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Péricles Salazar aponta pontos fracos do setor

Péricles Pessoa Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO), enviou uma resposta muito inretessante a um leitor do BeefPoint que iniciou uma discussão a respeito da profissionalização do setor frigorífico brasileiro. Neste cometário Salazar aponta os pontos fracos da cadeia e quais devem ser melhor trabalhados.

Péricles Pessoa Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO), enviou uma resposta muito inretessante a um leitor do BeefPoint que iniciou uma discussão a respeito da profissionalização do setor frigorífico brasileiro . Para acompanhar esse assunto acesse a entrevista concedida por Salazar ao BeefPoint: “Péricles Salazar expõe a visão da Abrafrigo sobre a atual crise dos frigoríficos“. Abaixo leia a carta na íntegra.

“Confesso que a sua abordagem me fez refletir um pouco antes de responder. Isto porque ela é diferente dos temas que normalmente estou acostumado a tratar.

Você tem razão em muitos aspectos. Os frigoríficos brasileiros, com várias exceções, ainda se ressentem de uma administração mais organizada e profissional. Isto se explica por variadas razões, sendo as principais as seguintes:

1) o dono do frigorífico é um self-made-man, de origem humilde e que não teve tempo para aprofundar os seus estudos;

2) via de regra, prevalece a tese de que se sempre deu certo, por que mudar?

3) o ramo é contaminado por uma legislação tributária arcáica e deficiente, a qual estimula a atividade clandestina ensejando a competição desleal;

4) ausência de visão estratégica de longo prazo, concentrando todas as energias na superação das dificuldades do dia-a-dia;

5) extrema volatilidade dos preços do boi, da carne e dos diversos sub-produtos, gerando expectativas e incertezas quanto ao futuro próximo;

6) a baixa rentabilidade do negócio impede investimentos em modernização, logística e inteligência corporativa;

7) o setor frigorífico é atomizado sendo o preço da carne no mercado determinado pela oferta e procura, na maioria das vezes sem que no custo esteja incluído o ônus tributário, em razão da concorrência dos clandestinos;

8) o oligopsônio dos grandes supermercados pressiona e achata a lucratividade da indústria, sem vantagens para o consumidor em função das altas margens por eles praticadas, inibindo o desenvolvimento da cadeia produtiva como um todo;

9) a elevada inadimplência do pequeno varejo, ao lado da baixa rentabilidade, dificulta ainda mais a capacidade de geração de caixa necessária aos investimentos; e

10) a histórica desunião entre os elos da cadeia produtiva dificulta o diálogo com as autoridades, afetando a todos indistintamente.

Mas, assim mesmo, com todos estes problemas, o setor é viável e extremamente dinâmico. Exatamente em função deles muito ainda há o que se fazer.

Vence quem tem força de vontade, inteligência e lealdade para com os seus pares. O jeitnho e a astúcia desleal pagam os seus preços. O sucesso é fruto de muita dor e dedicação. Começar construindo a imagem de sério, disciplinado e útil é o primeiro passo para a prosperidade. O resto será consequência.”

Clique aqui para ler mais opiniões sobre este assunto.

0 Comments

  1. Josmar Almeida Junior disse:

    Parabéns.

    Um belo prefácio de um estudo aprofundado dos problemas de nossa cadeia.

    Sem dúvida o setor dos “grandes frigoríficos” ficaram cegos estrategicamente diante da grande mina de ouro que a pecuária foi para eles nos últimos anos.

    Mas vale ressaltar que não faltou visão estratégia apenas aos vorazes “grandes frigoríficos”, faltou também ao BNDS, que não deixou faltar “sebo nas canelas” de seus apadrinhados, basta ler a notícia “Independência apresenta diagnóstico da dívida” na seção giro do boi.

    Prezados Péricles Salazar e Everaldo da Silva franco, nosso mercado precisa disto, gente nova, novas propostas e muito, mas muito mesmo profissionalismo.

    Abraços.

  2. Helcio Antonio Nalesso Junior disse:

    Parabens Pericles Salazar, sou um pequeno frigorifico no noroeste de Mato Grosso, sinto na pele tudo que foi relatado, trabalho com muita cautela e muita prudencia, mas pago o preço por ter concorrentes desleais e mal organizados. Acredito muito em trabalho arduo e seriedade. Paz e bem.

  3. Alexandre Amarante de Campos disse:

    Somos reconhecidos mundialmente como os mais eficientes produtos de gado de corte , exportamos para 156 Países, e quando temos que falar de mercado interno só aparecem problemas. E hora de mudanças, o mundo mudou e se os Frigoríficos que tem a enorme responsabilidade de abastecer o nosso “valiozo” mercado interno não buscarem maneiras diferenciadas que vender carne, parar de ficar apenas leiloando preços e agregar valor na venda do produto, o tempo vai se encarregar deles, pois a competitividade e brutal.

    A desoneração tributária é crucial para a continuidade principalmente dos médios e pequenos.

  4. Eugenio Mario Possamai disse:

    Falta punição para os aventureiros.
    Abraços.

  5. Marcos da Rosa disse:

    Com esta crise de confiança acirrada em função do não recebimento do abate de nosso gado, e as incertezas do mercado, bem como, a transparencia da ma administração dos frigorificos que estão em recuperação judicial, a demosnstração da voracidade insaciavel e irresponsável do crescimento destes frigorifiocos, a iresponsabilidade dos bancos em fazer empréstimos sem observar capacidade de pagamento real e o pior sem garantias reais, nos forçou a um amadurecimento de nossa relação com a cadeia, com a qualidade de nossa materia prima, para discutirmos um novo momento de comercialização bovina, buscando a confiança, o conhecimento e a parceria para um futura de rentabilidade de todos os elos deste processo. O Sr. Percicles Salazar parece estar aberto, para com sinceridade e uma real parceria iniciarmos este novo momento. Vamos em frente.

  6. Péricles Pessoa Salazar disse:

    Prezado Marcos da Rosa

    Agradeço por suas considerações. Eu tenho pessoalmente empenhado todos os meus esforços para criar um ambiente positivo de confiança e sinceridade nas relações com os produtores e suas entidades representativas.

    Acredito que já passou do tempo de pecuaristas e indústrias estebelecerem uma relação harmoniosa de respeito e confiança recíprocos. Não vamos conseguir este objetivo no curto prazo, mas se não dermos o primeiro passo, nunca a alcançaremos.

    Penso, inclusive, e não sei se estou sonhando, em realizarmos juntos um primeiro grande simpósio, onde poderíamos debater as grandes questões que envolvem a nossa cadeia produtiva. Pecuaristas e frigoríficos, lado a lado, lutando a favor do seu negócio e das suas possibilidades de progresso.

    Está lançada a idéia. Tomara que prospere. Estou à disposição para discutirmos idéias e projetos que possam melhorar a vida do produtor e aliviar as índústrias dos problemas que as afligem.

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