Carla M.S. Pedreira 1
3. EFEITOS SOBRE A PRODUÇÃO ANIMAL
Os agentes anabólicos exercem influência positiva no metabolismo intermediário aumentando os processos anabólicos ou reduzindo os catabólicos . Dessa forma, o balanço entre formação e degradação dos constituintes do organismo é favoravelmente afetado.
Como resultado, aumentam a eficiência alimentar, ganho diário, melhoram a conversão alimentar ou mantêm a qualidade da carne e a composição da carcaça. A seguir, observamos uma tabela referente ao sumário de experimentos realizados com novilhos que foram implantados com anabolizantes e suas características da carcaça.
Sumário de 4 experimentos sobre as características da carcaça de novilhos implantados
Con= controle não-implantado; Syn= Synovex-S inicialmente; Ral= Ralgro inicialmente; Mag= Magnum inicialmente; Rev (50)= Revalor-S reimplantado após 50 dias; Rev (75)= Revalor-S reimplantado após 75 dias.
4. RISCOS À SAÚDE HUMANA
Como todo produto controlado, os anabolizantes também apresentam prazo de carência (tempo após a aplicação para que os produtos de origem animal possam ser consumidos sem terem resíduos acima das quantidades permitidas). Apenas 1% fica presente no animal. As menores concentrações de resíduos são achadas no músculo e gordura, concentrações medianas estão presentes no fígado e rins, e as maiores concentrações se encontram na bile, urina e fezes (HEITZMAN,1983).
Para a avaliação, aprovação e fiscalização do uso dos anabolizantes, o FDA (Food and Drug Administrarion) segue as quantidades normalmente encontradas em alimentos e aquelas quantidades produzidas diariamente pelos seres humanos. O que observamos é que muitas vezes os alimentos possuem altos níveis de hormônios próprios (por exemplo, a soja com seus fitoestrógenos) do que os anabolizantes vendidos comercialmente.
Atividade estrogênica em diversos alimentos
Programas de controle de resíduos em alimentos são estabelecidos em diversos países, seguindo normas regulamentares próprias e/ou recomendações da comissão do Codex Alimentarius (FAO/OMS). No Brasil, as normas seguidas são aquelas recomendadas pelo Codex Alimentarius, em que as coletas de amostras suspeitas são feitas no momento do abate do animal (coleta de tecidos e fluídos corporais), ou nas propriedades rurais (fluídos corporais e fezes de animais vivos), ou ainda em portos de entrada nos produtos importados. No caso destas análises detectarem violação, o lote de animais ou carcaça amostrada será interditado até a realização de nova análise laboratorial que apresente resultado negativo, e o proprietário dos animais e/ou carcaças deverão pagar multa por violação da lei. A partir de 1999 tornou-se crime hediondo o uso de anabolizantes no Brasil (MAARA, 1994).
5. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BOTTS, R.; ANDERSON, P.; DeHAAN, K. (1997). Growth stimulants: compounds, concentrations, combinations and regulations. In: Impact on Performance and Carcass Value of Beef Cattle, Oklahoma State University, 1997. Symposium. EUA:Oklahoma State University, 1997. p.10-14 .
GRIFFIN, D. M., MADER, T. (1997). Beef cattle implant update. http://www.ianr.unl.edu/pubs/Beef/g1324.htm, : 8.
HEITZMAN, R. J. (1983). The absorption, distribution and excretion of anabolic agents. Journal of Animal Science, 57(1): 233-238.
LIMA, M. L. P.; LEME, P.R.; FREITAS, E.A.B.; MOURA, A.C. (1998). Aditivos e promotores de crescimento na produção de bovinos de corte. Nova Odessa: Instituto de Zootecnia, 1998. (Boletim Técnico, 39).
MAARA (1994). Relatório apresentado pelos membros da comissão nominada pelo ministério da agricultura, do abastecimento e reforma agrária através da portaria No 51, de 09/02/94, sobre o uso de promotores de crescimento hormonal em pecuária de corte. 130 p.
RAUN, A. P.; PRESTON, R.L. (1997). History of hormonal modifier use. In: Impact on Performance and Carcass Value of Beef Cattle, Oklahoma State University, 1997. Symposium. EUA:Oklahoma State University, 1997. p.1-9 .
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1. Aluna de Pós-graduação (Doutorado), Departamento de Produção Animal, USP-ESALQ – Piracicaba – SP. Bolsista FAPESP