Coréia tem primeiro caso suspeito de vaca louca
1 de fevereiro de 2001
Índices reprodutivos em gado de corte
4 de fevereiro de 2001

Preço do boi gordo subiu 30% em 2000

Segundo reportagem de José Alberto Gonçalves, publicada hoje na Gazeta Mercantil, o preço médio do boi gordo fechou o ano com alta de 30% sobre a média registrada em 1999. Tomando como base o noroeste de São Paulo, a cotação média ficou em R$ 40,40 a arroba, de acordo com dados da FNP Consultoria. Parte da alta é explicada pelo ajuste do mercado ao novo cenário cambial criado pela desvalorização do real em janeiro de 1999. Em dólar, o aumento foi menor, de 18%, para US$ 21,90, ainda inferior às médias de 1994 a 1998.

Analistas da FNP avaliam que os criadores ganharam mais dinheiro no ano passado, apesar de o preço da arroba ter ficado abaixo das expectativas previstas. Segundo José Vicente Ferraz, da FNP, a alta nos custos de produção, por conta da elevação nos preços de insumos dolarizados e da quebra na safra de grãos em meados de 2000, limitaram os ganhos do pecuarista. Sem detalhar números, Ferraz estima que a renda dos pecuaristas cresceu entre 5% e 6% em 2000, na comparação com 1999.

O aumento nas exportações de carne fresca e o ajuste do mercado ao novo cenário cambial ajudaram a sustentar as cotações, que oscilaram pouco nas médias mensais, entre US$ 21 e US$ 23 a arroba, à exceção de maio e dezembro, quando os valores foram mais modestos, US$ 20 e US$ 20,90, respectivamente.

Como Ferraz, Alcides de Moura Torres Júnior, da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP), assinala que os confinadores foram os mais prejudicados pela frustração da alta prevista para o final do ano. “Eles gastaram muito para segurar o gado até dezembro na esperança de que os preços passassem dos R$ 45.”

A recuperação dos preços ao longo de 2000 e a expectativa de cotações próximas dos US$ 24 no final do ano motivaram os confinadores a investir na ampliação de seus rebanhos. De acordo com estimativa da FNP, a engorda intensiva (confinamento, semi-confinamento e pastagens de inverno) envolveu 5,210 milhões de cabeças em 2000, 17% mais que em 1999. Somente o rebanho confinado cresceu 20%, para 1,860 milhão de cabeças. No início do ano, a FNP previa que a engorda intensiva atingiria 4,460 milhões.

A recuperação da economia poderá gerar ganhos adicionais de preço aos pecuaristas em 2001, avaliam analistas e criadores. “A confirmação do aumento do salário mínimo para R$ 180 a partir de maio favorecerá um maior consumo de carne bovina”, avalia Torres Júnior.

Para o pecuarista José Evandro Pádua Vilela, de Ituiutaba (MG), a queda nos juros também está sendo benéfica ao setor, ao permitir a contratação de linhas de financiamento mais baratas para a reforma do pasto, entre outras atividades na propriedade, que indiretamente propiciam incremento na produtividade do rebanho e melhoria na qualidade da carne. Em 2000, o pecuarista estima ter faturado aproximadamente R$ 1 milhão com a venda de bois de seu rebanho de 6 mil cabeças, cifra 20% superior à de 1999.

A concentração do varejo é um elemento que joga cada vez mais contra a lucratividade dos criadores. Ferraz observa que o aumento no poder de barganha das grandes cadeias de supermercados nas negociações de preço com os frigoríficos está estreitando as margens.

Por José Alberto Gonçalves, para Gazeta Mercantil, 02/01/01

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress