A estratégia dos pecuaristas, com pastos em boas condições, de segurar o gado para sustentar o preço da arroba, tem prazo de validade. Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, alerta que não será possível manter essa prática à medida que se intensifique o período seco de outono/inverno.
“Ainda vamos ter um final de safra entre maio e junho que vai impactar os preços, porque o pecuarista vai acabar perdendo essa capacidade de retenção que ele tem hoje”, disse o especialista.
Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) afirmam que já existem regiões com condições insatisfatórias das pastagens, que dificultam a obtenção de animais prontos para abate só a pasto.
“Isso gera uma grande dificuldade de vermos os preços subindo de maneira agressiva”, acrescentou Iglesias.
O indicador do boi gordo Cepea/B3, referente ao mercado do Estado de São Paulo, terminou a quinta-feira (11/4) cotado em R$ 230,40 por arroba, recuo de 1,20% em relação ao dia anterior.
Pressiona pelo ciclo de alta na oferta de animais para abate, a arroba bovina acumula queda de quase 10% neste ano, de acordo com o indicador.
No atacado da Grande São Paulo, levantamento do Cepea mostra que o mercado da carne com osso segue em ritmo lento, sem exigir pressão de compra pelos frigoríficos, que continuam com escalas confortáveis.
Na avaliação do Cepea, um alento poderá vir do mercado internacional, caso o ritmo de exportações de carne bovina in natura se mantenha elevado, como na primeira semana deste mês, depois de quedas em fevereiro e março.
“Se mantido esse ritmo, a demanda de frigoríficos pode se intensificar e trazer algum ânimo a pecuaristas, especialmente aos paulistas”, estimaram os especialistas do Cepea.
Fonte: Globo Rural.