Uma rede de pesquisadores começa a se formar para subsidiar as estratégias do país para evitar perdas no setor de exportação de carne bovina, que em 2003 deu ao Brasil a primeira colocação no ranking mundial, resultado da mobilização da diretoria da Embrapa para subsidiar ações da empresa e do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) na prevenção à disseminação do mal da “vaca louca” (Encefalopatia Espongiforme Bovina – EEB), doença detectada no rebanho americano em dezembro último.
Uma audioconferência realizada na segunda-feira (05), a partir da sede da empresa, em Brasília/DF, uniu pesquisadores de cinco unidades da empresa no Brasil e dos laboratórios virtuais (Labex) na França e EUA, e técnicos do Mapa em torno de questões de defesa sanitária dos rebanhos brasileiros.
“Além de gerar tecnologia, a Embrapa deve dar subsídios para a formulação de políticas setoriais”, justifica a diretora executiva Mariza Luz Barbosa, que coordenou a conferência. Entre os temas debatidos teve destaque a metodologia para detecção de componentes ou resíduos de origem animal nas rações destinadas a ruminantes. O método foi desenvolvido pela equipe do pesquisador Carlos Bloch Jr., da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em 2000.
A metodologia descrita na patente depositada pela Embrapa, em 2002, utiliza a espectrometria de massa e outros recursos para detectar proteínas de origem animal em rações a venda no mercado.
Método
A Embrapa vê a possibilidade de essa tecnologia auxiliar não apenas o Brasil como países do Mercosul, em especial, e até oferecer alternativa para outros países produtores, no monitoramento da qualidade da ração e evitar a contaminação de rebanhos.
No Brasil, o uso de proteína animal na fabricação de ração para bovinos está proibido e o risco de desenvolver a “vaca louca” é pequeno porque o rebanho brasileiro, em sua maioria, se alimenta de pastagens.
Até então os métodos de detecção utilizados em todo o mundo (microscopia óptica, ELISA e PCR) têm limitações quanto à sensibilidade e à precisão dos resultados, o que não ocorre com a metodologia desenvolvida pela Embrapa, que acusa a presença de proteínas de origem animal em até uma parte por bilhão na amostra analisada.
O tempo para expedição do laudo é de aproximadamente 72 horas e foram investidos no desenvolvimento da tecnologia cerca de 300 mil reais.
Segundo a diretoria executiva da Embrapa, o método já foi apresentado à Comissão para Agricultura da Comunidade Européia, que elogiou a qualidade técnica das análises. No momento, aguarda-se o reconhecimento desse teste pelos órgãos competentes de outros países.
Aliada ao rastreamento de animais, a adoção sistemática da metodologia pelos fabricantes de ração e órgãos fiscalizadores, segundo Bloch, conferiria inédita transparência ao processo de produção de carne “ao viabilizar o fornecimento do certificado da origem e do processo de fabricação das rações junto ao mercado consumidor”.
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento criou três grupos de trabalho encarregados de elaborar um posicionamento estratégico para o Brasil diante da ocorrência do mal da “vaca louca” no rebanho de outros países. O pesquisador Kepler Euclides Filho, chefe-geral da Embrapa Gado de Corte, lidera o grupo responsável pela definição de ações relacionadas à definição de procedimentos voltados à prevenção da EEB.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Embrapa, adaptado por Equipe BeefPoint