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Projeto da brCarbon prevê reduzir emissão de gases na pecuária

A brCarbon, empresa que desenvolve tecnologias de combate às mudanças climáticas, está trabalhando em um projeto-piloto com pecuaristas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa na criação de bovinos. O programa incluirá a distribuição de aditivos que diminuem a produção de metano no rúmen dos animais. O gás tem um poder de aquecimento da atmosfera 80 vezes superior ao do dióxido de carbono.

“Depende da raça do animal e do aditivo, mas o potencial de redução fica entre 30% a 40%”, afirma o CEO da startup, Bruno Brazil de Souza. As emissões restantes poderão ser capturadas com uma eficiente gestão de pasto. “São boas práticas, como manejo rotacionado em piquetes e adubação de solo, além do uso de gramíneas com capacidade de ficar os gases no solo”, conta.

Até o momento, a empresa fechou parcerias com três produtores, que detêm, juntos, um rebanho de 6 mil animais. Eles – e os demais que entrarem – integrarão uma rede impulsionada por mecanismos de pagamento por serviços ambientais, além de assistência técnica. “Queremos desatar as principais amarras para engajar os produtores, que são desconfiados e querem saber se tem alguém realmente investindo e ganhando com isso”, diz.

Os créditos de carbono a serem gerados pelo projeto ainda não têm um comprador, mas Souza afirma que isso será resolvido rapidamente. “É o tipo de coisa que quando surge todo mundo fica interessado em investir”, afirma, ponderando que os valores dos créditos de carbono da pecuária devem ser um pouco menores que os do setor florestal.

O projeto será o primeiro da frente de Neutralização do Carbono do Agronegócio (ALM, na sigla em inglês). A iniciativa vai propor soluções também para recuperar os mais de 69 milhões de hectares de pastagens degradadas existentes no Brasil.

Fundada há dois anos, a brCarbon é formada por colegas que atuaram no mercado criando e auditando projetos de carbono para o setor florestal. Hoje, a empresa coordena o projeto Brazilian Amazon, que preserva 260 mil hectares de Floresta Amazônica, divididos entre Acre, Amazonas, Mato Grosso e Pará. A companhia prevê ampliar para 1,5 milhão de hectares a área de cobertura da iniciativa até 2025.

O CEO vê o Brasil retomando seu papel de protagonista global nas discussões sobre o clima, mas alerta que o país ainda terá muito o que fazer nos próximos anos. Souza acredita que a pecuária brasileira será uma poderosa aliada na luta contra as mudanças climáticas no planeta. O “arroto do boi” respondeu por 64% das emissões de gases de efeito estufa na agropecuária no ano passado e 25% das emissões totais brasileiras. “Também precisamos entender o nosso inventário e potencial de neutralização interna. Se passar as metas, isso pode gerar crédito e ser comercializado”, afirma ele.

Fonte: Valor Econômico.

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