Confira a opinião de Glauber Silveira sobre o agronegócio brasileiro. Glauber é engenheiro agrônomo com MBA em Gestão Empresarial de Cooperativas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), diretor da Associacão Brasileira do Agronegócio (ABAG) e do Instituto Ação Verde, conselheiro do SENAR-MT e do INPEV, reside em Mato Grosso, no município de Campos de Júlio, onde é produtor rural.
Se tem uma coisa que temos de reconhecer, é que o agronegócio nunca foi tão prestigiado como nesta safra 2013/2014. Tivemos em menos de um mês dois lançamentos de colheita com a presença da mais alta cúpula do comando do país.
O primeiro evento foi no Paraná com a presença da ministra chefe da Casa Civil, e o segundo em Mato Grosso com a presença da presidente da república Dilma Rousseff, acompanhada de dois ministros, o da agricultura e do transporte. Os dois com direito a participação das autoridades operando as colheitadoras, lançando soja pra cima e ainda com a presidente provando soja recém-colhida, algo realmente inédito.
Claro que por um lado isto demonstra o reconhecimento que o setor do agronegócio tem tido pelo governo, mas por outro, não tem aplacado a insatisfação do produtor rural com os governantes. Nas mídias sociais, por exemplo, as críticas são severas em virtude do pouco avanço, principalmente, da logística brasileira. Não que a culpa seja somente deste governo, afinal os anteriores neste quesito também pouco fizeram.
Mas tenho que reconhecer que no discurso a presidente Dilma está sabendo realmente pontuar muito bem todas as angústias do setor. Deixou claro que se preocupa com a aplicabilidade do Plano Safra e destacou que burocracia tem prejudicado a celeridade, seja do programa de armazenagem, que teve pouca efetividade no seu primeiro ano, seja na evolução da eficiência portuária, bem como do sonho de um modal equilibrado e competitivo com ferrovias e hidrovias.
Em Mato Grosso, não poderia ter uma fala mais apropriada, ainda mais quando diz que tem duas fixações: a primeira delas é a FICO (ferrovia que corta o Brasil de leste a oeste) e a segunda são as hidrovias. Dilma aproveitou para destacar que o nosso país foi colonizado por hidrovias e temos que resgata-las. Nada mais justo, já que temos grande aptidão hidroviária.
Ao final do seu discurso, a presidente destacou como pensa que virão as soluções para os gargalos do país, “acredito que devemos olhar o Brasil na perspectiva do médio e longo prazo, enfrentar as diversidades, mas a visão de longo prazo é fundamental para sabermos onde queremos chegar”. E completou dizendo que o agronegócio está entre os dois eixos de sustentação nacional junto com a energia.
Como podemos ver, embora o discurso da presidente esteja em parte alinhado com nossas reivindicações, temas como segurança jurídica no campo, a questão indígena e a ambiental ficaram de fora. E sabemos que todos tem grande relevância para o futuro da produção brasileira e para dar tranquilidade no campo. De qualquer forma, a sinalização e a fala da presidente foram importantes, principalmente se forem transformados em obras e ações.
O mesmo alinhamento e o mesmo tom afinado com as demandas do agro foram percebidos na fala dos outros dois candidatos, Aécio Neves e Eduardo Campos, em reuniões com o setor em São Paulo.
Neste momento, o setor rural parece ter caído nas graças dos candidatos e do governo, com citações como a da presidente Dilma em Lucas do Rio Verde -MT, “o agronegócio é um exemplo para o Brasil, pois a cada ano bate um novo recorde”. E assim espero que, independente de quem for o novo presidente, que ele ou ela possa transformar seu discurso em realidade, continuando a valorizar o agro e suas ações possam tornar o campo mais justo e competitivo.
Fonte: G1, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.