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Teor de proteína em dietas para confinamento

Dante Pazzaneze Lanna1

Acertar o teor de proteína em dietas para bovinos confinados é uma questão fundamental. Infelizmente, é normal observar grandes erros cometidos em diversos confinamentos comerciais. Outro aspecto importante é que o confinamento funciona como uma corrente que é tão forte quanto o seu elo mais fraco. Portanto, o teor protéico da dieta deve ser o mais correto possível ao longo de todo o período de alimentação

Várias informações básicas podem simplificar esta questão tão importante. Na verdade, o mais simples para o produtor é identificar um extensionista ou contratar um profissional que faça a formulação e o acompanhamento da avaliação da qualidade da sua dieta. Isto se justifica porque o confinamento é uma atividade de ciclo relativamente curto e quando o indivíduo que trabalha de forma amadora percebe que cometeu um erro, é difícil recuperar o prejuízo. Outro problema é que basta um erro para que os animais não desempenhem de acordo com o esperado. Desta forma evite “adaptações” e principalmente formulações a partir de sugestões de pessoas que não tem responsabilidades com a empresa.

Existem diversas considerações importantes, mas como o objetivo é simplificar o tema, vamos nos concentrar em duas questões básica:

1.Atender as exigências do rúmen.
2. Atender as exigências do animal.

Atendendo as exigências do rúmen

O primeiro e imperativo passo é estabelecer as exigências de proteína no rúmen. As exigências do rúmen são, na verdade, as exigências de proteína para crescimento dos microorganismos do rúmen. Estes precisam receber dois tipos de proteína: o nitrogênio não protéico e a proteína verdadeira degradável no rúmen.

É muito importante fornecer na dieta proporções adequadas de proteína verdadeira que se degrade no ambiente ruminal. Um erro muito comum tem sido o excesso no fornecimento de nitrogênio não protéico nas dietas de bovinos confinados. Um exemplo de instância onde este erro tem sido muito grande é observado quando produtores usam simultaneamente uréia e cama de frango. Muitas vezes a uréia além de não fornecer proteína nenhuma (pois a cama de frango já o fez) ainda tem de ser excretada pelo animal. Primeiro o pecuarista perde dinheiro pois a uréia é perdida na urina, segundo o desempenho é reduzido porque o animal gasta energia para secretar esta uréia e terceiro o nitrogênio perdido pode representar um impacto ambiental negativo já que polui o lençol freático.

Sugerimos, para simplificar, que as exigências de proteína degradável sejam atendidas na forma de 12 a 13% do NDT da dieta. Sugerimos também que parte do NDT proveniente de gordura seja descontado para este cálculo. Desta forma a avaliação das exigências de proteína degradável no rúmen ficam adequadamente estimadas.

O parágrafo anterior é importante porque ele define que as exigências de proteína no rúmen são definidos pela quantidade de energia disponível para os microorganismos do rúmen (energia fermentecível).

Em outras palavras, a antiga proposta de fornecer a uréia ou outro tipo de nitrogênio não protéico na proporção de 33% ou 1/3 da proteína total NÃO DEVE SER MAIS UTILIZADA.

Um ponto interessante é que muitos pecuaristas tinham e tem medo de usar uréia: E DEVERIAM MESMO, PORQUE TEM MUITO TÉCNICO QUE AINDA NÃO SABE USAR ESTE VALIOSO ALIMENTO!

Com relação à proteína verdadeira degradável no rúmen uma das possibilidades é identificar as exigências através do uso do modelo de Cornell. Neste modelo é possível identificar se o rúmen do animal está recebendo quantidades adequadas de aminoácidos e peptídeos. O sistema RLM 2.0 desenvolvido pelo nosso laboratório na ESALQ também pode ser utilizado, bem como o AFRC. O importante é que o rúmen do animal tem que ter as suas exigências de proteína atendidas.

No próximo radar vamos falar sobre as exigências de proteína dos animais confinados. O efeito de alguns dos parâmetros como raça, peso, sexo, condição nutricional anterior, etc. sobre as exigências de proteína precisam ser compreendidos para formular uma dieta balanceada.

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1. Prof. Dr. Dep. Produção Animal, ESALQ/USP

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