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10 de abril de 2015
Mercado físico do boi gordo –09-04-2015
10 de abril de 2015

USDA: Cenário e previsões para o mercado pecuário da Austrália

Em 2015, o rebanho bovino da Austrália deverá cair em 6%, para 27,6 milhões de cabeças, devido ao nível muito alto de saídas (abates e exportações de animais vivos) nos dois anos anteriores. Os abates totais deverão declinar para 8,65 milhões após quase alcançar dez milhões no ano anterior. As exportações de bovinos vivos deverão cair de um recorde de 1,3 milhão em 2014 para 0,9 milhão nesse ano. Os preços domésticos dos bovinos e da carne bovina deverão se recuperar devido às menores ofertas e maiores preços internacionais.

Para 2015, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para baixo a safra de bezerros estimada, de 9,6 milhões para 9,4 milhões de cabeças devido às condições adversas, incluindo a contínua seca no norte da Austrália, a alta taxa de fêmeas abatidas e redução dos níveis de fertilidade devido às más condições das pastagens. A proporção de fêmeas em abate normalmente fica em média em cerca de 45-47%, mas excedeu os 50% para parte de 2014, à medida que os produtores reduziram o tamanho do rebanho. Essa mudança na estimativa é baseada na taxa de produção de bezerro próxima a média histórica.

Quase um milhão de bovinos estava em confinamentos em 2014 devido à redução das pastagens no norte de New South Wales e Queensland, mas esse número deverá cair em 2015 à medida que as condições dos pastos melhorarem. Além da seca, um número maior de bovinos está sendo terminado em confinamento devido à maior demanda por carne bovina de animais terminados com grãos do Japão e da Coreia, bem como do mercado doméstico. Os compradores de confinamentos foram ativos nas vendas de bovinos em 2014 e havia 965.000 bovinos em engorda ao final do trimestre de dezembro, mais que o recorde anterior, registrado em 2006. As exportações de carne bovina de animais terminados com grãos aumentaram em 10% em 2014, para 230.700 toneladas.

Em 2015, a reconstrução do rebanho deverá se tornar uma prioridade maior considerando que as condições climáticas médias prevaleçam. As recentes altas taxas de saídas em regiões afetadas pela seca do norte não deverão ser sustentáveis, mas as contínuas condições climáticas adversas poderão alongar o período de altas saídas. A previsão de três meses de chuvas para condições moderadas na maioria das regiões produtoras de bovinos, feita pelo Bureau of Meteorology, deverá encorajar a reconstrução do rebanho. Esse processo levará tempo e um menor rebanho australiano impõe restrições na oferta de exportações, incluindo aos Estados Unidos. O USDA nota algumas incertezas sobre os números de bovinos à medida que as estimativas preliminares do Australian Bureau of Statistics foram revisadas para 2014.

Produção

Em 2015, a Austrália deverá produzir 2,2 milhões de toneladas de carne bovina e de vitelo, 15% a menos que a estimativa feita pelo USDA para o ano anterior. Entretanto, as chuvas abaixo da média poderão afetar essa previsão e impulsionar taxas de abate e volumes de produção. Os pesos das carcaças deverão ser similares em 2015 com relação ao ano anterior. Os preços médios da carne bovina aumentaram nos últimos anos e essa tendência deverá continuar em 2015. O preço nacional de novilhos ao sobreano para engorda no começo de 2015 ficou acima da média de 187 centavos por quilo para 2014 e 174 centavos por quilo para 2013. Os altos preços internacionais da carne bovina contribuíram para o fortalecimento dos preços domésticos.

Consumo

Em 2015, o consumo doméstico per capita de carne bovina deverá cair com relação ao ano anterior. Quase todos os compradores de carne fresca compram carne bovina, mas essa enfrenta uma competição significativa com as carnes de frango e suína, que têm preço menor. Pesquisas sugerem que a carne bovina é considerada um item de luxo comparado com as carnes brancas. A participação no orçamento de todas as carnes está declinando como parte do rendimento total à medida que o rendimento aumenta, enquanto o preço da carne vermelha tendeu a aumentar mais rápido do que o das carnes brancas. O consumo deverá continuar com uma tendência de baixa, tanto o geral como o per capita, com os consumidores deixando as carnes vermelhas em direção a fonte mais baratas de proteína animal, como frango e suína. Os supermercados são responsáveis por 80% das carnes vermelhas vendidas a nível de varejo na Austrália, uma participação que aumentou nos últimos anos. Uma maior participação da carne bovina vendida pelos supermercados domésticos é terminada em confinamentos.

Comércio

As exportações de bovinos vivos para 2015 deverão cair significativamente para 900.000 cabeças devido às restrições na oferta. Os mercados da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) de Indonésia, Vietnã e Malásia deverão continuar sendo importadores significativos de bovinos vivos australianos. A China surgiu como o terceiro maior importador de bovinos vivos australianos em 2014 e deverá aumentar sua importância, especialmente à medida que o acordo de livre comércio entre China e Austrália (CHafta) forneça a remoção das tarifas de até 10% durante 4 anos. O CHafta deverá entrar em vigor no final de 2015 e as negociações sobre os protocolos de importação de bovinos vivos estão atualmente sendo feitas.

