Ainda não há como prever se o Brasil teria recursos imunológicos caso o vírus da febre aftosa que contaminou o rebanho argentino entrasse em território brasileiro. O vírus argentino, do tipo “A”, ainda não foi subtipificado e seqüenciado. “Em agosto, quando a Argentina sacrificou mais de quatro mil animais, após identificar bovinos soropositivos, o vírus era A-24, mas não podemos afirmar que se trata do mesmo agente”, disse Luiz Alberto Pitta Pinheiro, representante em Porto Alegre do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panafitosa).
O vírus ativo na Argentina não é o mesmo que contaminou o rebanho de Jóia (RS), e em novembro o de Artigas, no Uruguai. As duas regiões foram infectadas pelo tipo “O”. Segundo o especialista, as vacinas brasileiras são produzidas a partir de amostras de vírus A-24 Cruzeiro, C-3 Indaial e 0-1 Campos, cujo espectro de proteção é considerado satisfatório aos programas de combate a doença. “Ninguém garante, porém, que seria eficiente no combate ao vírus ativo na Argentina.”
Apesar de considerar preocupante a situação argentina, Pinheiro não recomenda vacinação no rebanho bovino gaúcho e catarinense, por enquanto. As províncias que registraram a incidência da doença ficam a mais de 300 quilômetros da fronteira com o Brasil, “e há forte vigilância nos portões de entrada”, disse o técnico, que descarta o contágio por vetores como insetos, aves e grãos.
Para Pinheiro, que coordena o Projeto Bacia do Prata, a maior preocupação é a Bolívia, que ainda está desenvolvendo um programa eficiente de combate à aftosa. O projeto Bacia do Prata envolve os países membros do Mercosul, mais a Bolívia e o Chile.
(Por Luiz Guimarães, para Gazeta Mercantil, 09/04/01)