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Otimização de dietas para bovinos. Parte 1/2

Luís Gustavo Barioni1

A formulação de dietas é, em conjunto com a comercialização dos animais e insumos, uma das atividades administrativas mais importantes em sistemas de produção de bovinos confinados, representando usualmente mais de 70% dos custos da atividade. Programação linear é, há várias décadas, largamente utilizada para formulação de dietas para ruminantes e monogástricos (Scott, 1972). Na grande maioria dos modelos de programação linear, o objetivo é a minimização do custo por kg de matéria seca da dieta, sujeita a restrições que permitam que as exigências nutricionais dos animais sejam atendidas (Hertzler, 1988). Essas dietas são comumente denominadas “dietas de custo mínimo”.

Para que uma dieta de custo mínimo seja formulada é necessário definir-se os requerimentos nutricionais do animal, que por sua vez são função do desempenho esperado do animal, uma vez que as exigências de um dado animal é constante somente para um dado nível de desempenho, para o qual a dieta está sendo formulada. Mudanças na composição da dieta geram variação na ingestão de alimentos, requerimentos nutricionais e desempenho animal. Existem, portanto, múltiplas “dietas de custo mínimo” para diferentes níveis possíveis de desempenho animal com exigências nutricionais correspondentes. Dessa forma, uma programação linear simples não irá necessariamente convergir para o mínimo custo de produção ou o lucro máximo, uma vez que ambos são funções não lineares da composição da dieta. Dessa forma, as chamadas “dietas de custo mínimo” não garantem a minimização do custo de produção ou a maximização do retorno econômico da atividade (medido por margem bruta ou outro índice de desempenho econômico), nem tampouco resultam necessariamente no mínimo custo diário da dieta do confinamento. Ela apenas garante que sua solução é a mais barata para uma determinada concentração mínima de nutrientes e desempenho animal correspondente.

A minimização dos custos de produção ou maximização de lucros exige um modelo que permita predição da ingestão de matéria seca e desempenho animal em resposta à composição da dieta. O modelo CNCPS (Cornell Net Carbohydrate and Protein System; Fox et al., 1992) e o NRC (National Research Counci,l 1996) são exemplos de modelos que têm sido extensivamente utilizados para predição do desempenho animal em função da composição da dieta. O RLM (Lanna et al., 1999) é outro programa que contém um modelo capaz de predição do desempenho animal e que tem sido utilizado com grande sucesso por confinadores. Estimativas conservadoras indicam que esse programa, cerca de 12 meses após seu lançamento, já está formulando dietas para mais de 20% dos bovinos confinados no Brasil, reduzindo custos de alimentação na ordem de 5 a 10%.

Detalhes na continuação.

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1 Doutorando, Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP

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