Efeito na reprodução
Holroyd et al. (1979) trabalharam com vacas leiteiras mantidas em regime de pastagem nativa tropical e suplementadas com melaço e uréia ou somente com melaço. Os autores observaram aumento do número de vacas prênhes e redução no intervalo entre parto das vacas suplementadas com melaço e uréia quando comparadas com as vacas suplementadas apenas com melaço. Porém, Holroyd et al. (1983) em estudo subseqüente, não observaram diferenças entre vacas lactantes suplementadas com uréia e melaço e as suplementadas apenas com melaço.
Em um experimento realizado por Kalmbacher et al. (1995), as vacas mantidas em pastagens nativas de baixa a média qualidade (4,7% PB) e suplementadas com melaço-farelo de algodão (75% de melaço, 22,3% de farelo de algodão e 2,7% de uréia) ou melaço-uréia (93,4% melaço de cana e 6,6% de uréia na base seca) sob a forma de suplementação líqüida (todos fornecendo 30% de PB), não diferiram quanto à taxa de prenhez (85% X 81%, respectivamente).
Búfalas jovens do experimento de Kumar et al. (1995), recebendo dieta líqüida, apresentaram retardo no desenvolvimento tanto da genitália externa quanto da genitália interna quando comparadas com o grupo controle. Os animais da dieta líqüida apresentaram também cérvix pequena e dura, cornos uterinos finos, ovários infantis, com folículos não palpáveis na superfície do ovário. Já os animais do grupo controle apresentaram desenvolvimento normal dos órgãos genitais e condições normais de ciclicidade.
Em um outro experimento de Kumar et al. (1997), as novilhas que receberam dieta líqüida (melaço e uréia), apresentaram o trato reprodutivo pouco desenvolvido quando comparado ao grupo controle. Além disso, as novilhas suplementadas com dieta líquida precisaram de maior número de serviços por concepção quando comparadas com as do grupo controle (1,3 X 3,25 X 3,0 respectivamente para controle, suplementada ad libitum e suplementação limitada).
Pate et al. (1995) realizaram um estudo com 84 novilhas cruzadas durante 2 anos consecutivos. Os animais eram mantidos em pastagem de Bahiagrass e eram suplementados com 1,7 Kg.MS-1.dia-1 (fornecidos duas vezes por semana) de: 1) melaço + uréia (93,5% e 6,5%); ou 2) melaço, uréia e farinha de pena (82,5%, 1,9%,15,6%); ou 3) melaço, uréia, farinha de pena, farinha de peixe (82,5%, 1,9%; 13,2%; 2,4%); ou 4) melaço, uréia, farinha de pena, óleo de peixe “catfish” (76,5%; 1,9%; 15,3%; 6,3%). Os suplementos continham 25% de PB na matéria seca. Foi observado que nos 2 anos consecutivos todos os animais que receberam farinha de pena tiveram maiores taxas de gestação que as novilhas suplementadas com uréia (ano 1: 9,5; 24,6; 38,1; 47,6% respectivamente para os tratamentos 1, 2, 3 e 4; ano 2: 42,9; 71,4; 66,7; 80,0 respectivamente). Ainda foi observado que os animais que receberam óleo de peixe tiveram maior quantidade de colesterol que os demais. Os autores justificaram essa ocorrência devido à presença da gordura estar relacionada com o aumento do colesterol sangüíneo, aumento da síntese, da liberação e do clearance de progesterona, e aumento da atividade folicular. Tais parâmetros são indicadores de melhora na performance reprodutiva.
Efeito sobre o peso do bezerro à desmama
No estudo de Pearson (1974) realizado na Louisiana, vacas sob regime de pastejo e suplementadas diariamente com 900 g de farelo de algodão durante o inverno, tiveram 83% de bezerros desmamados com peso médio de 192 Kg, enquanto que as vacas suplementadas diariamente com 740 g de uma mistura de melaço com uréia, com 32% de PB no suplemento líquido, desmamaram 54% de bezerros com peso médio de 168 Kg.
Hennessy (1986) observou um aumento de 25% no peso dos bezerros desmamados de vacas suplementadas com melaço-uréia-farelo de soja, sobre bezerros filhos de vacas não suplementadas.
No estudo de Kalmbacher et al. (1995), os autores observaram que as vacas suplementadas com melaço e uréia desmamaram bezerros mais pesados que as vacas suplementadas com melaço-farelo de algodão-uréia (198Kg X 190Kg).
A utilização de suplementos protéicos tradicionais com fontes protéicas naturais como o farelo de soja, tem demonstrado melhores resultados quanto aos parâmetros relacionados à reprodução e também no peso à desmama. Os resultados parecem mostrar também que farelo de algodão como fonte protéica foi inferior ao farelo de soja.
Referências:
HENNESSY, D.W. Supplementation to reduce lactational anoestrus in first-calf heifers grazing native pastures in the subtropics. Proc. Aust. Soc. Anim.Prod., v.16, p.227-230, 1986
HOLROYD, R.G; ALLAN, P.F.; O’ROUKE, P.K. Effect of pasture type and supplementary feeding on the reproductive performance of cattle in the dry tropics of north Queensland. Aust. J. Exp. Agric. Anim. Husb., v.17, p.197, 1979
HOLROYD, R.G.; O’ROURKE, P.D.; CLARKE, M.R.; LOXTON, I.D. Influence of pasture type and supplement on fertility and liveweight of cows, and progeny growth rate in the dry tropics of northern Queensland. Aust. J. Exp. Agric. Anim. Husb., v.23, p.4, 1983
KALMBACHER, R.S.; BROWN, W.F.; PATE, F.M. Effect of molasses-based liquid supplements on digestibility of creeping bluestem and performance of mature cows on winter range. Journal of Animal Science, v.73, n.3, p.853-860, 1995.
KUMAR, H.; SENGAR, S.S.; MEHRA, R.S.; VERMA, A.K. Effect of feeding urea molasses liquid diet on the growth and biometrics of genitalia of buffalo heifers. Indian Jounal of Dairy Science, v. 48, p.503-504, 1995.
KUMAR, H.; VERMA, A.K.; DASS, R.S.; MEHRA, U.R.; VARSHNEY, V.P. Effect of urea molasses liquid diet feeding on growth and reproductive performance in crossbred heifers. Indian Journal of Dairy Science, v.50, p.1-6, 1997.
PATE, F.M.; BROWN, W.F.; HAMMOND, A.C. Value of feather meal in a molasses-based liquid supplement fed to yearling cattle consuming a forage diet. Journal of Animal Science, v.73, p.2865-2872, 1995.
PEARSON, H.A. Liquid supplements for cattle grazing native range. 14th Annual Livestock Producers Day, Louisiana State University, Baton Rouge. p.33-40, 1974.