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Taxa de lotação em pastagens irrigadas com Pivô Central

Marcelo de Queiroz Manella1 e Celso Boin2

No radar anterior, foi descrita a experiência de produção de carne em pastagens irrigadas em uma propriedade rural do estado de São Paulo. Com a irrigação, é possível alongar a estação de crescimento de forragens e evitar os problemas de veranicos durante a estação de crescimento, aumentando a produção de matéria seca por área. Trabalhos da década de 70, na região de Piracicaba-SP, mostraram aumentos significativos na produção de matéria seca ao longo do ano em pastagens de capim colonião irrigado.

Na estação das “águas” (outubro/abril) as condições de temperatura, luminosidade e principalmente a disponibilidade hídrica, são favoráveis ao crescimento das gramíneas tropicais, permitindo maiores taxas de lotação por unidade de área. Por outro lado, no período das “secas” (abril/outubro), o crescimento dessas plantas é limitado, principalmente devido à disponibilidade de água. Com exceção da região Sul, no Brasil são raras as áreas onde a temperatura mínima média seja inferior a 15oC, temperatura essa crítica para o desenvolvimento das forrageiras tropicais. Desta forma, para manter a oferta de água em níveis adequados para o bom crescimento das gramíneas forrageiras, principalmente em sistemas de pastejo intensivo, torna-se necessário a irrigação durante os período críticos.

Recentemente em Piracicaba, Penati et al. (2001) avaliaram o efeito de três níveis de massa de forragem pós-pastejo sobre a lotação animal em um sistema rotacionado estabelecido em pastagens de capim-Tanzânia sob irrigação com Pivô Central. O trabalho teve duração de 8 ciclos de pastejo, iniciando-se em outubro de 2000 e encerrando-se em agosto de 2000. Animais nelores com peso inicial de 180 kg de PV foram distribuídos aleatoriamente aos três níveis de massa de forragem pós-pastejo (alto – 4.000; médio – 2.500 kg; e baixo – 1.000 kg de MS/há). O período de ocupação dos piquetes foi de 3 dias e o período de descanso de 33 dias.

Na figura 1 é possível observar que a taxa de lotação manteve-se constante durante, em torno de 5 UA/ha, pelo menos nos seis primeiros ciclos de pastejo. A partir deste ciclo a taxa de lotação declinou para cerca de 4 UA/ha nos tratamentos com alta e média massa de forragem pós-pastejo. Desse modo, durante o período compreendido entre outubro e maio, a irrigação foi suficiente para manter uma taxa de lotação constante e/ou, que a eficiência de pastejo associada à produção de forragem foram capazes de manter constante a taxa de lotação durante o período de verão. Esse fato pode estar associado às perdas elevadas que ocorreram durante o início do período experimental em virtude da pastagem estar em processo de estabilização. Segundo Penati (comunicação pessoal) a taxa de lotação ainda foi relativamente baixa, pois as pastagens eram recém estabelecidas (em março de 1999, e o primeiro pastejo em setembro de 1999), pois no ano subseqüente, as taxas de lotação foram bastante superiores, chegando a 10 UA/ha (dados não publicados).

Figura 1 – Variação da lotação animal durante o período experimental. As barras verticais em cada ponto se referem ao erro padrão da média

Figura 1

Comentário BeefPoint: Apesar dos dados apresentarem taxas de lotação abaixo do esperado, é possível manter taxas de lotações constantes durante os ciclos de pastejos. Algumas propriedades têm aplicado a técnica da irrigação, em muitos casos com resultados promissores. Em regiões onde o custo da terra é baixo, e o solo de qualidade inferior, investimentos em irrigação com Pivô Central, podem tornar-se uma alternativa de grande viabilidade. Cuidados em alguns pontos de estrangulamento do sistema devem ser tomados, como a seleção de animais com potencial para ganho, além do monitoramento e reposição dos nutrientes no sistema.

Referência:

Penati, M. A. MAYA, F. L., CORSI, M. et al. Resposta da lotação animal em pastagens de capim tanzânia, sob irrigação manejados em três níveis de massa de forragens pós-pastejo. XXXVIII Reunião Anual de Sociedade Brasileira de Zootecnia (no prelo), 2001.

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