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A adubação nitrogenada e a proteína em pastagens

O nitrogênio (N) é um elemento mineral que apresenta “consumo de luxo”. Isso significa que, em adubações excessivas de N haverá consumo acima das necessidades da planta forrageira. O consumo de nitrogênio acima do que a planta pode utilizar em seu metabolismo é acumulado na forma de N-não-protéico.

Portanto, a análise do N-não-protéico indica se a adubação nitrogenada está correta ou não. Em outras palavras, se o valor de N-não-protéico for alto, isso significa que outros nutrientes estão limitando a produção da forragem que não o N, ou então o potencial de produção da planta já foi atingido.

O acúmulo de proteína conforme se aumenta a adubação nitrogenada é acompanhado pela redução da eficiência do N aplicado em relação à produção de matéria seca. Vicente-Chandler et al. (1959), trabalhando com altas doses de adubação nitrogenada (0, 200, 400, 800, 1200 e 2000 kg/ha/ano) e com cortes a cada 40 dias, mostraram aumento da produção de matéria seca e do teor de proteína total do capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.). Nesse caso, a eficiência da adubação nitrogenada foi menor, quanto maior a dose de nitrogênio (Quadro 1).

Esses dados mostram que o potencial de produção é limitado, mesmo sendo as respostas à adubação nitrogenada positivas até 1200 kg de N/ha. Houve incrementos decrescentes após 200 kg de N/ha. havendo dessa forma “consumo de luxo”, traduzido em aumento de proteína bruta.

Tabela

No trabalho de Glenn et al. (1985), houve aumento no teor de proteína em uma planta temperada, a festuca, conforme a adubação nitrogenada foi elevada de 0 para 300 kg/ha/ano. O aumento foi de 14,7% para 21,5% de proteína total na MS, o que corresponde a um aumento de 47%. O N-protéico, porém, apresentou aumentos de 58%, enquanto que o N-não-protéico se elevou em 24%.

Nesse trabalho, os aumentos em N-não-protéico foram menores que para N-protéico, mostrando que houve acúmulo de proteína verdadeira. No entanto, em sistemas adubados com plantas tropicais é comum o aumento da fração não protéica, uma vez que essas plantas apresentam menor capacidade de síntese de proteína. Desse modo, é comum a obtenção de níveis protéicos acima de 10-12% em plantas tropicais com adubações desequilibradas, sendo encontrados valores por volta de 18-20%. Porém, boa parte dessa proteína é N-não-protéico, ou seja, proteína de pior qualidade.

Trabalhos com a descrição das frações nitrogenadas em plantas tropicais são poucos, porém essas análises podem ser feitas em laboratórios de bromatologia. O acompanhamento dessas análises pode ser útil, definindo melhor níveis de adubações e até mesmo suplementações de alimentos a pasto.

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