O grande aumento da cotação do dólar, iniciado em maio, devido à crise energética e às incertezas em torno da economia argentina, ampliou os ganhos dos exportadores de carne bovina sobre a remuneração alcançada no mercado interno. Segundo a FNP Consultoria, o preço da arroba para o exportador ontem estava em R$ 55, 53% a mais que a remuneração média conseguida pelos frigoríficos brasileiros, de R$ 36 em equivalência-arroba. Como frigoríficos compram o boi a R$ 42 a arroba, para pagamento em 30 dias, sobram R$ 14. Não se sabe qual parcela desse ganho é destinada ao acerto de gastos com despachos aduaneiros e encargos financeiros, entre outros, e o que sobra de lucro. Normalmente, custos operacionais são cobertos com venda de couro, sebo, vísceras e ossos.
Por outro lado, o mercado interno de carnes está bastante fragilizado, devido à crise de energia e aos sinais de recessão, tendo havido uma queda na demanda, que deve estar de 2 a 3% inferior ao ano 2000, segundo informou José Vicente Ferraz, diretor da FNP. Dessa forma, o preço da carne está em torno de R$ 41,50 a R$ 42 a arroba, frustrando a expectativa de crescimento do mercado interno para 2001, fazendo com que frigoríficos que não atuam no mercado externo trabalhem no vermelho.
A carne brasileira tende a ganhar mercado a médio e longo prazos, devido aos problemas sanitários enfrentados por países produtores, principalmente a doença da ‘vaca louca’ na Europa e a febre aftosa na Argentina e Inglaterra, segundo uma fonte de um frigorífico exportador. O Egito e a Alemanha – que não tinham tradição em adquirir o produto brasileiro – estão entre os mercados que a carne brasileira pode ganhar. Com a redução da oferta da Europa e da Argentina, esses países acabaram comprando e aprovando o produto brasileiro.
fonte: Gazeta Mercantil (por José Alberto Gonçalves e Paulo Soares), adaptado por Equipe BeefPoint