Antonio Berhongaray, secretário da Agricultura argentino, afirmou ontem que o Brasil só está ameaçando fechar as fronteiras com a Argentina porque o país “tem 150 milhões de cabeças de gado e a maior parte delas tem aftosa”. A notícia, divulgada pela agência “Noticias Argentinas”, não foi comentada pelo Ministério da Agricultura daquele país.
“Os que falam de aftosa são os mesmos que querem que percamos os mercados dos EUA e do Canadá, os mesmos que querem que voltemos à situação de 1992, quando o preço das vacinas estava a US$ 1 e o quilo do novilho estava a US$ 0,65 e não US$ 0,90, como hoje” afirmou o secretário, que não disse se o recado era para o Brasil ou para aos pecuaristas argentinos, que têm apresentado seguidas denúncias de focos da doença.
O governo argentino teme que o fechamento da fronteira com o Brasil faça com que os países integrantes do Nafta não reabram em definitivo seu mercado à carne argentina. A suspensão das compras por esses países ocorreu em agosto do ano passado, sendo retomado no final do ano, mas os negócios estão amparados com uma licença especial que vence no próximo dia 24.
Víctor Machinea, diretor da Senasa, órgão argentino de fiscalização sanitária, iniciou ontem uma viagem aos países do Mercosul para explicar a situação do rebanho.
Machinea tem até amanhã para convencer os técnicos brasileiros que seu país está livre da doença. Luiz Carlos de Oliveira, secretário de Defesa Agropecuária do Brasil, afirmou que o país não tomaria medidas antes de fazer uma consulta ao parceiro.
(Por José Alan Dias, para Folha de São Paulo, 21/02/01)