Produtores de gado canadenses alertaram que o custo da carne bovina “aumentará significativamente em ambos os lados da fronteira” após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, seguir adiante com seu plano de longa data de impor tarifas significativas sobre três importantes parceiros comerciais.
No sábado, Trump assinou uma ordem executiva aplicando tarifas de 25% sobre todas as importações do Canadá e do México (com exceção do petróleo e produtos energéticos canadenses, que terão uma tarifa de 10%) e tarifas de 10% sobre produtos vindos da China.
As sanções entram em vigor na terça-feira, 4 de fevereiro.
O México e o Canadá fornecem grandes quantidades de gado de recria e de abate ao sistema de produção dos Estados Unidos todos os anos, exportando, respectivamente, 1,2 milhão e 730.000 cabeças de gado em 2023.
As exportações de gado do México foram temporariamente suspensas pelo USDA em novembro de 2024 devido à detecção da bicheira do Novo Mundo no sul do México.
O USDA suspendeu a proibição e anunciou a retomada das importações de gado e bisões do México no sábado, 1º de fevereiro – no mesmo dia em que o presidente Trump anunciou as novas tarifas de 25%.
A Associação Canadense de Pecuária (Canadian Cattle Association – CCA) e a Associação Nacional de Engordadores de Gado (National Cattle Feeders’ Association) expressaram sua “extrema decepção” com a implementação das tarifas de 25% a partir de terça-feira, 4 de fevereiro.
“A integração da cadeia de suprimentos de gado vivo e carne bovina da América do Norte é única no mundo, contribuindo para a segurança alimentar e para os sistemas alimentares locais e regionais”, disse Nathan Phinney, presidente da CCA, em um comunicado.
“Os Estados Unidos e o Canadá possuem o maior fluxo de comércio bidirecional de gado vivo e carne bovina do mundo.
“O gado nascido nos Estados Unidos é alimentado em confinamentos canadenses antes de retornar aos Estados Unidos para o processamento.
“As tarifas aumentariam significativamente o custo de processamento do gado e, consequentemente, o custo da carne bovina em ambos os lados da fronteira.”
Will Lowe, presidente da Associação Nacional de Engordadores de Gado do Canadá, disse que um número substancial de bovinos vivos era transportado do Canadá para os Estados Unidos para processamento.
Os frigoríficos americanos dependiam do gado canadense para manter a capacidade máxima de processamento, além de gerar benefícios econômicos significativos e oportunidades de emprego nos estados do norte dos EUA.
Phinney afirmou que os produtores canadenses esperavam que os acordos comerciais “fossem respeitados e honrados”.
“O comércio internacional avança por meio de negociação e compromisso, como ocorreu na revisão do NAFTA pelo próprio presidente Trump.”
O comunicado afirmou que os canadenses compram, em média, US$ 722 por pessoa em produtos agrícolas dos EUA a cada ano, enquanto os americanos compram apenas US$ 118 por pessoa em produtos agrícolas canadenses anualmente.
“O impacto dessa tarifa sobre os produtores de gado será imediato e severo”, disse Lowe.
“O setor de gado é um mercado altamente integrado na América do Norte. Ao lidar com animais vivos, não é possível se adaptar rapidamente, e essa tarifa pode prejudicar gravemente a renomada indústria de carne bovina em ambos os lados da fronteira.”
O comunicado afirmou que a indústria canadense de carne bovina buscará uma isenção e defenderá qualquer tipo de apoio necessário para os produtores canadenses.
“O impacto da tarifa será sentido pelos produtores de carne bovina e por toda a agricultura na América do Norte, colocando em risco empregos americanos ao longo de toda a cadeia de valor e aumentando os custos para os cidadãos do Canadá e dos Estados Unidos, tanto nos supermercados quanto nos restaurantes.”
Trump também indicou que novas medidas comerciais devem ser anunciadas em meados de fevereiro, possivelmente impactando as exportações australianas de produtos farmacêuticos e alumínio.
O Ministro do Comércio da Austrália, o senador Farrell, disse ao Australian Financial Review que busca urgentemente conversas com seu homólogo americano, Howard Lutnick, e pretende enfatizar que “enquanto os EUA possuem um déficit comercial com Canadá, México e China, eles têm um superávit comercial de US$ 40 bilhões com a Austrália, o que significa que a imposição de tarifas seria prejudicial para os EUA”.
Canadá, México e China afirmaram individualmente que imporão tarifas retaliatórias e medidas de contra-ataque, além de sinalizarem desafios diretos às tarifas por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC).
A Austrália foi o maior fornecedor de carne bovina embalada para os EUA em 2024.
As tarifas sobre o gado do Canadá e do México podem potencialmente beneficiar a indústria pecuária da Austrália, aumentando a demanda por carne bovina australiana.
Fonte: Beef Central, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.