A JBS anunciou o investimento de R$ 150 milhões em sua unidade Campo Grande II, em Mato Grosso do Sul, para dobrar a capacidade de processamento daqui a um ano, de 2,2 mil para 4,4 mil animais. Com isso, a planta se tornará a maior unidade de bovinos na América Latina e uma das três maiores da JBS no mundo. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (12/4) pelo CEO global da companhia, Gilberto Tomazoni, durante evento com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Com a expansão, o número de funcionários da planta também será duplicado, de 2,3 mil para 4,6 mil pessoas.
“Operamos em muitos países ao redor do mundo e nenhum deles é hoje tão atrativo quanto o Brasil para se investir no agronegócio”, disse Tomazoni. “Estamos investindo R$ 3 bilhões em Mato Grosso do Sul. Estamos muito otimistas com o Brasil”, acrescentou.
As declarações foram dadas durante evento que marca o primeiro embarque de carne bovina dessa fábrica para a China. A unidade Campo Grande II da JBS foi uma das 38 habilitadas pelo governo chinês, em 12 de março deste ano.
A planta foi adquirida pela JBS em 2010 e produz, todos os dias, 440 toneladas de carne e 136 toneladas de hambúrgueres (ou 2,4 milhões de unidades). Além da China, a fábrica pode exportar para Estados Unidos, Argélia, Egito, Emirados Árabes Unidos, Argentina, União Europeia e Chile, entre outros.
Tomazoni ainda se posicionou como apoiador às políticas de combate à fome do governo federal. “Presidente, conte conosco na sua agenda de combate à fome, essa também é nossa agenda”, afirmou à Lula.
Além do CEO da JBS e Lula, participaram do evento o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, a ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, entre outras autoridades públicas e lideranças empresariais.
Antes da mais recente rodada de habilitações pela China, o Brasil contava com 106 plantas habilitadas para exportar ao país asiático. Agora são 144. Mato Grosso do Sul tinha apenas três fábricas de proteína bovina aprovadas e passou para nove. O Estado foi o que mais teve novas habilitações no anúncio do mês passado.
Com as liberações, as unidades de produção de bovinos de Mato Grosso do Sul agora podem embarcar um volume equivalente a 2,3 milhões de animais, acréscimo de 1,87 milhão. Antes, o número de exportação para a China alcançava o equivalente a, no máximo, 467 mil cabeças.
Considerando a participação de processamento no Estado, o potencial de embarque para a China subiu de 11,4% para 57,1%, conforme dados do governo federal.
Durante o evento, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmou que a balança comercial brasileira tem potencial para chegar a US$ 1 trilhão nos próximos anos, dada a capacidade que o país ainda tem para produzir e vender seus produtos.
“Em 2005, quando assumi a primeira vez a presidência, a gente atingiu pela primeira vez um fluxo comercial de US$ 100 bilhões. Quando deixei a presidência, eram US$ 482 bilhões. Hoje nosso fluxo comercial de exportação e importação é de US$ 560 bilhões. Se a gente souber trabalhar, em 10 anos, a gente chega a US$ 1 trilhão”, estimou.
Lula ressaltou que, no ano passado, chegou a se reunir com mais de 110 presidentes no mundo, com o intuito de abrir portas aos produtos nacionais. A partir de então, ele deu aval para que seus ministros negociassem possíveis ampliações das exportações.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também participou do evento e lembrou que, desde o início de sua gestão, foram abertos 105 mercados para produtos agropecuários brasileiros.
Na visão de Lula, a realização de eventos globais no Brasil, como a reunião da cúpula de líderes do G20 neste ano, e em 2025 a reunião dos países que compõem o Brics e a conferência do clima COP 30, devem contribuir para expandir a presença dos produtos brasileiros no mercado internacional.
Lula aproveitou a realização do evento em Mato Grosso do Sul para se colocar à disposição do governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), na aquisição de terras em que possam ser alocados povos indígenas.
“Governador, vamos comprar em sociedade uma terra para a gente salvar os Guarani que vivem perto de Dourados, na beira da estrada. Se você encontrar as terras, o governo federal será parceiro”, disse ele.
Fonte: Globo Rural.