A Mesa de Enlace, que reúne as principais entidades do agronegócio na Argentina, vai se reunir hoje para definir uma posição comum depois que o presidente Alberto Fernández decidiu suspender as exportações de carne bovina do país por 30 dias, informa o jornal “La Nacion”.
“Estamos prestes a interromper a comercialização interna”, disse a Confederaciones Rurales Argentinas (CRA) em uma mensagem em sua conta no Twitter. Jorge Chemes, presidente da entidade, lembrou que “todos”, referindo-se aos produtores e às organizações de base, estão convocando um protesto.
“Vamos nos reunir imediatamente com a Mesa de Enlace, para rejeitar totalmente esta medida desastrosa”, disse Daniel Pelegrina, presidente da Sociedade Rural Argentina (CRA). Nesse sentido, e em reunião virtual, as lideranças da Sociedade Rural Argentina (SRA), do Coninagro e da Federação Agrária (FAA), além do CRA, definirão as etapas a serem seguidas.
“Medidas de força”, respondeu o representante de uma entidade ao “La Nacion” sobre quais decisões poderão ser adotadas.
No campo existe um grande mal-estar, porque o governo continua a tomar medidas sem consulta, como o próprio Presidente Alberto Fernández tinha prometido na campanha eleitoral, disse o representante.
No fim de 2020, o governo tentou impor uma medida semelhante e suspendeu as exportações de milho, mas voltou atrás após uma greve de 72 horas, em janeiro passado, liderada por SRA, FAA e CRA (a Coninagro não aderiu).
Depois desse episódio, em fevereiro o presidente Alberto Fernández ameaçou o setor, para conter a alta dos alimentos, com mais retenções e até cotas para exportação. O presidente então recuou após uma reunião com a Mesa de Enlace.
“Ao que parece, com menos de dois anos de mandato, o governo ficou sem ideias para poder moderar o aumento dos alimentos (causado principalmente pela má gestão das variáveis macroeconômicas-), e pretende resolvê-lo aplicando receitas que já foram aplicadas e falharam, e cujos resultados todos os cidadãos conhecem ”, disse ao jornal argentino um representante da Confederação das Associações Rurais de Buenos Aires e La Pampa (Carbap).
Produtores organizados também já estão pressionando por medidas contundentes contra a medida restritiva. “Além do que a Mesa de Enlace faz, como primeira medida está se desenvolvendo a não comercialização das fazendas por um mês”, disse Ariel Bianchi, da Associação Argentina de Produtores Autônomos.
Fonte: Valor Econômico.