Nas últimas semanas a pecuária de corte tem recebido vários estímulos muito positivos. Começou com o reconhecimento de grande parte do circuito Centro Oeste como livre de febre aftosa com vacinação pela OIE. A seguir vieram e estão vindo notícias de muitas iniciativas relacionadas à produção de carne rastreada e de alta qualidade. Para completar esse ciclo de boas notícias, o governo federal acaba de anunciar um programa amplo de estímulo da agricultura brasileira, não esquecendo dessa vez de incluir a pecuária de corte.
O programa de recuperação de pastagens anunciado se reveste de grande importância para o aumento da produtividade de carne bovina. O montante de áreas de pastagens degradadas e ou de baixíssima produção é assustador e um programa do porte do anunciado era esperado há muito tempo. E a razão dessa ansiosa espera é explicada pelo fato de ser a qualidade e a produtividade das pastagens um fator essencial para que a pecuária brasileira possa tanto competir com outros países na exportação como para abastecer o mercado interno com carne em quantidade suficiente.
Nesse momento é importante conhecer bem quais as causas que levaram à degradação tão abrangente e tão severa das pastagens brasileiras. Pode-se afirmar que entre as causas estão a escolha inadequada da forragem indicada para as diferentes regiões e condições de solo e clima, as deficiências na implantação inicial das pastagens,a baixa fertilidade natural dos solos de cerrados, a estacionalidade da produção de forragem durante o ano, e a nosso ver a mais importante de todas, o manejo inadequado praticado pelos produtores em sua grande maioria.
Muitas vezes, é atribuído uma ênfase excessiva à estacionalidade como causa da degradação de pastagens em nosso meio. Entretanto, estacionalidade é um fenômeno universal, seja por temperatura, umidade e ou luminosidade. Usando as técnicas de manejo disponíveis é possível evitar a degradação e atingir o objetivo de transformar as pastagens de fato em culturas perenes.
Fazendo um parêntesis, a afirmação anterior não quer dizer que do ponto de vista econômico é sempre desejável ter pastagens perenes. Com a evolução das técnicas e equipamentos para plantio direto, a rotação de culturas anuais com pastagens tem sido uma das alternativas para a integração da pecuária de corte e com a produção de grãos. Isto tem causado um grande impacto positivo na evolução técnica da pecuária de corte.
Voltando ao problema do manejo, vamos considerear dois aspectos fundamentais responsáveis pela rápida e extensa degradação das pastagens em nossas condições.
A primeira se refere à falta de reposição de nutrientes básicos e essenciais, principalmente os macrominerais cálcio, magnésio e fósforo. A segunda, e com certeza a de menor custo para ser contornada, é o superpastejo causado pela falta de planejamento do uso das pastagens durante o ciclo anual de produção. Como citado anteriormente, existem alternativas técnicas e econômicas disponíveis para diferentes regiões e situações. Para identificá-las e usá-las adequadamente, há necessidade de um planejamento detalhado (com simulações) e de um gerenciamento eficiente da propriedade rural como um todo.
O ponto princiipal a ser feito nesse comentário é que recuperar a produtividade das nossas pastagens é muito importante, mas a produtividade recuperada é primordial para baixar custos e utilizar eficientemente os escassos recursos disponíveis para a produção de gado de corte.
Um programa de recuperação, por melhor elaborado que seja, terá pouco impacto sem um programa de manejo visando a sustentabilidade da produção das pastagens ao longo dos anos tanto do ponto de vista econômico como do ecológico.