais. De acordo com Ticle, cerca de 60% da dívida da companhia só vence em 2028.
“Essa é disparada a melhor estrutura de capital que já tivemos”, afirmou o executivo. De acordo com ele, os recursos disponíveis no caixa da Minerva seriam suficiente para pagar todas as amortizações de dívida da companhia até 2025.
Na bolsa, a Minerva está avaliada em R$ 4,8 bilhões. As ações da companhia caíram 6,7% no acumulado do ano, o que pode fazer do investimento um bom retorno. Com os dividendos no radar, a companhia poderia entregar novamente um yield na casa de 11%, segundo um analista.
Fonte: Valor Econômico.