A Austrália obteve acesso para bovinos para engorda e para abate na Tailândia em 21 de novembro de 2014. Há um interesse comercial significativo no mercado tailandês, com o primeiro envio de bovinos saindo da Austrália em janeiro de 2015. A indústria estima que as exportações de bovinos vivos para a Tailândia poderiam alcançar até 30.000 cabeças anualmente. Pelo Acordo de Livre Comércio Tailândia-Austrália, a Austrália conseguiu tarifa zero para vendas de bovinos para engorda e para abate à Tailândia.

Em 2015, as exportações de carne bovina e de vitelo deverão declinar para 1,5 milhão de toneladas, à medida que as taxas de abate caem de níveis recordes e a reconstrução do rebanho recebe maior prioridade. O dólar australiano mais fraco tem encorajado as exportações, à medida que há forte demanda de Estados Unidos, China, Coreia do Sul, Sudeste da Ásia e Oriente Médio, mas as restrições à oferta limitarão os volumes. A Austrália deverá continuar sendo o maior exportador de carne bovina ao mercado dos Estados Unidos, que substituiu o Japão como o maior mercado de exportação para a Austrália.

As exportações de carne bovina da Austrália aos Estados Unidos em 2014 aumentaram em 87% em termos de volume com relação ao ano anterior, para quase 554.000 toneladas. Houve uma forte demanda dos Estados Unidos por carne bovina processada, à medida que as ofertas domésticas de carne bovina magra foi escassa devido aos menores abates de bovinos e reconstrução do rebanho. A carne bovina congelada de animais criados a pasto foi responsável pela maior parte das exportações de carne bovina australiana ao mercado dos Estados Unidos, mas as exportações de carne bovina resfriada aumentaram nos últimos anos. As exportações de carne bovina resfriada produzida a pasto aumentaram em 90%, para alcançar um recorde de 63.107 toneladas em 2014.

As exportações de carne bovina australiana entram no mercado dos Estados Unidos sob uma cota sujeita a tarifa. Em 2014, essa foi de 413.214 toneladas e a nova cota de importação para 2015 é de 418.214 toneladas. O USDA espera que o dólar americano mais forte manterá as exportações de carne bovina aos Estados Unidos a um nível levemente menor de 500.000 toneladas, representando um declínio menor do que par as exportações a outros mercados.

A China é o mercado de mais rápido crescimento para as exportações de carne bovina australiana e é agora o quarto maior mercado de carne bovina. O recente acordo de livre comércio entre Austrália e China deverá impulsionar o comércio bilateral. Em 2015, o acordo de parceria economia Japão-Austrália (JAEPA) começou a agendar cortes à tarifa de 38,5% sobre carne bovina congelada e resfriada que eventualmente alcançará 19,5% e 23,5%, respectivamente, durante 15 anos. A partir de 2015, o Japão reduziu as tarifas sobre as importações de bovinos vivos da Austrália em 20%, sem restrições de volume e isso pode impulsionar o comércio. Esses dois desenvolvimentos supriram o forte interesse dos produtores australianos que registraram como importadores com os Ministérios responsáveis do governo do Japão.

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Investimentos estrangeiros

No começo de março de 2015, o Tesouro Federal da Austrália aprovou a oferta de compra de A$ 1,4 bilhão (US$ 1,07 bilhão) pela companhia brasileira, JBS, para adquirir a produtora de embutidos australiana, Primo. A decisão segue um anúncio feito pela Comissão Australiana de Competição e Consumidores (ACCC) no mês anterior de que não se oporia à aquisição. A JBS USA Holdings Inc é a subsidiária da companhia brasileira JBS S.A., que é a maior processadora mundial de carne bovina e suína frescas. A Primo (Australian Consolidated Food Holdings) é a maior produtora de presunto, bacon e embutidos na Austrália e na Nova Zelândia. O Tesouro aprovou a venda sob a condição de que um abatedouro em New South Wales precisa permanecer aberto e reter sua capacidade para abates de consignação acessível para terceiros.

O Tesouro disse que “o governo dá as boas vindas a investimentos estrangeiros na Austrália e continua garantindo que os investimentos são consistentes com o interesse nacional australiano”. O Ministério da Agricultura disse que as condições acopladas à venda garantiriam que os produtores locais de bovinos “têm certeza sobre o acesso” para “contrato de processamento”. A JBS terá que reportar à Comissão de Revisão de Investimentos Estrangeiros (FIRB) sobre o cumprimento com essas condições a cada seis meses e a transação será revisada em três anos. A JBS poderia ser forçada a desistir da compra se essas condições não forem cumpridas. A companhia esteve na Austrália por sete anos e possui onze abatedouros em cinco Estados.

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Fonte: USDA, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.

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