A missão de sete técnicos do (Acordo de Livre Comércio da América do Norte – Nafta), que inicia seus trabalhos hoje no Brasil para verificar a eficiência do sistema sanitário brasileiro sobre o controle da doença da vaca louca, vai dividir-se em três grupos para avaliar as informações fornecidas pelo governo brasileiro, segundo reportagem de Gecy Belmonte, publicada hoje no O Estado de São Paulo. Serão quatro técnicos do Canadá, dois dos Estados Unidos e um do México. A coordenação ficará aos cuidados do veterinário- chefe da Agência de Inspeção de Alimentos do Canadá, Brian Evans.
Os canadenses ficarão responsáveis pelas informações referentes à alimentação (ração animal) usada pelos animais, enquanto os americanos se encarregarão dos dados referentes ao sistema de rastreabilidade do rebanho nacional (que está sendo posto em prática e permitirá monitorar desde a origem até o abate do animal). O mexicano analisará informações sobre o controle de importações usado pelo Ministério da Agricultura.
O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, informou ontem que o governo ainda não tem um levantamento sobre os prejuízos causados pelo embargo canadense às exportações de carne. “O setor privado ainda está fazendo o levantamento. “De qualquer forma, sabemos que os danos diretos e indiretos são gigantescos.”
Só com a suspensão das exportações de carne bovina e derivados para os Estados Unidos, o País teria perdido, em duas semanas, US$ 5 milhões, considerando que cálculos do Ministério da Agricultura indicam que as perdas semanais são de cerca de US$ 2,5 milhões.
Ele também informou já ter encaminhado ao Itamaraty pedido de notificação à Organização Mundial do Comércio para que sejam criadas regras (com base no Acordo Fitossanitário da entidade) visando a impedir que nações ricas usem medidas políticas para prejudicar outros países, como o Canadá fez com o Brasil.
O ministro, que usava pelo segundo dia uma gravata de fundo azul marinho com estampas de vaquinhas marrons e bege, garantiu que os sete técnicos serão bem recebidos. “São pessoas sérias e competentes. E daremos todas as informações que forem necessárias.” Segundo ele, o governo terá prazer em mostrar fazenda, fábrica de ração ou frigorífico aos técnicos estrangeiros, embora julgue essa visita desnecessária.
Para o ministro, os relatórios apresentados à Agência de Inspeção Alimentar do Canadá tem informações suficientes. “De qualquer forma, achamos essencial que eles conheçam e propaguem as medidas sanitárias adotadas pelo Brasil contra a vaca louca.” Na sua avaliação, a visita dos técnicos permitirá que o Brasil seja o único País do mundo a ter um certificado do Nafta sobre o controle da vaca louca.
Pratini acredita que as reuniões técnicas acontecerão a partir de hoje até sexta-feira, embora não tenha sido informado quando a visita será encerrada.
“Nossa expectativa é de que o embargo seja retirado até o final da semana.
Se isso não ocorrer, vamos ver o que fazer.” O Ministério da Agricultura já está com tudo pronto para receber a missão. Desde a semana passada vêm ocorrendo reuniões, coordenadas pelo secretário de Defesa Agropecuária, Luiz Carlos de Oliveira.
Por Gecy Belmonte, para Agência Estado, publicada no O Estado de São Paulo, 14/02/01