Marcelo de Queiroz Manella1 e Celso Boin2
Dando continuidade ao artigo anterior sobre produção de novilhos para abate suplementados a pasto, vamos abordar nesse artigo um outro trabalho realizado pela equipe da EMPRAPA – Gado de corte, coordenado pela Dra. Valeria P. B. Euclides em Campo Grande, MS.
Neste ensaio foi estudado o desempenho de 60 bovinos, pesando 198 kg de PV aos 7 meses de idade, oriundos de cruzamento industrial entre as raças Angus e Nelore, para avaliação da melhor estratégia de suplementação a pasto.
Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 12 piquetes de Brachiaria decumbens , recebendo os seguintes tratamentos: A) Testemunha; B) Suplementação na segunda seca após a desmama; C) Suplementação na primeira seca após a desmama; D) Suplementação nas duas secas após a desmama; E) Suplementação na primeira seca após a desmama e confinamento na segunda. O suplemento usado na primeira seca foi uma ração comercial (20,3% PB, 68% NDT) fornecida diariamente na base de 0,8% do PV por 102 dias. Na segunda estação seca, o suplemento foi fornecido na base de 1% do PV (18% PB, 75% NDT) por 111 dias. O confinamento durou 100 dias, sendo que a alimentação era composta por 40% de feno de B. Decumbens (40%NDT e 3,8%PB) e 60% de concentrado (75% grão de milho, 22% farelo de soja). As pesagens foram feitas a cada 28 dias.
Os resultados de desempenho mostrados na tabela 1 indicam o melhor desempenho para os animais suplementados, sendo que os animais do tratamento D (suplementados durante a 1ª e a 2ª secas) foram superiores aos animais nos tratamentos A, B, C. Os dados mostram diminuição na idade de abate. Os animais no tratamento E (suplementação durante a 1ª seca após a desmama e confinamento na 2ª seca) apresentaram o melhor desempenho.
Tabela 1: Desempenho de bovinos cruzados sob diferentes estartégia de suplementação
O consumo do concentrado no primeiro ano foi de 1,89 kg/d/cabeça, e no segundo ano de 3,30kg/d/cabeça. Os autores discorrem sobre os benefícios da suplementação dos animais, chamando a atenção para o fato da complementação alimentar nos períodos críticos da vida dos mesmos antecipar a idade de abate, liberando as áreas de pasto para outras categorias animais. Outro fator abordado é o aumento na lotação animal por unidade de área durante o período crítico das secas devido à suplementação.
Comentário BeefPoint: Como no artigo anterior, sistemas de produção visando a suplementação estratégica de novilhos para abate na região Centro Oeste podem ser estabelecidos, principalmmente quando a estratégia alimentar está associada a material genético com maior potencial de ganho de peso como no presente caso. Além de possibilitar a antecipação da idade de abate, e consequentemente maior retorno econômico devido ao maior giro de capital, esses sistemas possibilitam o planejamento do abate durante um período maior do ano. É ìmportante frisar que quanto mais intensivo o sistema de produção, maior a necessidade de planejamento técnico e de gerenciamento para diminuição dos riscos de insucesso econômico.
Literatura consultada:
EUCLÍDES, V.P.B.; EUCLÍDES FILHO, K.; FIGUEIREDO, G. R. ; OLIVEIRA, M.P. Suplementação para produção de bovinos de corte. In: 34º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Juiz de Fora, MG. Anais. v.2, p. 249. 1997.
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1. Doutorando, Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP
2. Eng. Agr., PhD, Prof. Convidado, ESALQ/USP, Consultor