Entre no Google Earth e digite a cidade de “Cactus, Texas, USA” (ver abaixo). Quando seu cursor estiver chegando perto dela, você verá incontáveis círculos e semicírculos. São pivôs centrais. Por toda parte, em toda propriedade. E você não verá nenhum reservatório, nenhuma represa. São todos abastecidos por poços artesianos com profundidades de até 120m. Por Alexandre Scaff Raffi é Diretor Presidente da Associação Novilho Precoce MS.
Churrasco de Novilho Precoce (Foto: Reprodução / Novilho Precoce MS)
Por Alexandre Scaff Raffi*
Sempre me questionei quando leio reportagens que dizem que para se produzir um quilo de carne se gasta 15 mil litros de água. Afinal de contas, aqui no Brasil, a absoluta maioria da produção agropecuária utiliza água que cai da chuva e, mesmo assim, só parte dela, pois a maioria infiltra-se pelo solo abaixo, não importa se temos em cima dele pasto ou floresta. Então porque dizer que “gastamos” água?
Em nossa recente viagem pelos Estados Unidos pude talvez entender enfim o porquê da questão.
Entre no Google Earth e digite a cidade de “Cactus, Texas, USA” (ver abaixo). Quando seu cursor estiver chegando perto dela, você verá incontáveis círculos e semicírculos. São pivôs centrais. Por toda parte, em toda propriedade. E você não verá nenhum reservatório, nenhuma represa. São todos abastecidos por poços artesianos com profundidades de até 120m.
Então, enquanto usamos apenas a água que São Pedro nos manda, eles retiram do subsolo a água que precisam.
Não tenho nada contra eles, pelo contrário, eles têm muito a nos ensinar, em matéria de tecnologia são imbatíveis. Abatem animais aos 24 meses com 700 kg de média (você não leu errado, nem eu escrevi errado). Praticamente 100% confinado, com ganhos médios de 2 kg ao dia.
Escrevo isso para que todos saibam diferenciar a produção agropecuária do Brasil para com o resto do mundo (leia-se países desenvolvidos).
Aqui não gastamos água, aqui aproveitamos a água. Baseamos toda nossa produção à “benevolência de São Pedro”. Por isso que temos Safra e Entressafra.
Nosso boi come capim. Anda solto nos campos. Vive de acordo com o ciclo das estações. Por isso é tardio.
Não quero colocar em discussão qual é o melhor animal, nem qual sistema é mais “sustentável” (desculpem, não aguento mais essa palavra, mas tinha que usá-la). Gostaria apenas de passar aos nossos associados (Novilho Precoce MS), as diferentes maneiras que são produzidas nossas picanhas dos nossos churrascos.
Em tempo… Picanha é só no Brasil. Lá eles retiram toda gordura e servem junto com a alcatra em tiras, chamado de top sirloin steak (foto abaixo. Fonte: steaksathome.com).
*Alexandre Scaff Raffi é Diretor Presidente da Associação Novilho Precoce MS
8 Comments
É isso aí. A solução lógica é a pegada tecnológica.
As regiões áridas do Texas e da Califórnia, os mais ricos estados dos EUA, são celeiros produtivos, enquanto isso o nosso semiárido vive mais um secular fagelo da seca.
Assim, vale uma reflexão sobre a água da chuva, que é perdida nas veredas e estradas do sertão, e que para o produtor sertanejo é preciosa e milagrosa. Lembrando, ainda, que é sempre melhor simplificar do que complicar. Vejam como, adiante.
“Existem práticas e/ou técnicas simples e eficazes, comprovadas pela história e pelo tempo, que podem ser aplicadas para captar e armazenar água, permitindo uma inteligente convivência com a seca no Nordeste brasileiro.”
Leia mais no artigo , A ESTRADA E O CAMINHO DAS ÁGUAS, de autor convidado, Paulo Cesar Bastos, no link:
http://www.eniopadilha.com.br/artigo/2881/a-estrada-e-o-caminho-das-aguas-
Observem bem a imagem do google, cadê reserva legal? Cadê a APP? É só aqui moçada! Não usamos a água, mas temos que preserva-la as nossas custas!
Parabéns Alexandre. Você detém conhecimento, foi buscar mais, viu, sentiu e expôs. É disso que estamos precisando. O nosso bovino quando abatido, nos fornecendo aí seus 250 / 300 kg de carne e mais um mesmo tanto em subprodutos utilizáveis, consumiu algo em torno de 34.000 litros d’água. E os “Ambientalistas de plantão” dizendo que é 15.000 litros p/ kg. E como você bem citou “usando água que São Pedro nos manda”. O seu artigo é para nós um “dasabafo”. Obrigado. Nota 1.000 pra você.
Parabéns Alexandre. Você detém conhecimento, foi buscar mais, viu, sentiu e expôs. Estamos muito precisando disso. Nosso bovino, quando abatido, fornecendo aí algo em torno de 250 / 300 kg de carne e o mesmo tanto disso em subprodutos altamente utilizáveis, só consumiu aproximadamente 34.000 litros d’água em todoa a sua vida. E como você bem mencionou “água que São Pedro nos manda”. Enquanto isso “ambientalistas de plantão” insistem nessa tecla de 15.000 litros de água p/ kg. Seu artigo tem efeito de desabafo. Obrigado. Nota 1.000 pra você.
Parabéns, Alexandre.
Tem muita gente dando palpite sobre nossa produção pecuária, nativos e estrangeiros, sem conhecimento algum sobre o assunto, a não ser o que “eco-chatos” divulgam de opniões fortemente “interessadas”, deseducando nossa juventude pela internet e pressionando líderes políticos que querem estar sempre bem com a mídia e a opinião pública. (esses litros d’agua para produção de carne, com certeza, faz parte do besteirol)
abraços
Parabéns Alexandre, precisamos de mais gente fazendo isso em nosso país.
Aproveito para levantar outra questão, o que é “gastar água”?
A meu ver a água “trabalha” no velho ciclo que aprendi na escola primária, evapora, condença, chove, infiltra, evapora novamente.
Então utilizando a chuva ou até mesmo utilizando água do subsolo, não se está gastando água, ela vai infiltrar novamente após ser absorvida pelo capim e evaporada (pela folha ou pelo boi) e logo ela volta em forma de chuva.
Caro Alexandre, bem como fizestes, temos sempre que buscar a origem das informações divulgadas. Vivemos um momento onde nossa sociedade aceita muito rapidamente esse tipo de notícia. Aproveito a oportunidade para fazer uma analogia com as emissões de gases de efeito estufa, onde a pecuária de corte brasileira é a grande vilã. É outro grande engano pois se “bem conduzida”, ou melhor, com “adequado manejo e aplicação de tecnologias” e, ainda, num sistema de integração lavoura-pecuária, ao se fazer o balanço de equivalente carbono teremos um valor positivo. Trocando em miúdos e para deixar bem claro o que estou dizendo, a pecuária nas condições que descrevi, ajuda no sequestro de carbono e torna-se assim, como chamam os americanos “environmetally-friendly” (amigo do meio-ambiente). Parabéns pela matéria.
O bom seria investir em tecnologia, quem sabe a desalinizar a agua do mar, lembrando que o ciclo da agua é renovável, porem finito, pois a humanidade cresce a cada dia e o volume de agua do planeta permanece o mesmo, sem contar que a agua de hoje já não tem a mesma pureza da agua de ontem .