Engrossando o movimento iniciado em Goiás e São Paulo para elevar o preço da arroba do boi, pecuaristas do Paraná também deverão se mobilizar para suspender a venda do animal gordo para os frigoríficos exportadores. A ação no estado deve acontecer em abril, coincidindo com a realização da Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina. A informação é do presidente da Sociedade Rural do Paraná, Edson Luiz Neme, que participa na próxima sexta-feira, em Umuarama, da reunião dos conselhos das sociedades rurais do estado. ”Vamos discutir a forma que faremos a mobilização”, adiantou Neme.
Ele participou, em Goiânia, de reunião promovida pelo Fórum Permanente Nacional da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para discutir novas regras de comercialização do boi gordo com a indústria frigorífica. ”Lá, o movimento já começou e a venda está sendo reduzida”, disse.
Além da ação imediata de retirada das escalas de abate nos próximos 30 dias para reduzir a oferta de animais e, assim, pressionar a indústria frigorífica a melhorar os preços praticados, outra ação definida no encontro é a criação de uma central de comercialização. Há também a sugestão de que o setor agropecuário organize uma cooperativa central, para facilitar a comercialização.
O pecuarista londrinense Alexandre Turquino, que tem propriedade em Eldorado, no Mato Grosso do Sul, disse que naquele estado já está começando a mobilização. Pecuaristas vão fechar uma rodovia para protestar contra os baixos preços da arroba do boi. ”Os frigoríficos não estão repassando aos pecuaristas o que o mercado internacional está pagando”, comentou.
Também reclamou da situação o pecuarista José Antonio Fontes, que tem propriedade em Guaravera. ”Para a iniciativa dar certo é preciso que a SRP tome a frente do movimento. O produtor isolado não vai conseguir nada”, comentou Fontes. Para ele, aqueles pecuaristas que tiverem condições de deixar o boi no pasto, nesse momento, é a melhor alternativa.
O preço da arroba do boi é uma questão de sazonalidade na visão do analista de pecuária do Instituto FNP, de São Paulo, Geide Figueredo. Ele acrescenta ainda que em época de safra o preço do boi gordo começa a recuar. ”Enquanto tiver oferta, o preço cai mesmo”.
Segundo Figueiredo, com o movimento que está surgindo existe uma chance do preço subir, desde que a larga maioria dos pecuaristas segurem as vendas.
De acordo com ele, a cadeia da carne bovina é diferente das cadeias de suíno e frango, por exemplo. ”Nessas, a organização é maior. A cadeia da carne e o frigorífico são inimigos mortais”, comenta o analista, acrescentando que se o ”pessoal fraquejar, o mercado volta a se equilibrar”.
O analista diz que o final do mês é um período de consumo de carne considerado ruim, até porque as pessoas recebem seus salários no início do mês. ”Se unir o consumo menor e as ofertas retraídas, a tendência é o preço subir nos próximos dias”, estima, aconselhando o produtor que tiver condições, deixar mesmo o boi no pasto para esperar o preço melhorar.
Fonte: Folha de Londrina/PR (por Vera Barão), adaptado por Equipe BeefPoint