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Sanidade, a nova barreira comercial do mercado mundial

Por Emílio Salani1

Desde que o país voltou a enfrentar problemas com a febre aftosa, o Brasil vem enfrentando uma maratona de intensas negociações com os mais de 40 países que deixaram de comprar nossa carne, após o anúncio da doença no Mato Grosso do Sul e Paraná.

Os prejuízos financeiros podem ser contados em milhões de dólares, considerando que a questão não atinge apenas a carne bovina, mas também respinga nas outras carnes (aves e suínos) e até na soja e milho. Mas não resta dúvida que o principal prejuízo dessa questão é na imagem do nosso País, arranhada por mais um problema sanitário.

E esse momento de incertezas é ideal para alertar todos os elos da cadeia produtiva para a importância da sanidade animal, não apenas em relação à febre aftosa, mas de todo o processo sanitário do país que precisa de um trabalho constante de fiscalização, controle de transporte, medição, sorologia, barreiras móveis e fixas, além de recursos, legislação e conscientização.

O mundo está de olho no Brasil e não admite mais deslizes da nossa parte. E, acreditem, nossos concorrentes estão à espreita, esperando nossas falhas para fazer campanha contra nós, atrair nossos clientes e desestabilizar nossa produção.

Estamos diante de um cenário comercial diferente. As regras são outras e muito mais duras. O protecionismo e as barreiras sanitárias são agentes cada vez mais usados. Resta a nós, fornecedor de carnes para o mercado mundial, entender as novas normas e atuar segundo elas. É nossa responsabilidade cuidar da sanidade, do manejo dos plantéis.

Cada produtor, individualmente, seja de aves, suínos ou bovinos, precisa fazer a sua parte. O governo também tem de intensificar suas ações, estruturando um sistema de defesa sanitária eficiente, cumprindo seu papel fiscalizador, monitorando as enfermidades e os pontos de risco, garantindo a agilidade na comunicação e a solução de problemas que por ventura venham a acometer nossos rebanhos.

A indústria veterinária é um agente importante desse processo, fabricando medicamentos de qualidade e assistindo os produtores, dando-lhes retaguarda, prestando serviços. Também investimos constantemente em tecnologia para que o produtor tenha a certeza de ter em mãos itens confiáveis, seguros e eficientes.

Parece lógico que somente a ação coordenada entre governo, produtores e fornecedores de insumos proporcionará os resultados desejados. Com a necessária prioridade à questão sanitária, o Brasil poderá conquistar definitivamente a confiança dos parceiros comerciais, vencer obstáculos internos e impulsionar ainda mais sua condição de fornecedor de produtos de origem animal de qualidade.

_________________________
1Emílio Salani, presidente do Sindicado Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan)

0 Comments

  1. Francisco Pereira Neto disse:

    Olá leitores do site BeefPoint, um grande abraço.

    Salve!!! Até que enfim, alguém que representa um órgão de vital importância na cadeia do agronegócio (Presidente do Sindan) Emílio Salani sai em defesa da importância da Defesa Sanitária Animal como instituição governamental.

    Parabéns Emílio Salani, que dirige um órgão importantíssimo do setor agropecuário. Venho fazendo comentários a respeito da necessidade da reestruturação dos Serviços de Defesa Sanitária Animal em toda as esferas: federal e estaduais, por que do jeito que está, não dá mais.

    Há necessidade que outras entidades representativas do setor formem fileiras com a percepção e a lógica do seu artigo. Assim sendo, todos ganharão com os benefícios que com certeza virão. Os mercados dos países do primeiro mundo terão que nos engolir garganta abaixo, porque potencial para isso não nos falta. Só nos falta em primeiro lugar, vontade política, ousadia e esforço conjunto, setor privado e governamental, para impulsionar definitivamente o sucesso do agronegócio no país, sem fazer demagogia e política. Trabalho em Defesa Sanitária Animal, e sou apaixonado pelo que faço, e fico extremamente feliz e com a alma lavada com um artigo deste, e com o peso da entidade da qual Vossa Senhoria representa e melhor ainda, publicada no BeefPoint.

    Vamos arregaçar as mangas e trabalhar para que isso se torne realidade, convocando todas as entidades para compartilhar com esse pensamento. Mais uma vez Emílio Salani, Parabéns!!!

    MV Francisco Pereira Neto
    SAA/Coordenadoria de Defesa Agropecuária/EDA de Botucatu.