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Nova associação quer resgatar características originais da raça Nelore

Descontentes com o trabalho desenvolvido pela Associação Brasileira de Criadores de Zebu, um grupo de cerca de 50 pecuaristas criou no final do ano passado uma nova instituição: a Associação do Nelore Brasileiro (ANEB).

“A gente resolveu criar essa associação não foi para criticar, mas para se contrapor aos critérios utilizados para avaliação de um bom animal que possa ser recomendado para seleção genética da raça”, explica Fernando Zamora, proprietário da Fazenda Brasil e presidente da ANEB.

O objetivo, explica o pecuarista, é resgatar as características originais do Nelore que levaram a raça a ser escolhida, ainda na década de 1960, como modelo para o país. “Atualmente são medidos critérios de desempenho, mas esqueceram de características importantes da raça. Isso vem desvirtuando a raça e hoje temos animais com excelente desempenho, mas sem caracterização racial”, observa Zamora.

Entre as características consideradas indesejáveis, geradas pelos processos de seleção genéticas atuais, estão animais com costelas maiores, couro grosso e aprumos ruins – quando as patas dos animais ficam desalinhadas, prejudicando seu desenvolvimento. “As vantagens e características essências da raça estão acabando”, reclama o presidente da ANEB.

Registro de touros

A nova associação, explica, também será contra o registro de touros CEIP – classificação criada pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) para animais oriundos de cruzamento de raças diferentes, mas com desempenho comprovado.

“Isso tudo está criando um animal indesejável para o Brasil e precisa ser revisto. Muitas vezes o animal que os sumários trazem como bom não é o melhor. Está tudo errado e foi isso nos levou a criar essa associação”, explica Zamora.

Ele destaca ainda a seleção de bovinos Nelore para a produção de leite – avanços que levaram o Brasil a fechar parcerias nessa área com a Índia este mês.

Seleção genética

Em relação à seleção genética dos animais Nelore, a ANEB avalia que o cruzamento com outras raças tem criado falsos avanços. Isso porque, segundo Zamora, as características adquiridas pela primeira prole não serão, necessariamente, passadas adiante.

“É por isso que eu acredito que esses animais têm desempenho, mas somem do mercado depois de alguns anos porque não têm material genético para transmitir as características necessárias da raça”, avalia o presidente da ANEB.

Com isso, a nova instituição pretende resgatar o valor das pistas de avaliação em leilões, atividade que tem perdido protagonismo na venda de touros reprodutores nos últimos anos. Zamora aponta que, nas pistas de julgamento, tem prevalecido o estado corporal do animal, como peso e tamanho, e o tipo de alimentação recebida.

“Como o animal da pista ficou exigente de comida, o que não condiz com a realidade do produtor, ele se distanciou muito da realidade de produção também. E é isso que a gente quer resgatar através de técnicos que tenham outros critérios de avaliação, para que os animais que sejam avaliados sejam realmente bons animais”, explica o presidente da nova instituição.

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