Na luta para impedir a reintrodução do vírus da febre aftosa nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Ministério da Agricultura determinou a desinfecção dos calçados de todos os passageiros de vôos internacionais que desembarcam no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. A medida afeta, principalmente, linhas aéreas que ligam cidades argentinas à capital gaúcha, embora Porto Alegre receba também vôos de Paris, Montevidéu e Santiago do Chile, segundo informa reportagem de Ayr Aliski e Cibelle Bouças, publicada hoje na Gazeta Mercantil.
Foi instalado um tapete de esponja embebido em solução com iodo, mistura eficiente para eliminar o vírus da aftosa – chamado de “pedilúvio”. Na fronteira gaúcha com Argentina e Uruguai, passageiros de carros, ônibus e caminhões também passam pela desinfecção, enquanto os veículos passam pelo “rodolúvio”, com a passagem dos pneus em solução de iodo.
Na sexta-feira passada, o Ministério da Agricultura anunciou a saída de Hamilton Farias da chefia do Departamento de Defesa Animal (DDA), órgão vinculado à Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). Farias seguirá para Delegacia de Defesa Agropecuária (DDA) de Santa Catarina, onde trabalhará no Serviço de Sanidade Animal.
O DDA será coordenado por Paulo Lourenço da Silva, mineiro de Uberlândia com 45 anos. O secretário-executivo do ministério, Márcio Fortes, afirmou que Silva, professor universitário, já havia trabalhado com o governo como consultor da Embrapa na área de aves e suínos e como coordenador no treinamento de veterinários. Paulo Lourenço da Silva tem especialização em epidemiologia, mestrado em medicina veterinária preventiva e doutorado em genética molecular.
No dia em que o chefe do DDA se desligava do cargo, a Confederação Nacional de Agricultura (CNA) denunciava novos problemas com o controle da febre aftosa na Argentina. Segundo o coordenador do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, há na Argentina laboratórios trabalhando com a manipulação de vacinas contra a febre aftosa utilizando vírus exóticos trazidos da Ásia. “O fato é gravíssimo e pode comprometer os programas de combate à doença na América do Sul, afirmou Nogueira.
A venda de vacinas contra febre aftosa nos meses de janeiro e fevereiro cresceu 17% em relação ao mesmo período de 2000, afirma o vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), Sebastião da Costa Guedes. As vendas no período somaram 22,7 milhões de doses, ante as 19,4 milhões registradas em janeiro/fevereiro de 2000. “Há uma maior demanda por parte dos estados que aplicam a vacina”. Na primeira quinzena deste mês, foram vendidas 8 milhões de doses.
(Por Ayr Aliski e Cibelle Bouças, para Gazeta Mercantil, 19/03/01)