Por Francisco Lobato1 e Ronnie A. Assis2
Tétano é uma toxi-infecção altamente letal que acomete os mamíferos, porém a espécie mais sensível são os eqüinos. A doença é causada pelo Clostridium tetani ou bacilo de “Nicolaier”, bactéria encontrada no solo, naqueles mais freqüentemente adubados e fezes de animais domésticos.
Os esporos do microrganismo podem se manter infectantes no solo por períodos superiores à 40 anos. Clostridium tetani, produz uma potente neurotoxina chamada tetanopasmina e uma outra toxina chamada tetanolisina (Bizzini, 1993).
O tétano ocorre quando feridas são infectadas com esporos do agente, os quais germinam, multiplicam e produzem a toxina, porém existem relatos de surtos de tétano em bovinos em que nenhuma ferida foi observada, sendo denominado “tétano idiopático” (Bizzini, 1993).
Ainda nos bovinos, o corte e cura de umbigo feito sem uma assepsia adequada também servem de porta de entrada para os esporos, ocasionando o tétano neonatal, e a retenção de placenta após parto distócico feito sem assepsia pode ocasionar o tétano puerperal.
Sinais clínicos
O alvo da tetanopasmina é o sistema nervoso central. A toxina bloqueia seletivamente a transmissão de neurotransmissores inibitórios, em conseqüência desta inibição, o animal apresentará uma hiperexcitabilidade reflexa, acompanhada de movimentos tônicos e espásticos da musculatura esquelética.
O período de incubação é de uma a três semanas e o animal apresenta trismas da mandíbula, prolapso de terceira pálpebra, paralisia espástica da musculatura dos membros. Estas contrações podem ser tão fortes a ponto de causarem fraturas das vértebras. Além disso, observam-se: distensão abdominal, agalactia, ataxia, cólicas, desidratação, constipação intestinal, timpanismo, cianose, febre, excitação, miotonia, dispnéia, opistótono, hiperestesia, disfagia, midríase, taquicardia, incontinência urinária, vômitos, regurgitação, morte súbita, dentre outros. A morte resulta de parada respiratória.
Achados de necropsia
Não se observa lesões macroscópicas nem microscópicas, a não ser presença de alguma lesão que propicie a entrada do agente, na maioria dos casos.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, feito com base nos sinais clínicos que são característicos, histórico e presença de porta de entrada para o agente.
Deve-se diferenciar principalmente da intoxicação por estricnina.
Tratamento/controle
Boa enfermagem, baia escura e com cama altas, manter o animal em ambiente tranqüilo e sem barulho, são cuidados que poderão ser adotados para amenizar os sinais apresentados.
Se o local de penetração dos esporos for localizado, fazer limpeza, desinfecção, retirar corpo estranho, lavar com água oxigenada ou permanganato de potássio e inocular penicilina em torno da ferida. Não sendo possível localizá-la, inocular penicilina por via intramuscular.
O soro antitetânico pode ser utilizado quando houver suspeita de que o animal se encontra em período de incubação ou em casos de cirurgias (castração), porém para animais que não tenham imunidade.
A vacinação deverá ser feita em duas doses intervaladas de 06-08 semanas, reforço 06 meses após, e revacinação anual.
Referência bibliográfica
BIZZINI, B. Clostridium tetani. In: GYLES, C.L.; THOEN, C.O. (Eds). Pathogenesis of Bacterial Infections in Animals. 2ed. Ames: Iowa University Press, 1993, p.97-105.
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1Francisco Lobato, Prof. Dr. Doenças Bacterianas. Escola de Veterinária da UFMG. Depto Medicina Veterinária Preventiva
2 Ronnie A. Assis, médico Veterinário, Mestre em Medicina Veterinária, Doutor em Ciência Animal
1 Comment
Muito bom, conteúdo excelente para estudo!!