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Suplementação 1

O potencial de utilização de uma forragem depende da interação entre planta, microorganismo e trato gastrointestinal do ruminante. O processo de digestão compreende a taxa de digestão (kg MS/ hora), o lag time (horas) a fração potencialmente digestível (fração rapidamente digestível, lentamente digestível) e a indigestível.

A taxa de passagem pelo rúmen e o tempo de retenção estão relacionados com o nível de consumo, forma física da dieta e tempo de ruminação, enquanto que a taxa de digestão da fibra, pode ser reduzida pelo pH ruminal, pois provoca alterações na taxa de crescimento dos microorganismos e na atividade enzimática.

A digestibilidade da fibra é um importante fator influenciando o consumo de MS. A fibra indigestível pode ocupar o trato digestivo tomando a capacidade do rúmen e, consequentemente, reduzindo o espaço ruminal e o consumo de MS.

O consumo de MS é determinado pela taxa de digestão e taxa de passagem do alimento pelo rúmen. Forragens tropicais apresentam baixos teores de amido e açúcares, que são rapidamente degradáveis no rúmen. A pectina, também de alta degradação ruminal (> 85%), apresenta baixas proporções em forragens tropicais. As outras frações da parede celular, hemicelulose e celulose, possuem degradações semelhantes no rúmen (Tabela 1).

A sincronização entre proteína e energia degradável no rúmen é o objetivo dos balanceamentos de dietas. Como pode ser verificado na Tabela 1, a maior proporção da parede celular é degradada no rúmen, assim como não mais que 5 a 8% dos carboidratos rapidamente fermentecíveis escapam da degradação ruminal.

O NRC, recomenda que a quantidade de proteína degradável no rúmen (PDR) deva ser por volta de 13% do total de matéria orgânica degradável (MOD). Esse valor é similar ao indicado pelo AFRC, enquanto que o ARC, propõe que deve haver uma valor médio de 30g de N microbiano/kg de matéria orgânica aparentemente digerível (MOAD), valor que também fica próximo do proposto pelo NRC.

Tabela 1- Composição, consumo voluntário de carneiros, e digestibilidade da parede celular de Phalaris tuberosa, cortada em três estágios de maturidade (estágio 1 – planta nova, estágio 3 – planta velha)

Tabela 1

Em forragens de baixa qualidade, apesar da menor disponibilidade de energia, a falta de proteína degradável no rúmen é fator limitante para se atingir maiores consumos de MS e maior digestibilidade da forragem.

No trabalho de Heldt et al. (1997), novilhos Angus x Hereford (260 kg), foram submetidos a dietas com 3 fontes de carboidratos (amido, dextrose e fibra de alta digestibilidade) na dosagem de 0,15 e 0,30% do peso e dois níveis de proteína de alta degradação ruminal (caseinato de sódio) nas doses de 0,031 e 0,122 % do peso. A fonte de alimento volumoso foi feno com 5,7% de proteína e 74,90% de FDN.

A suplementação protéica aumentou o consumo e a digestão da forragem, porém com respostas diferentes para as fontes de carboidratos. Também houve respostas positivas para ingestão de MO total, ingestão de MOD, digestibilidade da MO e digestibilidade da FDN com maiores níveis de proteína digestível na dieta. De forma geral, somente o fornecimento de proteína foi suficiente para promover melhores resultados de consumo e digestibilidade, enquanto que todas as fontes de carboidratos reduziram o consumo de forragem. As fontes de carboidratos promoveram efeitos diferenciados na digestibilidade da forragem: o amido reduziu a digestibilidade, enquanto que a dextrose e a fibra não alteraram (Tabela 2).

A maximização da fermentação ruminal é o caminho para se ter maior produção microbiana, pois a síntese de proteína microbiana, que é a principal fonte protéica dos ruminantes, é o produto da eficiência (g de PM/kg de MOD) pela MOD. Desse modo, aumentando se o consumo de MS através do aumento da taxa de passagem, haverá maior quantidade de substrato para fermentação ruminal e, dessa forma, maior produção microbiana.

Tabela 2- Influência de níveis de carboidratos e proteína degradável no rúmen no consumo e digestão de nutrientes, avaliados em novilhos Angus x Hereford (260 kg)

Tabela 2

Referências bibliográficas

HELDT, J. S.; COCHRAN, R. C.; MATHIS, C. P.; WOODS, B. C.; OLSON, K. C.; TITGEMEYER, E. C.; STOKKA, G. L.; NAGARAJA, T. G. Evaluation of the effects of carbohydrate source and level of degradable intake protein on the intake and digestion of Tallgrass-Prairie hay by beefs steers. Ag. Exp. Sta. Rep. of Progress 783, Kansas State Univ. Manhattan. P. 59, 1997.

MERCHEN, N. R.; BOURQUIN, L. D. In: Fahey, G. C. Jr.; Collins, M. Mertens, D. R.; Moser, L. E. ed. Forage Quality, Evaluation and Utilization, Madison,. Cap. 14, p.564-612, 1994.

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1 Colaborou

Patricia Menezes Santos, Engenheira Agrônoma, doutoranda em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP

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