Os novos surtos de aftosa no Reino Unido vêm causando grande polêmica e desconfiança por parte de produtores rurais e pela mídia britânica. Ontem, um editorial do jornal londrino The Times insinuou que os controles sanitários podem não estar sendo seguidos em países de onde a carne é importada, como o Brasil. “Mais de um terço da carne bovina importada vem de países como Brasil, Zimbábue, Namíbia, Botswana e Uruguai. Quem pode ter certeza de que os rebanhos são de regiões livres da doença ou que suborno e descuido não superaram a vigilância sanitária?”, questiona o editorial.
Para organizações de produtores rurais, há suspeitas de que o vírus tenha vindo de outro país e eles estão pressionando o governo para suspender as importações de carnes de fora da União Européia e reforçar os controles sanitários. Um porta-voz do governo afirmou que “é muito improvável que o vírus tenha vindo de uma importação legal de carne”, é possível que o agente transmissor tenha chegado ao país dentro de um alimento importado de forma ilegal, como aconteceu com o da febre suína, que infectou os rebanhos britânicos no ano passado.
Edivar Queiroz, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), descarta a possibilidade de a carne brasileira ser a responsável pelo surto de aftosa no Reino Unido. “O Brasil só exporta carne in natura sem osso e carne industrializada para o Reino Unido”. Nessas condições, a carne não é contaminada pelo vírus. A carne brasileira representa 13% das importações do Reino Unido, e se destinam à produção de hambúrgueres e outros alimentos processados.
(Por Maria Luiza Abbott e Alda do Amaral Rocha, para Valor Online, 01/03/01)