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Vale Fertilizantes quer crescer sem grandes aquisições

Mesmo com o objetivo de ocupar um lugar de destaque no mercado mundial de insumos agrícolas, a Vale Fertilizantes não colocou entre suas metas de curto prazo fazer aquisições de concorrentes. "Fazer aquisições nos valores atuais é complicado", diz o diretor da companhia, Mário Barbosa. A companhia pretende se tornar a segunda produtora mundial das matérias-primas fosfato e potássio.

Mesmo com o objetivo de ocupar um lugar de destaque no mercado mundial de insumos agrícolas, a Vale Fertilizantes não colocou entre suas metas de curto prazo fazer aquisições de concorrentes. “Fazer aquisições nos valores atuais é complicado”, diz o diretor da companhia, Mário Barbosa. A companhia pretende se tornar a segunda produtora mundial das matérias-primas fosfato e potássio.

A afirmativa não se refere apenas aos rumores do mercado de que a Vale estaria disposta a entrar na brigar pela canadense Potash, maior produtora mundial de potássio, assediada em oferta hostil de US$ 38,6 bilhões pela anglo-autraliana BHP Billiton – “muito dinheiro”, segundo Barbosa.

“A oferta da BHP tem o mérito de chamar a atenção para o setor de fertilizantes. Isso mostra que a área ligada à alimentação pode crescer mais do que a de minério de ferro”, considera.

O executivo sinaliza que uma possível compra da participação da Anglo American na Copebrás não está descartada, por ora. A mineradora sul-africana já anunciou interesse em vender sua subsidiária para sair do ramo de fertilizantes.

Mário Barbosa considera, contudo, que uma transação concreta ainda está longe devido ao processo de reestruturação pelo qual a Copebrás, após tensão entre a Anglo e sua parceira no empreendimento, a Galvani, dona de 27% da empresa.

Foco em matéria-prima

“Não queremos fazer o produto final. A Vale Fertilizantes quer fornecer matéria-prima”, afirma Barbosa. A observação do executivo, cuja atuação no setor de fertilizante é de mais de três décadas, dá o tom do posicionamento que a Vale assume agora no mercado após ter tentado adquirir a americana Mosaic em 2008.

A compra da Mosaic poderia dotar a Vale de expertise na comercialização do produto final e em canais de distribuição. Mas a transação não decolou. O fracasso na tentativa de entrar na atividade de mistura levou a companhia a se voltar exclusivamente para seu nicho de atividade, a mineração.

Não à toa, o braço recém-criado pela mineradora nasceu após a compra de ativos em mineração da Bunge e da Fosfértil por US$ 4,7 bilhões. Investida que incluiu anteriormente a aquisição de dois projetos da Rio Tinto na Argentina, comprados por US$ 850 milhões.

Parcerias

O avanço da Vale em fertilizantes absorveu por US$ 50 milhões uma unidade de processamento para 300 mil toneladas por ano de superfosfato simples (SSP) da Mosaic, em Cubatão (SP).

A americana também cedeu sua participação na Fosféstil por US$ 1 bilhão. Com isso, a empresa que antes podia ser comprada acabou virando parceira, assumindo parte do projeto Bayóvar por US$ 385 milhões para obter 35% da MVM Resources International, que controla e opera Bayóvar – a japonesa Mitsui também entrou com US$ 275 milhões para ficar com 25% da mina.

“A mineração exige grande volume de capital e tempo. É necessário em média dois ou três anos para abrir uma mina e um capital entre US$ 1 bilhão e US$ 3 bilhões. Isso foge do escopo de quem atua no varejo de fertilizantes, onde a parte de mistura de matérias-primas exige investimentos relativamente menores”, avalia Mário Barbosa.

O executivo afirma que “as empresas de fertilizantes não têm fôlego para investir em um mercado que ou você crescer ou é engolido”.

O ponto de equilíbrio pode ser parcerias que rendam a Vale Fertilizantes o papel braço minerador de clientes que, por sua vez, se comprometam em participar de projetos para assegurar a comprar de matéria-prima.

É com este foco que a mineradora vai colocar US$ 12 bilhões na mineração de rocha fosfática e potássio até 2014. A meta é atingir produção de 12,8 milhões de toneladas anuais de fosfato e 10,6 milhões de potássio.

O crescimento é feito de olho na expansão do consumo de alimentos por uma população mundial em migração do campo para a cidade, onde a qualidade de vida melhor puxa para cima o tempo de vida e, consequentemente, aumenta o número de pessoas no globo.

É este processo, principalmente no Brasil, China, Estados Unidos e Índia – maiores produtores e consumidores de alimentos, que Barbosa será responsável por um crescimento médio de fertilizantes entre 6% e 7%. “Isso significa dobrar o mercado a cada dez anos”, observa.

A reportagem é de Nivaldo Souza, para o jornal Brasil Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.

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