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Suplementação protéica e energética de animais em pastejo, manejo e custo benefício. Parte I: considerações gerais

Qualquer programa de suplementação de bovinos de corte em pastejo deve estar integrado a um programa maior de planejamento da alimentação. Por sua vez, o planejamento da alimentação tem que fazer parte do sistema de produção definido como o mais viável para uma determinada propriedade.

A definição do sistema de produção passa por uma análise econômica que deverá indicar a melhor combinação de alternativas relacionadas ao manejo alimentar, sanitário, reprodutivo e de recursos genéticos.

Como conclusão, as estratégias de suplementação de bovinos de corte em pastejo têm que ser definidas no processo de elaboração do sistema de produção a ser usado. Além desse planejamento, o gerenciamento eficiente do sistema de produção como um todo é condição essencial para alcançar sucesso técnico e econômico. Com o aumento da competitividade, normal em todas as atividades econômicas, a escala de produção tende a aumentar mais do que a demanda dos produtos gerados. Em conseqüência, o número de empresas tende a diminuir, ocorrendo uma exclusão natural das menos eficientes.

Bases para a suplementação

Três aspectos principais devem ser considerados em um programa de suplementação:

* Valor alimentar da forragem disponível e da forragem consumida
* Exigências dos microorganismos do rúmen
* Exigências dos animais para diferentes níveis de desempenho

1 – Valor alimentar da forragem

O valor alimentar representa o potencial de produção do alimento. Este potencial é definido pelo nutriente mais limitante, isto é, o nutriente cuja quantidade ingerida está limitando o desempenho animal. Esta quantidade é o resultado da concentração do nutriente na forragem sendo ingerida, da disponibilidade desse nutriente para o animal e do nível de ingestão da forragem. Os dois primeiros (concentração e disponibilidade do nutriente) representam o valor nutritivo da forragem para o referido nutriente. Portanto, o valor alimentar é uma consequência do valor nutritivo da forragem para o nutriente mais limitante e da ingestão voluntária da forragem.

O valor alimentar potencial de uma forragem pode ser aumentado corrigindo o valor nutritivo do(s) nutriente(s) mais limitante(s). Essa correção também tem um efeito indireto no aumento do valor alimentar através do aumento da ingestão voluntária.

Os componentes do valor nutritivo (energia, proteína, minerais e vitaminas) são alguns dos fatores que afetam a ingestão voluntária. No caso de animais em pastejo, além do possíveis efeitos de palatabilidade e de de fatores antinutricionais, as disponibilidades de forragem por animal, geralmente expressa em percentagem do peso vivo, e a por unidade de área (expressa em kg de matéria verde seca ou em matéria seca total quando a percentagem de matéria verde é muito baixa) são fatores importantíssimos e sob controle através do manejo racional do pastejo. A disponibilidade de forragem afeta a ingestão de duas maneiras: a primeira, afetando o tamanho do bocado e o número de bocados, e a segunda, alterando o valor nutritivo através da seletividade.

2 – Exigências dos microorganismos do rúmen

As exigências dos microorganismos do rúmen devem ser atendidas para que tanto as taxas de degradação como a extensão da degradação ruminal dos componentes energéticos da forragem sejam maximizadas. A taxa de degradação, principalmente da fração fibrosa, afeta a ingestão, e a extensão de degradação afeta a quantidade de energia digerida no rúmen. O atendimento das exigências de mantença dos animais é suficiente, para a grande maioria dos nutrientes, de atender as exigências dos microorganismos do rúmen. As exceções são os minerais cobalto e enxofre e a concentração de proteína degradável no rúmen. Os animais não apresentam exigências específicas para esses dois minerais, mas sim pelos compostos sintetisados pelos microoganismos do rúmen, vitamina B12 no caso do cobalto e de aminoácidos sulfurados no caso do enxofre. No caso da proteína degradável no rúmen, a exigência vai depender da quantidade de energia digerida. No ítem sobre suplementação protéica será discutida a exigência de proteína degradável no rúmen.

3 – Exigências dos animais

O conhecimento das exigências nutricionais dos animais a serem suplementados para diferentes níveis de desempenho é essencial para que o balanceamento da suplementação seja feito adequadamente, isto é, propiciando o melhor retorno econômico. O retorno econômico tem que ser analisado considerando o sistema de produção da propriedade como um todo. Para gado de corte, a publicação do Conselho de Pesquisas dos Estados Unidos da América já apresenta recomendações de exigências para diferentes raças de bovinos, incluindo a Nelore.

4 – Outras considerações

Em termos de relação benefício/custo, a melhor estratégia é primeiro suplementar os nutrientes deficientes na forragem em nível de rúmen e a seguir os deficientes para o animal apresentar desempenho compatível com o valor alimentar potencial da forragem ingerida.

Os nutrientes que apresentam melhor relação benefício/custo, quando deficientes, são as vitaminas e os minerais. Portanto, a suplementação desses nutrientes deve ser uma recomendação rotineira e essencial. Nas condições de Brasil Central Pecuário, a proteína degradável no rúmen é outro nutriente que tem apresentado resultados compensadores quando feita adequadamente, principalmente durante o período da seca. A suplemetação específica ou predominante com proteína não degradável no rúmen pode apresentar respostas em casos especiais durante o período das águas. A suplementação com energia para exploração do valor alimentar potencial da forragem determinada pelo valor protéico, isto é, quando ocorre deficiência de energia em nível de rúmen ou mesmo em nível de tecido animal para maximizar a utilização da proteína disponível da forragem, parece ser condição muito rara nas condições de Brasil Central Pecuário.

A suplementação energética (balanceada para os outros nutrientes) tem o objetivo de aumentar o desempenho acima do proporcionado pelo potencial de valor alimentar da forragem consumida. O nível de suplementação vai depender dos objetivos da mesma. Como regra geral, em sistemas de recria (crescimento) e acabamento, não é recomendado propiciar ganhos através da suplementação com energia, acima dos ganhos planejados (ou possíveis) para os períodos pós suplementação. Aspectos ligados a exigências de mantença e crescimento (ganho) compensatório estão envolvidos nessa recomendação.

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