O Governo argentino está disposto a recuperar as exportações de carne aos mercados da União Européia, Israel, Chile e Brasil, perdidas após o reaparecimento da febre aftosa no país. Foi o que afirmou o secretário da Agricultura da Argentina, Marcelo Regúnaga, durante uma coletiva à imprensa, quando falou também sobre a viagem feita aos Estados Unidos e ao Canadá para celebrar o acordo feito pela Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
O secretário admitiu, entretanto, que a retomada das vendas de carne aos mercados dos EUA e Canadá pode demorar de 1 a 4 anos. O objetivo agora é retornar ao status de país livre de aftosa com vacinação. O mercado europeu era um destino preferencial das carnes argentinas (as exportações passavam de US$400 milhões), o que ocorria mesmo quando o gado argentino ainda sofria com a aftosa.
Apesar de não descartar a possibilidade da retomada das exportações de carne para a União Européia dentro de dois meses, o secretário argentino da Agricultura disse que o governo prefere não levantar falsas expectativas com relação à pronta recuperação dos mercados. “Primeiro, devemos recuperar a confiança; não vai ser fácil, porque a Europa vive num estado de histeria”, disse ele. O secretário compartilhou a opinião de muitos analistas do setor, que disseram que a Europa vive um período de comparação dos efeitos da doença da vaca louca com os da aftosa. Segundo Regúnaga, as garantias sanitárias que a Argentina pode oferecer são melhores do que as da Europa, lembrando que a febre aftosa não é uma zoonose, enquanto que encefalopatia espongiforme bovina “é perigosa e contagia os seres humanos”.
Existe na indústria frigorífica argentina uma séria preocupação com relação à extensão da crise. A Câmara da Indústria de Comércio de Carnes e Derivados da República Argentina (Ciccra) estima que as perdas nas exportações de carne esse ano foram de mais de US$433 milhões.
O presidente do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa), Bernardo Cané, reuniu-se na última quinta-feira em Bruxelas com o diretor de Saúde e Proteção ao Consumidor da Comissão Européia, Alejandro Checchi Lang, e funcionários do Comitê Veterinário Permanente, para oferecer todas as informações sobre a situação da enfermidade do país.
Cané, que estava acompanhado pelos ministros da Agricultura de Santa Fé, Miguel Paulón, e da Produção de La Pampa, Néstor Alcalá, entre outros funcionários, comprometeu-se a enviar dados adicionais do país, no prazo de 30 de abril a 11 de maio.
Biotecnologia
Regúnaga informou também que se reunirá com a secretária da Agricultura dos EUA, Ann Venemann, para informá-la sobre o novo plano de combate à enfermidade, que objetiva a vacinação de todo o rebanho do país. Além disso, entre outros assuntos, será reafirmada a posição dos países do Mercosul em não admitir que o governo norte-americano continue com sua política de subsídios no setor agrícola, oferecendo, porém, a possibilidade de que seja feita uma aliança estratégica no setor de biotecnologia agrícola.
fonte: La Nación, por Equipe BeefPoint