Identificação animal
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7 de julho de 2000

Sincronização do cio com prostaglandina – Parte II/II

Ed Hoffmann Madureira e Francisco Bonomi Barufi

Na primeira parte, abordamos alguns conceitos básicos a respeito das PGF2a e de sua interferência no ciclo estral da vaca. Nesta etapa serão considerados os sistemas com que se pode trabalhar com este produto de modo que se obtenham benefícios representados por um incremento da produtividade.

A máxima eficiência reprodutiva em gado de corte é obtida quando a maioria das fêmeas é inseminada nas três primeiras semanas da estação de monta, uma vez que. fêmeas cujos partos ocorrem no início da estação de nascimentos desmamam bezerros mais pesados e atingem índices de prenhez significativamente melhores na estação de monta que se segue. Este efeito é ainda mais marcante no caso das novilhas, considerando-se que as vacas primíparas, cujas parições ocorrem tardiamente, apresentam baixíssimas chances de emprenhar na estação de monta.

O uso da PGF2a deve ser procedido de uma forma tal que a sua utilização ocorra durante o diestro, que é a fase na qual ela é eficaz. Assim, devem ser considerados os seguintes esquemas de trabalho:

Esquema 1

Observar os estros por cinco dias consecutivos e inseminar as fêmeas à medida em que forem sendo detectados os cios. No quinto dia, aplicar prostaglandina em todas as fêmeas que não foram inseminadas até então. Deverá ocorrer uma concentração de estros nos cinco dias subseqüentes à aplicação do produto.

Vale lembrar que se menos do que 15% das fêmeas forem detectadas em estro nos cinco dias que antecedem à aplicação de prostaglandina, o tratamento pode ser suspenso porque pelo menos um dos dois problemas pode estar ocorrendo:

* As fêmeas não estão ciclando e/ou
* A detecção de cios está deficiente.

Este esquema é bastante vantajoso, pois implica num gasto reduzido do produto. Entretanto, deve-se levar em consideração o fato de que as vacas em cio que não forem detectadas nos primeiros cinco dias de observação não responderão à aplicação.

Esquema 2

Bastante semelhante ao esquema 1, consiste na introdução de touros junto às vacas por um período de cinco dias e aplicação de prostaglandina em todas as fêmeas no quinto dia, independentemente de terem sido cobertas ou não. As fêmeas cobertas encontrar-se-ão no metaestro quando da aplicação do produto e não estarão sujeitas à luteólise, de modo que poderão entrar normalmente em gestação.

No momento da aplicação de prostaglandina, os touros deverão ser retirados, caso se pretenda praticar a inseminação artificial, uma vez que, semelhantemente ao esquema 1, deverá ocorrer uma concentração de estros após o tratamento.

Os esquemas de sincronização de estros podem ser utilizados juntamente com monta natural, devendo-se contudo garantir uma adequada proporção de touros em relação ao número de fêmeas.

Neste sistema reduzem-se as falhas de detecção de cio, em virtude do uso de touros. Entretanto, há que se levar em conta o fato de que há um maior gasto de prostaglandina e um menor número de vacas inseminadas.

Esquema 3

Detectar por palpação retal ou ultra-sonografia a presença de corpo lúteo para então aplicar-se prostaglandina somente nas fêmeas que estiverem no diestro. Entretanto, o corpo lúteo pode ser erroneamente diagnosticado, por palpação retal, em cerca de 20% dos casos.

A principal vantagem deste esquema, é que se procede a uma avaliação clínica reprodutiva de todas as fêmeas. A partir dessa avaliação, pode-se optar pela não inseminação em caso de haver muitos animais em anestro, ou optar por outras formas de sincronização do estro, utilizando progesterona ou progestágenos, de modo a apressar-se a retomada da ciclicidade.

Esquema 4

Aplicar duas doses de prostaglandina com intervalo de 12 a 14 dias. Este esquema poderá sincronizar todos os estros numa mesma semana, porém implicará em um investimento maior em produto e estará na dependência de uma alta proporção de animais ciclando. É importante considerar também o fato de que intervalos curtos entre as aplicações de prostaglandina fazem com que a segunda dose seja administrada em animais com um corpo lúteo bastante recente, menos suscetível à ação do produto.

Implicações

O uso das prostaglandinas pode concentrar a ocorrência de estros numa mesma semana, o que realmente maximiza a utilização de uma mão-de-obra relativamente especializada. Com várias fêmeas em estro concomitantemente, reduzem-se as falhas de detecção de cios, pois a atividade sexual é mais intensa nesta situação do que quando há apenas uma fêmea em cio. Embora à primeira vista este aspecto não pareça tão importante, gostaríamos de deixar claro que a falha de detecção de cios é o principal fator responsável pelos baixos índices reprodutivos de rebanhos submetidos à inseminação artificial. O estro que ocorre após a aplicação das prostaglandinas é tão ou mais fértil do que o estro natural.

Finalmente, não se pode esquecer que a administração de prostaglandinas a fêmeas bovinas prenhes pode resultar em abortamentos. Portanto, no caso de dúvidas, deve-se proceder a um diagnóstico de gestação antes do uso destes medicamentos.

3 Comments

  1. Jose Carlos Mattosinho disse:

    Achei este artigo muito interessante, e de aplicação prática para nós tecnicos e para produtores.

  2. Ataliba Perina Bueno disse:

    Muito bom os trabalhos publicados, são fontes de informação essenciais para quem pretende trabalhar com bovinos.

  3. Aboobakar Covela disse:

    Caríssimos,
    Tenho uma pequena criação de bovinos e gostaria de ter a produção sincronizada usando montas naturais (cruzamentos naturais em pastagem). E dai as minhas questões:
    1. Existe algum produto que eu possa usar, de preferencia injectavel para induzir os cios e facilitar a monta natural?
    2. Se sim, quais esses produtos e como devem ser usados?
    obrigado