André Alves Souza1 e Celso Boin2
A ração é o investimento mais caro do confinamento perfazendo ao redor de 70-80% dos custos totais. Um aumento na eficiência de utilização de alimentos pode levar a consideráveis retornos em relação a investimentos em outras áreas do sistema de confinamento.
O amido tem sido o principal nutriente na dieta de animais de alta produção. Ele é formado pela amilose e amilopectina, sendo a primeira porção mais digestível que a segunda devido à sua conformação espacial. A maximização da utilização desse nutriente causa uma melhora na eficiência produtiva.
A principal fonte de amido na ração de bovinos confinados são os cereais, sendo mais comuns o milho e o sorgo. Nos cereais os grânulos de amido são envolvidos por uma matriz protéica de difícil digestão, que com o processamento será quebrada ocorrendo a exposição do amido às enzimas digestivas. A quebra do grão promove também um aumento da superfície de contato, melhorando a atuação dos microorganismos ruminais e das enzimas. Além melhorar a eficiência alimentar (diminuir a quantidade de ração por unidade de ganho), o processamento permiti também uma maior homogenização da ração, diminuindo os riscos de distúrbios metabólicos.
Existem vários fatores que afetam a digestibilidade do amido: eles: fonte do grão, tipo de processamento, proporção de amilose e amilopectina, matrizes protéicas e estádio de maturação do endosperma. O processamento vai alterar o local, taxa, e extensão de digestão do amido, proporcionando aumento na digestibilidade do mesmo no rúmen e no trato total. Estando mais digestível no rúmen o amido vai promover uma maior produção de ácidos graxos voláteis, levando a aumento do crescimento microbiano com aumento da produção e passagem de proteína microbiana para o intestino.
Há várias formas de processamento:
* Mecânico
* Temperatura
* Umidade
* Pressão
* Químico
* combinação dos métodos
Processamento mecânico (r) moagem e laminação a seco (equivalente moagem grossa).
Processamento úmido (r) colheita precoce com 25-32% de umidade e armazenamento anaeróbio.
(r) reconstituição com adição de água até 25-30% de umidade e armazenamento anaeróbio.
Processamento com vapor (r) floculação – 30-50 min de vapor seguido de laminação.
Calor seco – micronização (queimadores infravermelhos), pipoca (explosão c/ calor seco), tostagem.
Quando se utiliza os processamentos por temperatura e umidade, ocorre a gelatinização do amido promovendo um desarranjo na sua estrutura molecular, melhorando a digestão. Nos processos em que se usa temperatura e pressão, essas necessitam ser muito bem controladas para que não ocorra superaquecimento e consequente queda da digestibilidade do alimento, tornando todo o processo inútil.
A escolha de qual processamento utilizar deve ser tomada com muita cautela devido aos custos envolvidos em aquisição de maquinários, operação e manutenção. Nessa avaliação não poderá deixar de ser considerado o tipo de grão e a quantidade de animais a serem arraçoados.
Referências bibliográficas
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ZINN, R.A.; ADAM, C.F.; TAMAYO, M.S. Interaction of feed intake level on comparative ruminal and total tract digestion of dry-rolled and steam-flaked corn. J. Anim. Sci. , v. 73, p. 1239-1245, 1995.
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1. Curso de Mestrado, Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP
2. Celso Boin, Eng. Agr., PhD, Prof. Convidado,ESALQ/USP, Consultor