Um quarto dos consumidores dos Estados Unidos disse que o medo gerado pelo surgimento de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a doença da “vaca louca”, no país os levou a desconfiar da segurança da carne bovina doméstica, segundo uma pesquisa divulgada no último sábado.
Uma pesquisa realizada pela CNN-Time mostrou que 27% dos norte-americanos consultados disseram que a descoberta de uma vaca em Washington com a doença os deixou pensando que a carne bovina do país não é segura. Dois terços dos entrevistados, no entanto, ou 66%, disseram que acham que a carne bovina doméstica é segura.
Após a descoberta de um caso de EEB no final de dezembro, oficiais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estão isolando animais que possam ter sido expostos à doença e, provavelmente, alguns serão destruídos. Os oficiais acreditam que serão capazes de garantir que este caso da doença não tenha afetado a qualidade da carne bovina fornecida no país.
Três quartos dos entrevistados disseram que acham que a carne bovina que compram em lojas locais é segura, enquanto 18% disseram que acham que o produto não é seguro, devido à EEB. Cerca de um quarto dos entrevistados disse que deixou de comer carne vermelha ou reduziu seu consumo após a descoberta da doença no país.
Somente 7% pararam totalmente de consumir o produto, enquanto 19% disseram que reduziram o consumo. Outros 63% disseram que continuam consumindo a mesma quantidade de carne bovina de sempre e 9% disseram que não comiam carne vermelha antes do anúncio da doença, e continuam não consumindo.
A pesquisa, feita com 1.004 adultos dos EUA, foi realizada entre 30 de dezembro e 1o de janeiro e tem uma margem de erro de aproximadamente 3%.
Confiança continua
De acordo com outra pesquisa, do Beef Checkoff Program, realizada na semana passada (29 e 30 de dezembro), os consumidores continuam confiantes na segurança da carne bovina norte-americana a despeito do caso da “vaca louca”.
A pesquisa, promovida pela Associação Nacional dos Criadores dos EUA (National Cattlemen’s Beef Association – NCBA) e efetuada pela IPSOS-Reid, é estatisticamente representativa da população adulta norte-americana e tem margem de erro de 3,2% para mais ou para menos.
Segundo seus dados, a conscientização entre os consumidores a respeito da EEB chegou a 96% após a descoberta do caso, contra 61% em setembro. Em setembro, o índice de confiança era de 88%; na semana passada, foram registrados 89%.
“Os resultados demonstram que nossos esforços para garantir aos consumidores a segurança e o abastecimento alimentar estão tendo algum impacto”, comentou Andy Tucker, presidente do Cattlemen’s Beef Board e produtor da Flórida. “Agora, precisamos avaliar de maneira agressiva todos os meios de trabalhar nos canais de varejo e serviços para alavancar a carne no mercado doméstico”.
A equipe de marketing de varejo e serviços da NCBA, por exemplo, trabalhando sob contrato checkoff, tem contatado executivos para encorajar características adicionais e menus especiais de produtos da carne. Outras possíveis iniciativas para alavancar os produtos rapidamente estão sendo examinadas.
Esforços domésticos para incrementar o marketing têm sido lançados ao mesmo tempo pela NCBA, que tem trabalhado com grupos industriais para encorajar parcerias estrangeiras para abrir as portas à carne norte-americana. Atualmente, cerca de 90% do mercado de US$ 3,5 bilhões das exportações do produto estão fechados.
“Um incremento significativo no atual mercado depende muito da disposição dos parceiros estrangeiros de basear suas decisões na ciência e reconhecer a completa segurança e abastecimento do produto que vendemos”, disse Eric Davis, produtor de Bruneau, Idaho, presidente da NCBA. “Devido à importância da confiança que nossos consumidores mostraram em nossos produtos, é o mercado externo que perdemos que tem causado a maior tensão entre nossos produtores”.
Davis disse que o veto às exportações da carne dos EUA causou um temporário excesso de produção que deverá ser absorvido internamente. Além disso, pelo menos US$ 200 milhões em produtos de carne enviados a outros países, e que têm sido devolvidos, precisarão ser distribuídos.
Randy Blach, vice-presidente executivo do Cattle-Fax, disse que, durante o último bimestre de 2003, a produção de carne chegou a um nível historicamente baixo, com o menor consumo per capita desde a década de 1970.
“Com os preços caindo dez a 15% desde o anúncio do caso da ‘vaca louca’ em Washington, os operadores do mercado poderiam aumentar o incentivo às características da carne e comercializar numerosos cortes especiais”, disse Blach. “Esta ação é mais atrativa pela contínua força da confiança dos consumidores na carne dos EUA”. Os preços nacionais do boi estão 20% menores que os de antes do anúncio da doença, e mostrando sinais de estabilidade.
O que não se sabe, de acordo com Blach, é que quantia do produto destinado aos EUA pela Austrália e pela Nova Zelândia será redirecionada a países do Pacífico. Este será um fator determinante sobre a quantidade a ser absorvida pelo mercado doméstico no curto prazo.
Davis disse que tanto produtores quanto consumidores serão afetados pelos eventos recentes.
“Como produtores de carne dos EUA, reconhecemos nossa responsabilidade de prover um produto seguro e suficiente para os consumidores”, disse. “Ao mesmo tempo, como a maior organização de criadores do país, a NCBA também tem uma enorme responsabilidade de ajudar a manter o desenvolvimento de um marketing seguro e saudável para nossos produtores. Continuaremos a trabalhar para desenvolver mercados domésticos e internacionais que comprovem a segurança e o valor dos produtos de carne norte-americanos”, acrescentou.
Fonte: Newsobserver.com e NCBA, adaptado por Equipe BeefPoint